25/03/23
24/03/23
Respeitar os idosos
15/03/23
Nem clericalismo nem clerofobia (2)
Até para a semana.
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1. Luís Machado de Abreu.2. Duarte, Ricardo Diogo Mainsel, (1910-1917): Violência anticlerical na I República perspectivas antropológicas e historiográficas.
3. José Carvalho - Anticlericalismo/anticatolicismo e clericalismo/catolicismo em Portugal nas vésperas da I República (1881-1910) – breve panorâmica histórica, Faculdade de Letras da Universidade do Porto; José Adelino Maltez, Tópicos políticos (2004) - Anticlericalismo, o que é?
4. A classificação dos delinquentes segundo Lombroso.
05/03/23
António Salvado (1936-2023)
SE QUISERES LEMBRAR...Se quiseres lembrar o que perdidoestá aviva o sangue flutuanteque no entanto ainda jaz nas veias.Não servirá - tu saberás - de alívioo perseguir aquelas marcas vãsporque o que foi não ganha novo enleio.Indecisões? Um prémio passageiro?Um sol brilhante que escondeu enganos?
António Salvado, Repor a luz
03/03/23
Nem clericalismo nem clerofobia
É muito curioso o pedido que os irmãos Tiago e João, seguidores de Jesus, Lhe fazem:
“Mestre, queremos que nos faças tudo o que Te pedirmos”...
“Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à Tua direita e o outro à Tua esquerda”.
Disse-lhes Jesus: “Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu vou beber e receber o batismo que Eu vou receber ? ”
Eles responderam-Lhe: “Podemos”.
Jesus disse-lhes: “Bebereis o cálice que vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu serei batizado; mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence concedê-lo. É para quem está reservado”.
Os outros dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
Jesus chamou-os e disse: “Sabeis como os governantes das nações fazem sentir o seu domínio sobre elas e os magnates a sua autoridade.
Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós faça-se vosso servo; e quem quiser ser o primeiro entre vós faça-se escravo de todos.
Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”. (Mt.20, 20-28)
O que está em jogo é o poder face aos outros, e mesmo face aos outros discípulos. A mentalidade de uns, os que fazem a petição, e outros, que os criticam, era idêntica: ter o poder.
Como ouvimos dizer, o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. Esta cultura só pode levar a abusos.
O clericalismo é o poder do clero na vida social, política e económica... é a conduta política que o clero de uma determinada religião manifesta para favorecer os seus interesses institucionais e materiais com o objetivo de incrementar o seu poder. (Wikipedia)
Face aos abusos sexuais verificados na igreja católica, o Papa Francisco culpou o "clericalismo" da Igreja Católica por criar uma cultura em que o abuso criminoso foi difundido e foram feitos extraordinários esforços para ocultar os crimes.
O clericalismo é também abuso de consciência. Cito J. M. Pereira de Almeida:
“Os abusos de consciência correspondem a todas as iniciativas daqueles que, exercendo um determinado poder, não respeitam a autonomia pessoal daqueles que se lhes confiam. E, em vez de os escutarem, de saberem dialogar com eles, numa atitude de serviço que caracteriza o ministério que exercem, mandam fazer, indicam como actuar, prescrevem medidas concretas. Apontando sempre (muitas vezes) para o bem ideal; em vez de ajudarem cada uma das pessoas que lhes são confiadas a decidir livre e responsavelmente o que perceba ser o bem concretamente possível, para cada uma delas, nas circunstâncias concretas em que se encontra.” *
A alternativa a esta tentativa de poder, por parte de Tiago e João, e de todos os que querem exercer o poder, é a proposta do serviço: não vim para ser servido mas para servir. É a proposta apresentada a todos, clero e leigos, face ao exercício do poder: servir os outros a começar pelos mais vulneráveis.
Até para a semana
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* J.M. Pereira de Almeida - "Poder Clerical e Serviço"- comunicação apresentada no Encontro Nacional com as Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, Fátima 4 de fevereiro de 2023.
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24/02/23
Não à guerra
A invasão russa da Ucrânia levou milhões de ucranianos a abandonar o país nas semanas seguintes ao começo da ofensiva. Na imagem, uma lágrima rola pela face de uma jovem a bordo de um autocarro no posto fronteiriço de Siret, na Roménia REUTERS/CLODAGH KILCOYNE
23/02/23
Parentalidade na era digital
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15/02/23
"Dar voz ao silêncio"
Estou a ler o Relatório Final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa, divulgado a 13 de Fevereiro, em conferência de imprensa.
Merece ser lido com todo o cuidado tendo presente a complexa realidade que o problema da violência sexual representa.
Segundo o Relatório, foram validados 512 testemunhos, num total de 564 recebidos, entre Janeiro e Outubro do último ano, relativos a casos ocorridos nos últimos 72 anos (1950-2022). Estes testemunhos, apontam a uma rede de 4815 vítimas. 25 casos foram enviados ao Ministério Público.
Por reduzidos que fossem, os resultados do estudo seriam sempre uma “monstruosidade”, para usar o termo do Papa Francisco. Estes resultados são preocupantes tal como as enormes consequências/tarefas que resultam deste processo porque como diz o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, a Igreja não quis fazer “um teatrinho” com este procedimento. Se bem entendo, o que se pretendeu foi, certamente, saber a dimensão do fenómeno da violência sexual na Igreja e querer assumir todas as consequências que daí resultam.
De facto, as "Notas finais e recomendações", apresentadas no Relatório, são todo um extenso programa de reflexão, análise e de propostas de intervenção para os vários anos que se seguem.
Algumas tarefas são urgentes como as que dizem respeito à reparação devida às vítimas, fazendo justiça reparativa e proporcionando os apoios psicológicos de que necessitam. Mas também, adoptar todas as medidas de prevenção para que não haja possibilidade de continuação dos abusos.
