Há mais de cem anos, Sigmund Freud fez importantes descobertas sobre o psiquismo. A história da psicanálise começa em Abril de 1886 quando Freud se instala em Viena como especialista de doenças “nervosas” depois de ter trabalhado em Paris com Charcot. 
Perante a ineficácia dos tratamentos (electroterapia,
hidroterapia, hipnotismo) aplicados a muitos doentes que não sofriam de lesões
orgânicas, descobriu  a psicanálise como método
de estudo do comportamento humano, teoria do comportamento e método de
tratamento.  
Muitos comportamentos  e doenças
psicológicas passaram a ser compreendidas e vistas de outra maneira. Um dos casos que se tornou célebre foi o de Anna O.
que sofria de diversas perturbações (vómitos, incapacidade de beber água,
esquecimento da língua materna, paralisias). 
Entretanto, verificou-se grande evolução no tratamento das doenças nervosas mas os problemas psicológicos do ser humano continuam
a ser actuais, como acontece nas neuroses, casos borderline e psicoses. 
Giorgio Abraham, em O sonho do século, fez um retrato do que foi e é  a psicanálise e das evoluções que entretanto
se verificaram. 
A profunda reflexão sobre o inconsciente,
feita por Freud, veio dar-nos a real dimensão do que é a nossa vida
psicológica. Provavelmente, o inconsciente não é  o
dono tirânico e despótico da nossa vida psicológica mas é “uma parte submersa
do ser interior que contém as nossas forças mais genuínas e poderosas” (p 21) 
Freud viveu em Viena até 1938 quando, após o Anschluss (anexação
da Áustria pela Alemanha)  e em razão de
sua etnia judaica
se  refugiou em Inglaterra. 
Freud sofreu os  momentos angustiantes
vividos antes da 2ª guerra mundial mas,
falecido em Londres em  23 de Setembro de 1939,
a guerra tinha começado em 1 de Setembro do mesmo ano,  não viria a saber da violência de que seres humanos seriam
capazes, nos anos seguintes e, posteriormente, com o disseminar das guerras,
durante a guerra fria ou com o terrorismo bárbaro, sem regras e sem humanidade, em que não se respeitam convenções nem tratados internacionais e os assassinos podem exibir os
seus crimes nos media. 
Esperávamos outro futuro. Seria preocupação suficiente para a
nossa vida, conviver com o sofrimento insuportável da morte, da doença física e
psíquica. Podíamos ter dado uma oportunidade à paz. Podíamos
pensar que provavelmente a tarefa principal do ser humano fosse procurar por todos
os meios o bem-estar (Seligman). Mas, pelo contrário,  “... a violência não faz poupança." (pag.107). 
 
Os conflitos internos explicam os conflitos externos. As forças destrutivas
podem ser controladas pelos mecanismos de defesa. “Talvez a raíz profunda da violência
seja uma forma de pressa excessiva, um sinal da nossa incapacidade de espera,
uma inquietação perante o futuro, a expressão plena do medo da morte.” (p.108) Não evoluímos nesse sentido, pelo contrário as novas possibilidades
tecnológicas deram oportunidades de agir a crueldade em limites a que antes
não tinha chegado.  
“O sonho do século”, as descobertas de Freud,  as novas descobertas, como as das neurociências, as novas terapêuticas, a
compreensão dos conflitos internos, da angústia, e do tratamento das doenças psicológicas, mostram que  o horizonte, apesar de tudo, está aberto. As bases lançadas por Freud para
a compreensão do psiquismo continuam a dar-nos esperança de que o ser humano há-de,
alguma vez, viver "um século de sonho".   
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16/11/16
"O sonho do século"
Etiquetas:
LIBERDADE E DEMOCRACIA,
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Psicologia do desenvolvimento,
RÁDIO BEIRA INTERIOR - OPINIÃO,
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