16/02/11

“Reconstruir os nossos olhares”

Era uma vez uma menina que nunca estava quieta e não aprendia praticamente nada na escola. Se esta menina vivesse nos dias de hoje seria provavelmente diagnosticada como hiperactiva.
Gillian Lynne tinha fraco desempenho na escola, então a sua mãe levou-a ao médico e explicou a sua instabilidade e a falta de interesse.
Depois de ouvir tudo o que disse a mãe, o médico disse a Lynne que precisava falar com a mãe em particular, por um momento.
Ele ligou o rádio e saiu. O que aconteceu em seguida foi extraordinário: Lynne estava a dançar ao som do rádio.
O médico constatou que ela era uma dançarina, e incentivou a mãe de Lynne para que frequentasse as actividades de dança.
Lynne, afinal, tinha um dom para a dança.
Gillian Lynne, nascida em 20 de Fevereiro de 1926, foi bailarina, actriz, directora teatral, directora de televisão e coreógrafa. É conhecida pela sua coreografia de teatro popular associado a musicais como Cats e O Fantasma da Ópera.

Era uma vez um menino, Alan Rabinowitz, que cresceu em Nova Iorque. Na escola as coisas também não corriam bem . Foi colocado numa classe especial por causa de ter gaguez.
Hoje sabe-se que as dificuldades de linguagem dependem de problemas genéticos e não são apenas problemas psicológicos o que não acontecia há alguns anos.
A sua gaguez era tão grave que o seu corpo se contorcia e tinha espasmos quando ele tentava falar.
Não era possível comunicar com seus colegas e professores. Rabinowitz desistiu de tentar conversar com outras pessoas.
Em vez disso, quando voltava da escola e regressava a casa, cada dia, escondia-se no armário e conversava com os seus animais de estimação: tartaruga, camaleão, que, também ele percebeu, não podiam falar.
Quando visitava o parque zoológico com o pai, ficava sozinho com o jaguar e falava com ele …
O menino falava com o jaguar porque tinha dificuldade em falar com as pessoas porque tinha gaguez.
Foi então que nesta fase da sua vida, Rabinowitz fez uma promessa: havia de usar a sua voz em defesa dos animais que não tinham voz como era o caso do jaguar.
Hoje, Rabinowitz é porta-voz da Fundação para a gaguez. Além disso, dedica a sua vida à Sociedade para conservação da vida selvagem (Wildlife Conservation Society). Dirige a Associação Panthera, dedicada à protecção da vida selvagem.

A escola muitas vezes não tem a resposta. Mas a resposta pode estar nos pequenos sinais que a criança nos dá e na sensibilidade dos professores e técnicos não só na aprendizagem do currículo formal mas nas reais capacidades da criança.
É por isso, que há mais educação para além da escola…
Quem trabalha com crianças com dificuldades tem que aprender que as crianças demonstram capacidades  em que vale a pena apostar.
Os rótulos de preguiçosos, disléxicos, hiperactivos, etc. devem merecer a precisão de um diagnóstico correcto mas também a constatação de que as crianças com dificuldades podem atingir níveis de excelência em áreas das ciências e das artes que não fazem parte do currículo escolar mas que se encontram na comunidade educativa.

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