Na semana passada, saíram os rankings das escolas relativos aos exames do 4º 6º, 9º anos e ensino secundário, do ano lectivo 2012-13, e, como tem acontecido em anos anteriores, há todo o tipo de justificações para todo o tipo de resultados.
Uma das explicações mais comuns para os maus resultados é que esses maus resultados são devidos ao estatuto socioeconómico das famílias dos alunos.
A questão é que há escolas que não encaixam neste figurino do determinismo socioeconómico.
As escolas das aldeias são a priori inscritas neste estatuto socioeconómico desfavorável.
Ora acontece que as crianças de escolas de aldeias não têm piores resultados do que as outras de escolas urbanas com estatuto socioeconómico mais elevado
Acontece também que há escolas de aldeias ou urbanas onde quase metade dos alunos são subsidiados (ASE) e que ainda assim podem ter melhores resultados do que aquelas onde há poucos alunos subsidiados.
Nos exames do 4º ano de escolaridade, as duas primeiras escolas públicas do concelho de Castelo Branco estão nesta situação. A escola básica das Sarzedas e a escola básica da srª da Piedade encontram-se, no ranking das escolas públicas do concelho, respectivamente, em primeiro e segundo lugar, e em sétimo e décimo segundo lugar, no distrito.
O investimento na qualidade da educação que não passa apenas, e principalmente, pelo investimento em instalações e equipamentos, tem vencido a causalidade socioeconómica.
Os filhos de pais analfabetos ou pouco alfabetizados podem ser licenciados e ou bons profissionais.
Os filhos de famílias pobres, com frequência, conseguem ter bons resultados escolares…
E não é para isso que serve a escola ?
"...recorrendo a um aterrador determinismo social, dá-se como adquirido que as escolas privadas conseguem bons resultados porque os seus alunos vêm de meios privilegiados enquanto as públicas recebem os filhos dos pobres e como tal estão condenadas ao insucesso.
Esta espécie de fatalismo social isenta todos os protagonistas de responsabilidades e sobretudo leva a que automaticamente se baixem as expectativas em relação aos alunos provenientes de meios menos favorecidos." (H. Matos)
Este argumento tem servido, por exemplo, para justificar o fecho de escolas de pequena dimensão, levando os alunos para centros escolares onde, supostamente, terão as melhores instalações para aprender.
Tem servido para justificar a não intervenção educativa em relação aos alunos que têm dificuldades de aprendizagem.
Ora não é isso que faz a diferença. O que faz a diferença da escola na obtenção de bons resultados é a organização e cultura de escola, os próprios alunos com as suas determinantes genéticas e mesológicas (certamente) e a sua determinação, o trabalho, na procura do sucesso ou, se quisermos, a vontade de aprender e o professor.
Ao contrário, o círculo vicioso da justificação social e económica das escolas com maus resultados vai-se reproduzindo como um meme e aí temos o insucesso escolar dos pais a manter-se no insucesso escolar dos filhos e netos, na reprodução da narrativa familiar "eu também não gostava da escola".
A diferença está na cultura que rompe com esta justificação do círculo vicioso do fatalismo social e económico.
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