09/05/10

Violência na escola: não há respostas fáceis

O fenómeno da violência tem vindo a preocupar os cidadãos e em particular os educadores.
Esta preocupação tem desencadeado em Portugal como no estrangeiro atitudes de reacção excessiva provocando atitudes de autoritarismo ou de justificação absoluta.
Um dos perigos da reacção excessiva é o da histeria que tem acompanhado o fenómeno.
Somos particularmente sensíveis à violência que envolve crianças… Mas o perigo é o de agirmos antes de pensar e continuarmos a reagir ou reagir excessivamente, em vez de tentarmos prevenir as situações de violência.
Para James Garbarino, que escreveu sobre o problema o livro Lost Boys, a questão que se coloca é: existem maneiras de poder identificar alunos potencialmente violentos ?
Para Garbarino há 4 coisas a ter em conta:
1. tudo está dependente de uma série de factores: e não há maneira de saber o que para certos adolescentes pode canalizar a sua raiva ou frustração para actos violentos;
2. o risco é cumulativo. É a acumulação de factores de risco que leva ao comportamento violento do tipo “ a gota que faz transbordar a água do copo”;
3. os adolescentes conseguem lidar com uma série de riscos ambientais mas a sua resistência diminui em cada perigo adicional introduzido.
Garbarino fala de 5 factores que dificultam esta resistência ou resiliência:
a) irá ocorrer em 100% das pessoas que foram submetidas a abuso e negligência;
b) vivem nas áreas empobrecidas e mais violentas;
c) estão entre 13 e 15 anos de idade;
d) são do sexo masculino;
e) estão sujeitos a tratamento racista.
4. um vazio espiritual leva à sensação de não estar ligado a nada, de não ter limites para o comportamento e não ter reverência pela vida.
Temos crianças “órfãs” na escola parecendo que não fazem parte da comunidade: são crianças deixadas sozinhas pelos pais que trabalham, que já não estão ligadas à igreja, à escola… às instituições.
Com o acesso a armas, à violência dos vídeo jogos e da imagem visual…fica facilitado o caminho para a violência.
Podemos perguntar:
- Como podemos ter escolas seguras ?
- O que se passa hoje nas escolas de forma a fazê-las particularmente vulneráveis à violência ?
- O que podemos dizer aos nossos filhos sobre o assunto ?
Não há respostas fáceis.
Um seguro escolar é aquele em que a comunidade está envolvida com estudantes não intimidados.
O que se passa é que não tem havido sintonia dos professores entre si, entre pais e professores…
Quais são os limites da segurança da escola ? Dizer que a escola é responsável e ignorar o que se passa na rua ou no parque de estacionamento do outro lado da rua não é certamente uma resposta.
Comunidade, escolas e pais devem estar em sintonia relativamente à resolução do problema da violência na escola.

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