10/11/15

Pensamento negativo

Não me enganei. Quero mesmo falar do pensamento negativo. Habitualmente, falamos de pensamento positivo e, nas nossas conversas, principalmente quando estamos mais frágeis, ouvimos muitas vezes como incentivo “vá lá,  pensamento positivo!”.
Associamos normalmente pensamento positivo com optimismo e alegria e pensamento negativo com pessimismo e tristeza. Pensamento negativo é também confundido com maus pensamentos.
No entanto, não é bem assim. A psicologia positiva não é a mesma coisa que optimismo ou pensamento positivo, embora sejam aspectos fundamentais. O optimismo é um dos traços que provoca maior bem-estar nas pessoas, fazendo parte dos pilares da psicologia positiva (Seligman).
Seligman veio alertar e demonstrar, através da investigação científica, que é fundamental estudar e conhecer as forças e virtudes humanas que contribuem para as pessoas serem felizes.
Durante muitos anos a psicologia centrou-se nos aspectos da doença mental, e recentemente a psicologia do bem-estar veio centrar a psicologia, ciência do comportamento, no funcionamento optimista do ser humano, nas forças e virtudes do indivíduo e nas áreas fundamentais do bem-estar (emoção positiva, envolvimento, significado, realização pessoal, relações positivas).
No entanto, o pensamento negativo também é importante para a modificação cognitiva.
Os benefícios do pensamento negativo têm sido estudados e sabe-se que “algumas cognições focalizadas sobre a interpretação negativa dos acontecimentos pode ter um valor adaptativo”. 
Um exemplo disso é o que chamamos “condução defensiva”, que não é outra coisa que uma condução que depende do pensamento negativo.
Se vemos um carro a baixa velocidade à nossa frente que não faz um sinal que devia fazer, podemos pensar que se trata de alguém que não conhece o local ou que esta com algum problema pessoal. Mas também posso pensar que os condutores tem obrigação de saber circular sem dificuldade e que está tudo bem…
Numa pessoa ansiosa sempre que um pensamento negativo é identificado, o terapeuta não tem “como fim apenas a sua substituição por um pensamento positivo mas antes procurar investigar se esse pensamento negativo tem justificação e como ele pode ser modulado ou contrabalançado por interpretações mais positivas ou neutras”.
É assim necessário procurar um equilíbrio entre pensamentos negativos e positivos resultante do nosso diálogo interno que pode ser positivo, de conflito, negativo e anormalmente positivo. 
É positivo quando do nosso diálogo interno temos mais pensamentos positivos do que negativos. É o funcionamento normal do nosso pensamento.
Há conflito quando nos confrontamos com metade de pensamentos positivos e metade de pensamentos negativos. Ainda nos podemos conservar adaptados mas, certamente, com alguma ansiedade.
Negativo, quando temos mais pensamentos negativos do que positivos. Estamos num estado de ansiedade e depressivo severo, comprometendo a nossa integração no meio em que vivemos.
Finalmente, o pensamento é anormalmente positivo em situações patológicas como nos estados maníacos das perturbações obsessivo-compulsivas (poc). A alegria e euforia são patológicas.
Os pensamentos negativos têm importância face a um mundo que não é, propriamente, um mar de rosas e onde, facilmente, apenas se podem considerar felizes, como diz o povo, “os patetas alegres” ou “os contentinhos da silva”.
Dito isto, também sabemos que a melhor atitude mental é ter sempre uma visão positiva da realidade dos factos da nossa vida.

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