ZAZ - Si jamais j'oublie
Se eu me esquecer
Lembra-me o dia e o ano
Lembra-me do tempo que fazia
E se eu o esqueci
tu podes fazer-me reagir
E se eu quiser ir embora
Fecha-me e deita a chave fora
Com doses de estímulos
Diz como eu me chamo
Se um dia eu esquecer as noites que passei
As guitarras e as vozes
Lembra-me quem eu sou
Porque eu estou viva
Se um dia eu me esquecer de como escapar
Se um dia eu fugir
Lembra-me quem eu sou
O que eu prometia a mim mesmo
Lembra-me de meus sonhos mais loucos
Lembra-me das lágrimas no meu rosto
E se eu esquecer do quanto eu amava cantar
Lembra-me quem eu sou
Porque eu estou viva
Lembra-me do dia e do ano…
A memória pode definir-se como a capacidade de armazenar, processar e recuperar informação que provém de todo o ambiente que nos rodeia captada pelas nossas capacidades sensoriais.
Tanto as lembranças ou recordações como os esquecimentos ou amnésias estão presentes na nossa vida. Todos nós já alguma vez percebemos que nos esquecemos de alguma coisa, como não nos lembrarmos onde deixamos as chaves de casa ou termos o nome de uma pessoa "mesmo debaixo da língua", ou como respondem os alunos, quando são interrogados pelos professores mesmo quando estudaram: "sei mas não me lembro".
Também é engraçado quando nos acontece que nos lembramos de que nos esquecemos de dar um recado, ou de dar os parabéns a alguém.
Os "lapsos de memória" acontecem com frequência e não me refiro àqueles falsos lapsos de memória que acontecem muitas vezes nos tribunais e nas comissões de inquérito parlamentar...
A idade tem influência na frequência dos esquecimentos ou vai tornando mais difícil as lembranças, embora esta dificuldade possa também afectar os mais jovens.
Muitos de nós têm a ideia de que se lembram de tudo o que ouvem ou fixam tudo o que vêem. No entanto, na realização de um teste psicológico de memória visual, como acontece no teste da Figura Complexa de Rey, acabam por verificar que afinal se esqueceram de muitas coisas, acrescentaram ou modificaram outras.
De facto, o processo de memorização envolve a complexidade do sistema nervoso, por um lado, e, por outro, a complexidade psicológica de todo o processo de aprendizagem, condicionamento operante, do tipo de tarefa e motivação e das emoções que acompanham a realidade da nossa vida.
Mesmo que não se atinjam situações tão graves como em algumas doenças em que se perde a própria identidade, à medida que envelhecemos os esquecimentos tornam-se uma realidade mais frequente. Cerca de 40% das pessoas com idade acima de 65 anos têm algum tipo de problema de memória, e a prevalência aumenta rapidamente com o aumento da idade.
Segundo um relatório da OCDE de 2017, em Portugal, 20 em cada mil habitantes sofrem de demência. Um valor acima da média da OCDE que está nos 15 casos por mil habitantes (Relatório Health at a Glance, 2017), “A prevalência da demência, cuja forma mais comum é a doença de Alzheimer, é um indicador para monitorizar a saúde da população idosa, acrescentando que o envelhecimento da população tornará a demência mais comum. E os países “com um envelhecimento mais rápido verão esta prevalência mais do que duplicar nos próximos 20 anos”. (Ana Maia, Público, 10/11/2017)
Há uma canção de Zaz -“Se eu me esquecer” - que expressa bem este esquecimento, a necessidade de compreensão e apoio.
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