“Atitude. maneira de estar numa situação.”* “A atitude (é) uma disposição relativamente persistente em apresentar uma reacção organizada de certa forma perante um dado objecto ou uma dada situação” (p. 9-10)
“Atitudes políticas são atitudes sociais formadas de acordo com as situações políticas que constituem situações sociais consideradas sob o ângulo do poder, isto é, do governo ou da sobrevivência da sociedade.” (p. 10)
Assim, espera-se que uma pessoa reaja de uma determinada maneira, pró ou contra, mais hostil ou mais favorável a um acontecimento familiar ou social.
Por vezes, atitudes e comportamentos ultrapassam as expectativas que tínhamos das pessoas, seja na perspectiva positiva seja negativa, o que até pode fazer-nos mudar a opinião acerca delas. “Não esperava isso de ti” ou “esperava isso de toda a gente, menos de ti .”
Nas relações sociais e políticas estamos sempre a surpreender-nos com as atitudes políticas. O que faz com que, numa situação de cortesia mais do que de política partidária, os deputados de um partido (BE) fiquem sentados quando todos os outros se levantam ? O que faz votar ou mesmo abster-se **, uma moção de pesar pelo falecimento de um ditador?
No fundo, o que nos leva a ter uma determinada atitude política e não outra? Há vários factores que podem explicar as atitudes, como: o peso da experiência: o autoritarismo parece resultar da experiência individual das relações de autoridade; a influência de factores socioeconómicos, pertença a grupos organizados, clube, sindicato, igreja… ; influência de factores biológicos como a a idade ou o sexo…
No entanto, o processo de socialização e as aprendizagens que o envolvem são fundamentais para a aquisição de atitudes sociais e políticas futuras: Há famílias onde os filhos podem ou não seguir as atitudes políticas dos pais. Os irmãos Portas estiveram em campos diversos, as irmãs Mortágua estão no mesmo.
Pode-se seguir um conjunto de atitudes estereotipadas de determinada sociedade (cassete) mas essas formas de estar podem ser exacerbadas ou mitigadas pelo grupo de referência e, felizmente, pela diversidade das posições de cada indivíduo na sociedade.
Costumamos dizer que as atitudes, ou as acções, ficam com quem as toma, isto é, cada um é responsável por elas. Ficam, de facto, com quem as toma mas isso não significa que se seja responsabilizado por elas, como acontece com as atitudes e comportamentos dos ditadores.
Não deixa de ser interessante, constatar que se quer legislar no sentido de desresponsabilizar os autarcas que tomem decisões que envolvam actos financeiros ilegais …
A atitude dos cidadãos não deixa de ser curiosa, tendo em conta a autoestima e heteroestima. Os equipamentos sociais e culturais, como monumentos, estações de caminhos de ferro, parques infantis, sinais de trânsito, e outros equipamentos públicos, são os que mais estão sujeitos à destruição... dos próprios cidadãos!
A parte boa é que também as boas atitudes e acções ficam com quem as pratica mesmo que não haja, quase sempre, qualquer reconhecimento por parte da sociedade ou das pessoas a quem se fez bem.
__________________________
* “Designa a orientação do pensamento, as disposições profundas do nosso ser, o nosso estado de espírito perante certos valores (esforço, dinheiro…), etc. Existem atitudes pessoais, em que está em causa apenas o individuo (as preferências estéticas, por exemplo) , e atitudes sociais ( as escolhas políticas), que têm incidência nos grupos. Mas o que caracteriza umas e outras é o facto de se tratar, sempre, de um conjunto de reacções pessoais a um determinado objecto: animal, pessoa, ideia ou coisa. O próprio sujeito aceita-as como fazendo parte integrante da sua personalidade, os que as tornam muito próximas dos traços de carácter. Quanto mais forte for o eu, mais as atitudes serão independentes, abertas e flexíveis; quanto mais frágil ele for, mais rígidas serão essas atitudes.” (Larousse - Dicionário temático - Psicologia, p. 33)
** O voto de pesar da autoria do PCP acabaria por ser aprovado com votos a favor de PCP, Bloco de Esquerda e PEV, votos contra de CDS e abstenção de PSD, PS e PAN. No entanto, mesmo entre a bancada socialista houve quem votasse contra este voto de pesar, como o deputado Ascenso Simões, e quem votasse a favor, como foi o caso do deputado Renato Sampaio. Na bancada social-democrata, apesar da abstenção generalizada, houve alguns votos contra.
No segundo voto de pesar, da autoria do PS, os deputados socialistas lamentavam o desaparecimento de um “estadista e dirigente histórico de Cuba, cujo percurso político alterou de forma decisiva o curso da vida do seu país”. (Observador, 29/11/2016)
Sem comentários:
Enviar um comentário