19/02/19

ADSE


1. As notícias sobre o sector da saúde, da greve dos enfermeiros à falta de medicamentos nas farmácias, não têm sido tranquilizadoras para os portugueses. O mesmo acontece para cerca de 1,2 milhões de portugueses que integram o subsistema de saúde dos funcionários públicos conhecido por ADSE.
Dados oficiais (2016)  dão conta de que dos cerca de 1,2 milhões de beneficiários,  850 mil são titulares no activo e aposentados e os restantes são familiares de titulares, a quem se estendem os benefícios da ADSE.
“Dos cerca de 1,2 milhões de beneficiários do subsistema, 900 mil (75%) recorreram ao regime convencionado no ano passado (2018).”

Estas pessoas, quase um milhão, a não serem resolvidos os problemas entre a administração da ADSE e os hospitais e serviços de saúde privados "perdem num ápice 69 pontos de apoio médico em todo o território." (Convenções - ADSE perde acordo com 69 unidades de saúde)

A ADSE é um subsistema de saúde  pago com o dinheiro dos contribuintes que a ele aderiram. O Estado apenas administra e deve gerir financeiramente de forma racional as verbas que lhe são confiadas para a prestação de cuidados de saúde aos seus contribuintes e beneficiários. Por isso, cabe-lhes resolver o assunto, por mais conflituoso que seja, de forma racional e não fazer braços-de-ferro, com base em ideologias conjunturais, que passam à medida que os governos se desfazem ou os ministros desaparecem.

2. Permitam-me uma nota pessoal. Há mais de 40 anos que desconto mensalmente para a ADSE garantindo assim o direito à prestação de cuidados de saúde. Praticamente durante a minha vida profissional nunca necessitei de utilizar os serviços de saúde através deste subsistema. Porém, ultimamente e, devido aos problemas de saúde que vão surgindo com a idade, tenho recorrido à prestação de cuidados de saúde através da medicina convencionada, como a ADSE ou através de médicos privados com  reembolso de parte das despesas efectuadas.
Por várias razões, escolhi – e poder escolher já é uma grande vantagem - o Hospital da Luz, em Lisboa para prestação desses cuidados.
Tenho sido atendido de forma irrepreensível por todos os profissionais, administrativos, médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar.
Após uma intervenção a que fui submetido, fiz questão de agradecer o tratamento que me foi dado neste hospital e que mais uma vez aqui reitero. (Momentos)

3. Como utente dos serviços de saúde convencionados peço aos políticos que não brinquem com coisas sérias, como é o caso da saúde. Pouco interessa se a saúde é ou não um negócio. É tanto um negócio como tudo o que o ser humano necessita para viver, como a água a alimentação, todos os motivos básicos de preservação e continuação da vida de que fala Maslow. 
O que é certo é que  sendo ou não negócio, envolve mais de 11 mil milhões de euros, sendo a terceira maior despesa do Orçamento de Estado (2019), paga pelos nossos impostos.
As despesas com a ADSE deixam de concorrer para aquele orçamento, o que só por si já é uma enorme contribuição financeira para o Serviço Nacional de Saúde.
 
4. Também tenho recorrido, em situações de urgência, ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) através do Hospital Amato Lusitano, e devo dizer que dentro dos condicionalismos que todos conhecem, fui razoavelmente bem atendido, principalmente por parte das equipas de trabalho que, mesmo desfalcadas, conseguem dar o seu melhor para os doentes ultrapassarem o seu sofrimento.

5. Parece-me que a possibilidade de escolher estes recursos, estatais, privados ou sociais, pagos pelos nossos impostos ou pelos descontos para os diversos subsistemas de saúde, podiam perfeitamente conjugar-se para um Sistema de Saúde de qualidade que todos os portugueses merecem e pagam.

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