23/02/23

Parentalidade na era digital



O exercício da parentalidade sempre passou pelas dificuldades próprias de qualquer processo de comunicação entre pais e filhos. Como sabemos, no processo de desenvolvimento infantil e juvenil há subtilezas de comunicação para que um diálogo responsável e eficaz, entre pais e crianças ou adolescentes, tenha lugar.
Além disso, vivemos hoje um processo completamente novo: a sociedade digital, para além das imensas vantagens, também apresenta dificuldades e riscos online. Como lidar e como explicar às crianças e adolescentes a violência da guerra, a violência sexual, a violência da fome, da doença, resultantes de causas naturais ou do próprio homem?
As crianças têm acesso a plataformas e conteúdos deste tipo, em qualquer altura do dia, em qualquer lugar. Basta que estejam ligados à internet. Muitas vezes sem possibilidade de enfrentar os perigos que estão envolvidos. Um desses perigos é o da violência sexual. 

Numa perspectiva de prevenção da violência sexual, o papel dos pais é fundamental. Para ajudar os pais nesta tarefa educativa foi publicado pelo Conselho da Europa, o manual Parentalidade na era digital - Orientação parental para a proteção online de crianças contra a exploração sexual e o abuso sexual, de Elizabeth Milovidov. 
Trata de cinco formas de violência sexual online:
- Exploração sexual de crianças e adolescentes online (sextortion); 
- Imagens e materiais sexualmente explícitos com crianças/adolescentes gerados pelas próprias crianças/adolescentes (sexting); 
- Chat de teor sexual (sex-chatting); 
- Aliciamento (grooming); 
- Imagens sexualizadas utilizadas como vingança (“pornografia de vingança”). 

Para a compreensão e intervenção neste assunto, devemos ter, também aqui, uma perspectiva desenvolvimentista.
As crianças com menos de 8 anos podem não ser tão activas online como as crianças mais velhas ou adolescentes, mas os pais não devem deixar de estar atentos ao tempo que elas passam em frente do ecrã ou à adequação dos sites e jogos. 
As crianças dos 9 aos 12 anos aventuram-se online, e por isso a orientação parental nestas idades é muito importante.
Os adolescentes dos 13 aos 17 anos podem correr outros riscos, porque utilizam mais a internet.
De uma maneira geral devemos ter presente que
- Não adianta proibir os filhos de aceder à internet, porque irão fazê-lo de qualquer forma e sem o seu conhecimento, o que pode envolver mais riscos.
- Não tenha receio de dizer não: Não devem partilhar essas imagens; não devem tirar fotografias ou vídeos de natureza sexualmente explícita para enviar a um namorado, namorada ou a qualquer outra pessoa.
- Estabeleça laços de confiança, para que os seus filhos venham ter consigo e peçam ajuda se acontecer alguma coisa. 
- Com os mais velhos faça um acordo sobre a utilização de tecnologias de informação.
- Preste atenção aos sinais: como seu filho adolescente interage com a tecnologia: fica mais agitado, irritável, zangado ou reservado? 

Portanto, o “segredo” da intervenção dos pais em relação à utilização da Internet está, como não podia deixar de ser, no diálogo sobre o que estão a fazer, em estar atento aos sinais e, sempre, sempre, em dar apoio aos filhos.


Até para a semana.


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* Sobre o assunto ver também em  Violência sexual online.



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