22/12/08

O Natal e as crianças

Alguns símbolos que hoje temos no Natal são universais.
Os presentes são uma característica simbólica do Natal e do Pai Natal.
Não é possível pensar no Pai Natal sem pensar nos presentes. E essa é a única maneira de compreender a situação de festa para as crianças.
Um presente é uma recompensa pelo bom comportamento da criança. Enquanto para os pais isso implica que a criança reconheça que se deve portar bem, a criança sabe que o Pai Natal não espera qualquer sentimento de gratidão. Assim pode aceitar presentes sem qualquer ambivalência. A criança, assim, nunca rejeita os presentes do Pai Natal
A prenda é presente, estar presente. E a presença é o mais importante.
E faz sentido acreditar no Pai Natal ?
O Pai Natal existe apenas para os pequeninos.
Nenhuma criança acredita que o Pai Natal traz presentes para dar aos pais.
Por isso as crianças vivem com alegria a festa do Natal e acreditam no Pai Natal como um momento de felicidade pessoal que por seu lado levam a que cresçam e sejam adultos com sentimentos antigos de felicidade e enriquecedores que serão benéficos para sua vida e para quando elas próprias também forem pais e mães.
À medida que a criança cresce, ela saberá quando o Pai Natal vai deixar de ter importância para ela.
Bettelheim refere o episódio de uns pais que quiseram dizer ao filho de 6 anos que o Pai Natal não passava de uma invenção e que era o tio que ali estava vestido de Pai Natal.
Então a criança quase a chorar exclamou: “porque é que o verdadeiro Pai Natal não veio ver a mim ?”
As explicações racionalistas dos adultos não têm em conta que a criança não tem idade para explicações abstractas acerca da verdade e do espírito de generosidade.
Porque é que o Pai Natal há-de descer pela chaminé quando tantas casas não têm chaminé?
E se o lume estiver aceso ? E se a lareira tiver cassete ?
E porque será que a magia do Pai Natal não pode superar estas dificuldades ? Para uma criança supera certamente.
Pelo que é pouco razoável querer uma festa infantil com as referências do adulto.
Piaget dá um excelente exemplo de como a criança desenvolve um conceito da realidade muito diferente do adulto.
Quando passeava com o seu filho pequeno no jardim, por detrás de sua casa perguntou-lhe: onde está o papá ?
A criança apontou o escritório onde o pai trabalhava.
O papá de carne e osso e o papá de espírito podem ter existências independentes.
É também por isso que há tantos pais natais na rua e nas lojas e isso não é problema para a criança.
É por isso também que o mesmo Pai Natal pode trazer tantos presentes para todas as crianças do mundo
È esta a força do mistério e da magia do Pai Natal.
Na separação que a criança faz entre a ideia abstracta do Pai Natal e da sua personificação física.
“As crianças a quem se disse demasiado cedo que não existe Pai Natal, que foram criadas não com histórias de fadas mas com histórias realistas, tornam-se na altura da universidade crentes na astrologia… ou estudam as cartas do Tarot, que predizem o futuro. Empenham-se assim numa forma de pensar mágica. Estes adolescentes tentam recuperar aquilo que perderam numa idade mais precoce” (B. Bettelheim).

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