07/04/15

A renúncia, o número dois e o futuro


Finalmente, depois de ter "a casa arrumada", renunciou no dia 1 de Abril. Não pelo princípio de ser eticamente relevante continuar a ser presidente da Câmara de Lisboa e, simultaneamente, dedicar-se em pleno à campanha eleitoral mas como aqui se diz:  A saída da Câmara era óbvia para quem é líder do PS e quer ser primeiro-ministro. Mas Costa não soube controlar os acontecimentos e sai numa altura em que estava envolvido em polémicas na Câmara e quando o PS tarda em descolar nas sondagens.
Tem muita "sorte" porque para um ser mortal, mal começa o dia começa a desarrumação. A vida é desarrumação. O pensamento é desarrumação, constantemente à procura de estar arrumado e equilibrado. Num mundo complexo como aquele em que vivemos é nessa procura que estamos: equilíbrios e desequilíbrios permanentes. Para quem pensa, a casa nunca está arrumada.
Mas, em Lisboa, podemos estar descansados. Está tudo no seu lugar. O dois vem a seguir ao um e a noite vem depois do dia...

2. Quanto ao número dois (aqui e aqui ) traz-nos à memória a pouca "sorte"de Santana Lopes que estava "diminuído na sua autoridade" por não ter sido eleito. E agora? Lembra bem este comentador.
«Mário Soares, ex-primeiro-ministro, ex-Presidente da República, e frequentemente referido como o “Pai da democracia portuguesa” criticou ontem, em declarações ao jornal espanhol ‘El Mundo’, o facto de Jorge Sampaio ter conferido posse a Santana Lopes, sem dissolução do Parlamento e realização de eleições, quando Durão Barroso abandonou o cargo de primeiro-ministro para assumir a Presidência da Comissão Europeia, em Julho passado.»
«O líder o PS, José Sócrates, discordou hoje do Presidente da República sobre a legitimidade do Governo ao afirmar que o primeiro-ministro “está diminuído na sua autoridade” por não ter sido eleito. Este primeiro-ministro não foi votado pelos portugueses. Está sempre diminuído na sua autoridade porque não foi a votos e só a legitimidade política dá a autoridade”, afirmou José Sócrates, numa reacção à entrevista que o Presidente da República, Jorge Sampaio, deu na sexta-feira à Antena 1 e que foi hoje transmitida.»
Portanto, são questões de princípio, que no PS é conforme o caso. Já foi assim com Sampaio-Soares em Lisboa e com Gomes-Cardoso no Porto.
3. Costa fala de tudo e de nada e andará pelo insulto aos que lhe não agradam como é o caso dos "partidos políticos de aviário".
Ninguém tem que concordar com os seus princípios, propostas, intervenções mas a renovação, a criação de partidos não será própria da democracia ? Como qualquer organização, os partidos não nascem e morrem ?
O mesmo maniqueísmo: já tínhamos os de esquerda e de direita, os do progresso e os conservadores e agora passamos a ter os de aviário e os outros...
Mas o aviário é um bom mote para quem, eventualmente, vai ter de partilhar o poleiro, quem sabe, com um dos partidos... de aviário.
A política não é também a capacidade de fazer coligações ? O país tem de ficar sem governo quando o voto popular, sabiamente muitas vezes, não entrega maiorias absolutas a quem não quer ? E, nesse caso, não é preferível fazer coligações, claramente, assumindo as consequências, do que não fazer ou fazer "acordos limiano" ? E se for necessário fazer coligação com um "partido de aviário"?

Sem comentários:

Enviar um comentário