Para António Damásio, “as emoções são conjuntos complicados de respostas químicas e neurais que formam um padrão…são processos biologicamente determinados, dependentes de dispositivos cerebrais estabelecidos de forma inata e sedimentados por uma longa história evolucionária…” (O sentimento de si, p 72)
Podemos falar da existência de emoções primárias, básicas ou universais, de carácter inato, e de emoções secundárias ou sociais, resultantes de aprendizagem, sendo que cada emoção contribui para a adaptação do indivíduo ao ambiente em que vive.
Para Paul Ekman existem seis emoções básicas que todos os seres humanos são capazes de expressar na sua cara, bem como todos nós somos capazes de entender o que significam: tristeza, medo, surpresa, repulsa, raiva, alegria e emoções sociais ou secundárias (vergonha, inveja, ciúme, empatia, embaraço, orgulho e culpa).
Daniel Goleman refere as emoções destrutivas descritas pelo budismo, ou seja, as “seis angústias mentais principais”: o apego ou desejo, a ira (que inclui a hostilidade e o ódio), a soberba, a ignorância e a ilusão, a dúvida angustiante e as opiniões angustiantes. (Emoções destrutivas e como dominá-las, p. 139)
As emoções são de cada pessoa. Podemos pensar que elas podem ser desencadeadas por causas externas mas as emoções estão dentro de nós, isto é, somos nós, o nosso pensamento e a nossa imaginação que as torna mais ou menos importantes para nossa vida.
O poder das emoções na nossa vida é imenso, para não dizer que são elas que comandam a nossa vida e nos fazem tomar decisões. Sermos felizes ou não depende delas. As emoções podem dar qualidade de vida ou tirá-la.
O medo, por exemplo, é importante porque ajuda na nossa sobrevivência. Por outro lado, pode deixar-nos pouca qualidade de vida quando nos invade a ponto de deixarmos de ser capazes de fazer a nossa vida social. O medo faz-nos sofrer por antecipação e vivenciar situações desagradáveis que nunca vão acontecer.
O Natal é tempo de emoções fortes porque está mais presente a força dos laços familiares. A solidão e a tristeza são mais fortes. A recordação de momentos felizes e de momentos infelizes (lembrança encobridora) é mais profunda. Os símbolos de Natal estão por todo o lado e a mesa de Natal concentra todas as emoções deste tempo. Como no poema de David Mourão-Ferreira, "Ladainha dos póstumos Natais"(Cancioneiro de Natal):
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
…
O Natal é uma óptima oportunidade para mudar alguma coisa na nossa vida. É um bom momento para deixarmos de expressar as emoções negativas e destrutivas, em nós próprios, no nosso corpo e com os que nos são próximos, os filhos, os amigos, os colegas de trabalho...
Mudar, dando relevo às emoções positivas e em especial à alegria e à gratidão.
A alegria é uma emoção positiva que provoca bem-estar, satisfação e sentimentos positivos. A alegria vem da satisfação das necessidades do ser humano (Maslow) desde as necessidades mais básicas até à auto-realização.
A gratidão, é uma força de carácter (Seligman), é uma sensação de agradecimento, relacionada com a alegria, em resposta ao recebimento de um presente tangível ou a um momento de bem-estar e de paz que estamos a viver.
Desejo a todos um bom Natal.
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