05/06/17

Ambiente e saúde


Durante esta semana, a 5 de Junho, passa mais uma comemoração do dia mundial do ambiente. Como acontece com as comemorações de outros dias mundiais, desde o seu início, em 1974, o Dia Mundial do Ambiente tem servido para "sensibilizar, consciencializar, chamar a atenção, assinalar que existe um problema por resolver, um assunto importante e pendente na sociedade para que através dessa sensibilização os governos e os estados actuem e tomem medidas ou para que os cidadãos assim o exijam aos seus representantes" (ONU)
Passados 43 anos desde o início do dia mundial do ambiente podemos dizer que os progressos não foram grandes. Por exemplo, a semana passada falámos do problema ambiental relacionado com o Tejo, devido à poluição e à central nuclear de Almaraz, e do significado ecológico e cultural para as populações que vivem ou não na sua proximidade.
Não será por isso que as coisas deixam de ser o que são ou que o aquecimento global deixará de se verificar se nada for feito. Também aqui tem que haver alternativas e o importante é procurar chegar a acordo com todas as partes, realizar estudos aprofundados sobre as suas causas e sobre o que cada estado deve fazer e deve suportar para melhorar o estado do ambiente. Porque  o ambiente é assunto que diz directamente respeito à vida e à saúde das pessoas e não pode deixar de ser um problema actual e para as próximas gerações.
Uma grande e boa surpresa foi a publicação (2015) da Carta encíclica Laudato si, do Papa Francisco, sobre o ambiente e o cuidado da “casa comum”.
A questão inicial é "que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer ?"
No fundo é uma questão geral sobre o sentido da vida e sobre os valores que a fundamentam: « Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra?»
Francisco refere vários aspectos da actual crise ecológica: As mudanças climáticas, o acesso à água potável, a preservação da biodiversidade, a dívida ecológica.

Foi também uma boa  surpresa o livro de Manuel Pinto Coelho, Chegar novo a velho (2015) pela ligação que estabelece entre saúde ambiental e saúde individual, física e mental. Pinto Coelho  cita Francisco: “ a violência presente nos nossos corações está também reflectida nos sintomas da doença evidente no solo, na água, no ar e em todas as formas de vida” (p 154)
Nesta matéria, “a exposição ambiental às toxinas e metais pesados na nossa sociedade está a tornar-se uma condição clínica cada vez mais significativa nos dias que correm”.
Metais pesados como chumbo, mercúrio, arsénio, níquel, cádmio, alumínio e muitos outros, ou toxinas presentes praticamente em todo o lado: centrais eléctricas, automóveis, diesel, metalúrgicas e fundições, agricultura, esgotos, produtos de cosmética… constituem graves perigos para a saúde.

Francisco sabe que não é fácil reformular hábitos e comportamentos mas a «mudança nos estilos de vida», das pessoas, governos e  empresas, é o caminho.
Como em tantas outras situações, a educação e a formação são instrumentos centrais para essa mudança se concretizar.
Há esperança de que  cada um de nós comece por mudar a sua relação com o ambiente, nas pequenas coisas, como evitar o desperdício de água, luz ou alimentos.
Como diz Francisco: «nem tudo está perdido, porque os seres humanos, capazes de tocar o fundo da degradação, podem também superar-se, voltar a escolher o bem e regenerar-se ».

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