13/04/16

"A idade é uma escolha"

Jane Fonda veio falar do envelhecimento activo e saudável, numa conferência designada “A idade é uma escolha”. Embora se trate de  uma campanha publicitária e de marketing - Age perfect - o que é importante é a oportunidade para falar do envelhecimento activo.
Todos admiramos as pessoas que como ela, com o decorrer da idade, mantêm uma vida activa muito relevante, mais social, como é o caso, ou mais escondida como é o da maioria dos cidadãos.
A Organização Mundial da Saúde define Envelhecimento Activo como o processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem. (WHO, citado por Francisco George, D-G da Saúde).
Neste âmbito, é incentivada a criação de projectos a nível das comunidades locais. Efectivamente, podemos criar muitos projectos para melhorar a vida activa das pessoas idosas mas, acima de tudo, há uma maneira de ver que tem de ser mudada para passar a ser uma maneira de ver os idosos como parte de um mundo inclusivo.


Escreve Maria Filomena Mónica que “A ideia de que apenas nos “lares” são os velhos maltratados é errada. A maior parte da violência passa-se, como sempre se passou, no interior da família: o número de crimes denunciados em que a vitima tem mais de 65 anos aumentou em anos recentes. São pessoas como nós, com vidas «normais», que espancam os pais e os avós… “ (A morte, pag. 50)
Vivemos num mundo globalizado, como mostra a conferência de Jane Fonda, mas importante é que esse mundo globalizado seja um a mundo inclusivo, um mundo amigo das pessoas idosas. Ora um mundo amigo das pessoas idosas “É um lugar que permite que as pessoas de todas as idades participem activamente nas actividades da comunidade. É um lugar que trata todos com respeito, independentemente da sua idade. É um lugar que torna mais fácil manter-se ligado às pessoas que estão à sua volta e àqueles que amamos. É um lugar que ajuda as pessoas a manterem-se saudáveis e activas mesmo nas idades mais avançadas. E é um lugar que ajuda aqueles que já não podem cuidar de si mesmos a viverem com dignidade e prazer.” (WHO)
Passei a minha vida profissional a defender um mundo amigo das crianças: Sempre percebi que a qualidade da infância significava também a qualidade da vida em todas as idades. O currículo universal de aprendizagem (UDL) é isso mesmo (David Rose): criar todas as condições para a inclusão de todas as crianças na escola.
Uma cidade amiga das pessoas idosas significa que eliminamos as barreiras físicas, arquitectónicas, para todos: crianças, pessoas com deficiência, grávidas, idosos, pessoas com saúde mais frágil ou doentes.
É uma cidade que cria percursos pedonais, ciclovias, paragens de autocarro sem barreiras, assim como autocarros com segurança para todas as pessoas: para os alunos que vão para a escola, para as mães que vão ao centro de saúde ou para os idosos que vão ao centro ao dia...
Mas muitas barreiras resultam simplesmente da maneira como pensamos o envelhecimento e da nossa forma de ver e tratar as pessoas mais velhas. A eliminação destas barreiras sociais e psicológicas é mais difícil mas não custa um cêntimo.

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