O Relatório indica uma grande diversidade de medidas preventivas e formativas. São em meu entender medidas que também se devem aplicar a outros espaços e instituições frequentadas por crianças, como escolas, instituições desportivas, de lazer e de férias... Dá como exemplo: a necessidade de controlar os antecedentes criminais de quem vai trabalhar com crianças e adolescentes, impedir que quem seja suspeito nesta matéria possa actuar na proximidade das crianças...
Há que continuar a fazer mudanças no relacionamento educativo que temos com as crianças e jovens desde logo a mudança de cultura que coloque a criança no lugar central onde sempre devia ter estado, principalmente a partir Declaração e da Convenção dos Direitos da Criança.
Destaco algumas medidas de grande relevância para esta perspectiva de mudança:
- A formação específica nesta área da violência sexual.
- O desenvolvimento de competências parentais relacionadas com o tema.
- O "reforço do papel da Escola e da «educação para a sexualidade», em articulação e respeito com as diversas singularidades das famílias e seus contextos socioculturais." (Lei 60/2009, de 6 de Agosto).
- Uma proposta particularmente relevante sugerida no Relatório, é a da realização de um Estudo sobre os abusos sexuais na sociedade portuguesa. *
No fim de contas, foi positivo que a Igreja portuguesa, através da Conferência Episcopal, se tivesse aventurado nesta floresta fechada dos abusos sexuais. O trabalho da Comissão Independente, assim como o trabalho que está a ser desenvolvido pelas Comissões Diocesanas de Prevenção e Protecção, a nível nacional, estimula à lucidez, à bondade e ao perdão, num assunto que tem sido tão ocultado, silencioso e perturbador.
Até para a semana.
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14/02/23
Namorados
"Meu bem-amado disse-me:
"Levanta-te, minha amiga,
vem , formosa minha!
Eis que o inverno passou,
cessaram e desapareceram as chuvas.
Apareceram as flores em nossa terra,
voltou o tempo das canções.
Em nossas terras já se ouve
a voz da rôla.
A figueira começa agora a dar seus figos
e a vinha em flor exala o seu perfume.
Levanta-te, minha amada amiga,
e vem comigo, formosa minha!
Minha pomba, oculta nas fendas do rochedo,
e nos abrigos das rochas escarpadas,
mostra-me o teu rosto,
faze-me ouvir a tua voz.
Tua voz é tão doce,
Tão delicado o teu rosto!"
(Cant 2, 10-14)
O Novo Catecismo - A Fé para adultos, Herder, p. 446. Também conhecido como Catecismo Holandês)
09/02/23
Onde estás felicidade ?
Depois de um terrível século XX, como entender o que se passa no início deste século em que o Caos parece reinar em relação à Ordem, com as várias catástrofes que têm vindo a acontecer: as guerras, como na Ucrânia, a pandemia e agora o terramoto na Turquia e Síria?
Somos motivados com frequência, pela publicidade, pelos livros de auto-ajuda, etc., nas mais diversas circunstâncias da vida a buscar a nossa própria felicidade. Ora mesmo nas coisas mais simples da vida sabemos que assim não é. Como diz a canção de Madalena Iglésias: “Onde estás felicidade que não te encontrei?”
Então de que felicidade se trata ?
Jordan Peterson (12 regras para a vida - Um antídoto para o caos) questiona que a felicidade seja o objetivo mais ideal para a nossa vida, pois sabemos que o sofrimento faz parte dela, e propõe entender a felicidade num sentido mais profundo.
Constatou que as grandes histórias do passado tinham mais a ver com o desenvolvimento do carácter face ao sofrimento do que com a felicidade.
A vida tem os dois lados: Ordem e Caos. Ordem “quando as pessoas ao nosso redor agem de acordo com normas sociais bem definidas, comportando-se de forma previsível e cooperante”; Caos é onde – ou quando - acontece algo inesperado” como a guerra ou perder o emprego...
Como organizar-se mentalmente do ponto de vista individual, familiar e social? De facto, “as pessoas necessitam de princípios ordenadores, caso contrário, surge o caos. Precisamos de regras, padrões, valores - individualmente e em conjunto.” (p.17)
O ser humano procura a felicidade mas neste sentido mais profundo que envolve os momentos difíceis da vida, que existem, e sabemos que podem ser superados. Quando parece que tudo está perdido uma nova ordem pode surgir da catástrofe e do caos, sem nos deixarmos submergir no niilismo ou na ordem excessiva e rotineira da normose.
Aprendemos com as experiências vividas por nós, observadas nos outros, de que a vida é constituída por ordem e caos.
Para Jordan Peterson podemos criar a ordem a partir do caos e vice-versa. E escreve: “Nos meus momentos de maior escuridão, no submundo da alma, dou por mim frequentemente assombrado e maravilhado pela capacidade das pessoas para fazerem amizades, para amar o seus parceiros e pais e filhos, e de fazerem o que devem para manter a maquinaria do mundo a funcionar.
Acredito que este tipo de heroísmo quotidiano é a regra e não a exceção. A maioria dos indivíduos tem de lidar com algum problema de saúde enquanto continua a ser produtivo sem se queixar. Se alguém tem felicidade de desfrutar de um raro período de graça e saúde impecável, então, é provável que haja algum membro da família que atravesse uma crise. No entanto, as pessoas prevalecem e continuam a fazer tarefas difíceis, que exigem esforço, para se manterem unidas à família e à sociedade ... Merecem por isso uma admiração genuína e sentida...” (p. 92)
É esta Ordem que temos visto, e esperamos continuar a ver, no Caos do início deste século.
Até para a semana.