A RBI está a comemorar os 25 anos de emissões. Vem por isso a propósito falar de liberdade de expressão.
Lembro-me de ter começado a minha intervenção nesta rádio há muito tempo, no programa “ Falar de Educação” com Isabel Moreira.
Depois veio o programa “Avenida Central – Encontros Informais”, com Graça Lourenço, com os seus diferentes formatos, e, finalmente, o programa de Opinião em que conto com a habitual paciência de Manuela Cardoso.
Já disse, certamente, muita coisa interessante e também, involuntariamente, alguns disparates.
Algumas crónicas fluíram facilmente para o papel e em outras foi difícil construir qualquer coisa de jeito, na folha em branco, que pudesse interessar aos ouvintes.
Aprendi que há um direito que não temos: que é o de dizer disparates que podem levar os outros a errar.
Por isso, tento não ser vulgar repetindo o que os outros dizem e que facilmente encontramos em qualquer livro ou enciclopédia.
Estou convicto de que as pessoas que me ouvem são inteligentes e por isso fujo da perspectiva de orientação que muitas vezes ouvimos aos especialistas, principalmente aos “especialistas especialmente especializados”.
A orientação é muitas vezes manipulação e tento fazer a desconstrução de algumas dessas manifestações manipuladoras do nosso quotidiano.
Trabalhei num serviço de orientação de consumos e entendemos que a orientação de consumos não podia ser outra forma de propaganda, de marketing ou de merchandising. Porque a publicidade é: “a verdade com que nos mentem”.
A mentira na comunicação era e é o inimigo. Já que aqui nunca tivemos outros inimigos.
A liberdade de expressão é uma das mais importantes garantias constitucionais. Ela é um dos pilares da democracia. Falar, escrever e expressar-se é um direito de todos.
É por isso que o gesto de um deputado que mais do que tudo aquilo que possa configurar, quando as perguntas são desagradáveis, resolve não responder àquilo que acha que é mentira mas pura e simplesmente decide eliminar a mensagem eliminando o seu suporte físico nos deixa entre o ridículo e a preocupação de sentirmos como a história vai deslizando progressivamente para o silenciador passado. Por enquanto, por cá, ainda não se elimina o mensageiro, cala-se ou compra-se para se calar.
Verdadeiramente simbólico para os tempos actuais.
Poucas coisas me aborrecem hoje. Mais crise menos crise, mais corte na reforma menos corte, mais promessa dos políticos, menos promessa, já sei que não cumprem o que prometem. Todos os políticos embora uns mais do que outros. Actualmente, por exemplo, chegou-se a um patamar com as promessas não cumpridas com as encenações propagandísticas, com o pessoal seleccionado em castings, com agências de eventos e de marketing, difícil de ultrapassar.
Mas há uma coisa em que de facto não devemos ceder: na questão da liberdade e da liberdade de expressão.
Aqui nesta rádio tem sido assim.
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