18/01/13

Não há palmadas pedagógicas



De vez em quando regressam os defensores das punições físicas e dos castigos às crianças. Desde logo é preciso distinguir castigos corporais de castigos não-corporais, é preciso sabermos que os castigos corporais são muito mais frequentes do que os não-corporais  e também que até inventamos, para     punição física, expressões como “palmadas pedagógicas” e outros mimos que de pedagogia nada têm.
Desta vez a ideia de que há palmadas pedagógicas veio do lado da justiça. É óbvio que este assunto tem vertentes  psicológicas,  morais, éticas  e jurídicas ...
Há alguns países, como a Suécia, onde foram promulgadas leis proibindo a aplicação de punições corporais aos filhos.
Podemos dizer que é discutível a necessidade desta legislação ou que até vai longe de mais.
Em geral, a ideia de que a punição corporal pode fazer parte das práticas educativas parentais, sem qualquer problema, parece-me de rejeitar.
A melhor forma de educar ainda está por descobrir, se é que há uma melhor forma de educar. No entanto, sabemos que os resultados de pesquisas de várias ciências e, principalmente, da psicologia não nos indicam que essa seja a melhor ou pelo menos uma boa forma de educar.
Não queremos ver algumas evidências como, por exemplo, não queremos perceber que os resultados da punição física são de duvidoso resultado. Isto é, a punição pode ter eficácia quando se pretende por fim a um comportamento desajustado mas não podemos ignorar o que lhe está associado em termos comportamentais e emocionais. Os resultados, quando os há, são conseguidos com base no medo e em princípios éticos pouco desenvolvidos.
Mas os resultados da punição física também reforçam o comportamento de quem pune aumentando a probabilidade de se tornar o “método” mais usado
Por outro lado, esta actuação não nos deixa ver que as crianças, os alunos, podem aprender de outra maneira que não através da punição física que deixa marcas psicológicas profundas como raiva, revolta, culpa, vergonha, medo e ansiedade quando podíamos aplicar a via das emoções positivas.
A coisa fica mais complicada quando falamos de grupo etário. Todas as crianças podem ficar sujeitas a esta prática ou apenas em determinadas idades? Por exemplo, faz algum sentido punir fisicamente crianças muito pequenas? Em nome de que princípios cívicos, educativos, psicológicos ou éticos?
Também sabemos que quanto mais frequentes forem as palmadas, mais as crianças ficam magoadas física e psicologicamente e os resultados tornam-se irrelevantes. O povo tem razão quando diz que as crianças assim batidas se tornam “malhadiças”. Nada que a investigação de Seligman sobre o fracasso aprendido não tivesse já demonstrado.
E depois como é que podemos distinguir o que é uma simples palmada de um mau-trato ? Onde acaba uma e começa o outro ?
A punição física não é um método pedagógico. Não faz sentido fazer sofrer uma criança quando temos tantas possibilidades de educar.

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