Hoje,
23 de Abril, celebra-se o Dia mundial do livro
e dos direitos de autor. A comemoração desta data tem como objectivo
reconhecer a importância e a utilidade dos livros, assim como incentivar
hábitos de leitura na população.
Esta data foi escolhida, em 1995, pela UNESCO,
por ser um dia importante para a literatura mundial - a 23 de Abril faleceu Miguel de Cervantes
(1616), nasceu Vladimir Nabokov (1899) e nasceu e morreu William Shakespeare (1564 e 1616).
1.
Os livros são um importante meio de transmissão de cultura e informação.
Nassim
N. Taleb (O Cisne Negro - o impacto do
altamente improvável), escreve na primeira parte a que chama a antibiblioteca
de Umberto Eco ou como procuramos obter validação, a forma, “como nós
humanos, lidamos com o conhecimento – e a nossa preferência pelo anedótico em
detrimento do empírico.”
A
biblioteca de Umberto Eco que segundo uma interessante entrevista da Revista do Expresso (18-4-2015) deve andar na ordem dos cinquenta mil livros, tem muitos livros que Eco nunca
leu e constituem o que Taleb chama de antibiblioteca. Claro que tantos livros “não
servem para inflamar o ego” e os livros lidos e não lidos são uma
"ferramenta de investigação".
Os
livros não lidos da nossa biblioteca mostram aquilo que não sabemos. “Acumulamos
mais conhecimento e mais livros à medida que envelhecemos e o crescente número
de livros não lidos nas prateleiras observar-nos-á de forma ameaçadora. Na
verdade quanto mais sabemos mais extensas são as filas dos livros por
ler."
Desprezar
a parte virgem da biblioteca, os livros por ler, leva à “confirmação do erro”,
uma vez que temos tendência a confirmar o nosso conhecimento e não a nossa
ignorância.
O livro é uma ferramenta do
desenvolvimento do espírito crítico. Tão necessário hoje em dia que vivemos
numa situação paradoxal ao termos um acesso quase ilimitado a qualquer tipo de
informação, tipo wikipedia, mas não sabemos seleccionar essa informação. Ora não
saber seleccionar o que lemos equivale a perda de tempo e ou maior confusão.
2.
Os livros são um elemento fundamental no processo educativo. André Mareuil (Le livre et la construction de la personalité de l'enfant ( pag. 51-101) descreve alguns aspectos desse processo:
O livro é um meio de catarse: permite à criança reviver situações ansiogénicas que ela tem necessidade de
conhecer e traz ao inconsciente (mais do que ao consciente) do jovem leitor o conhecimento
dos jogos edipianos.
A leitura pode dar informações sobre os problemas (pós-edipianos) acerca da sexualidade.
O livro é ainda um meio de sublimação (no sentido da
substituição de um impulso sexual ou afectivo por outro de natureza intelectual
ou artística): como meio de ultrapassar as dificuldades, como descoberta da ciência e como sublimação pelo humor (como os livros de banda
desenhada, do Asterix ao Lucky Luke).
3. Ler um livro é uma fonte de prazer intelectual quando
temos aquela sensação de estarmos por dentro do pensamento do autor, de prazer
erótico, identificando-nos com os personagens, imitando ou recusando os seus papéis...
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