28/02/13

Espiral depressiva



Leu bem, não estou a falar da actual repetida “espiral recessiva” económica mas da "espiral depressiva". Não sei qual delas é pior e também não sei qual é a relação que há entre elas.
Seligman* designa-a “espiral descendente”. Como sabemos, quer por experiência própria quer porque vemos isso nas pessoas em sofrimento, a depressão entra rapidamente em espiral descendente.
Vemos isso também na consulta (no nosso caso com crianças) onde facilmente elas vão assumindo atitudes negativas na sua vida relativamente às suas recordações e às perspectivas futuras: é  uma doença que surge, um teste negativo, uma relação com a namorada que se perde, um conflito com um amigo… tudo corre mal ... e há dias em que parece que é melhor não sair de casa.
A psicologia indica-nos que temos algo para mudar na nossa vida e temos que mudar radicalmente a educação das nossas crianças. 
Ouvimos falar, talvez excessivamente, de punições e castigos e quando estes não chegam nem são eficazes é necessário mais punições e mais castigos e cada vez mais fortes. Isto é, usamos sistematicamente as respostas das emoções negativas . Basta lermos as normas das escolas e da sala de aula para nos apercebermos que não estamos muito longe da visão das emoções negativas.
E se calhar tanto nas crianças como nos adultos o caminho da cura e do bem-estar é pelo lado da construção das emoções positivas.
Quando esta espiral descendente, isto é, uma depressão, acontece na nossa vida temos de ir à procura de uma forma de a quebrar.
Este é o primeiro passo: quebrar a espiral depressiva. Então e o que se sabe sobre essa possibilidade?
Há várias maneiras de lidar com o problema:  resignação, procura de conselho, reestruturação positiva, debate, fuga ou análise cognitiva. Nem todas com rsultados.
Perante situações em que os nossos filhos estão sujeitos a emoções negativas por terem sido agredidos ou ficado muito revoltados com o que lhes acontece no dia a dia, podemos tentar ensinar-lhes emoções positivas em vez de mostramos apenas solidariedade ou tentarmos aliviar essas emoções negativas:
- Aumentar as emoções positivas nos nossos filhos para começar a espiral ascendente da emoção positiva. A emoção positiva alarga e constroi recursos intelectuais, sociais e físicos de que ele vai precisar mais tarde na vida.
- As características positivas dos filhos são tão reais como as características negativas. Considerar as emoções positivas de uma maneira tão séria como as emoções negativas e as suas forças de uma maneira tão séria como as suas fraquezas. Infelizmente, há quem continue a referir apenas os pontos negativos e indique que no  perfil do aluno não se destacam pontos fortes
Além disso, há estratégias para lidar com as emoções positivas e negativas. Só temos que descobrir as forças da nossa criança. E elas têm muitas forças para lidar com a adversidade e para iniciar uma espiral ascendente, uma vida mentalmente saudável. 

* Felicidade autêntica, cap. 12, pag. 261 e segs.

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