06/02/13

Educar e instruir



Educar e instruir são actividades indissociáveis da função de professor. O professor educa um aluno quando, em qualquer disciplina, se refere ao comportamento individual de estudo ou à realização de uma actividade de forma cooperativa. 
A educação é o pano de fundo, a continuidade, onde se passa o ensino e a instrução em interacção com a aprendizagem activa do aluno. 
A educação é contínua e permanente mas o ensino e a instrução pode ser descontínuo e por módulos. 
A educação integra os quatro pilares de aprendizagem: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros, aprender a ser. (J. Delors, 1999). 
Destes aspectos, a instrução corresponde ao saber-fazer e, portanto, a instrução é uma actividade que integra a educação. 
Mas nem todos entendem assim. Educar e instruir envolvem controvérsia quando se acha que educar pertence à família e instruir à escola. Em “Éduquer et instruire (1966) já se considerava “que deve ser posta no primeiro plano a educação e não a instrução: a aquisição das qualidades do carácter antes das noções de saber". 
Obviamente que a educação não é um assunto exclusivo da família ou da escola mas da cooperação das duas instituições e do desenvolvimento e aprendizagem do aluno. 
Outro equívoco tem a ver com a questão do esforço. A educação faz-se com esforço, com trabalho, e é com esforço que os alunos conseguem obter resultados positivos. 
No entanto, é lastimável que um educador ignore a psicologia genética porque não entenderá o timing das aprendizagens ligado aos princípios da maturação e do desenvolvimento cognitivo. 
A criança apenas aprende a calcular, por exemplo, quando as suas estruturas cognitivas estão preparadas para isso. Então, nesse caso, o que a criança aprende fica aprendido para sempre (Piaget). Como nós dizemos "é como andar de bicicleta; nunca mais se esquece". Mas isso só aconteceu porque as estruturas motoras o permitiram. 
Ignorar o interesse e a motivação é igualmente não entender a necessidade de utilizar métodos adequados aos alunos. 
A educação pelo esforço é diferente da educação do esforço. A primeira é uma educação imposta, sem sentido, cansativa, desmotivadora, sem eficácia. Acontece muitas vezes aos alunos com dificuldades de aprendizagem, quando a educação se transforma em desprazer e em fonte de conflito familiar, no drama de algumas famílias que recorrem a tudo: às explicações, a outro professor que se julga mais entendido, aos xamanes, a terapias pouco científicas e a classificações mais ou menos místicas. .. 
A educação do esforço implica aplicar-se duramente no trabalho escolar. A educação do esforço não é facilitismo, leva ao empenho dos educadores, procura metodologias diferentes, tendo em conta as características pessoais de cada aluno. 
A educação deve visar o pleno desenvolvimento da personalidade humana (Declaração universal dos direitos do homem). Quando isso não acontece, os alunos mais inteligentes podem também ser os mais estúpidos (Goleman). Educar é muito mais do que ensinar e instruir. A educação é, pelo menos, a tentativa de levar os alunos a compreenderem o que fazem com a sua inteligência e com aquilo que aprenderam. 
Educar é função fundamental da escola e não apenas da família. Além disso, para educar, escola e família não são demais.

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