Numa das crónicas recentes falámos da necessidade de responsabilização de todos os que estão na educação, a propósito de um abaixo assinado em que se pediam penalizações para as famílias dos alunos com comportamentos problemáticos.
Com a mesma força com que condenámos os alunos e as famílias dos alunos que usam a violência contra outros alunos e professores temos de o fazer com os professores e outros profissionais que também eles podem ter comportamentos desajustados.
Um professor não tem que ser uma pessoa virtuosa mas há-os que realmente são tudo o que não queremos para educar os nossos filhos. E no estado actual da nossa cultura democrática e educativa, não podemos pensar que tudo funciona bem, mas há alguns padrões de comportamento, atitudes, métodos pedagógicos e níveis de desenvolvimento moral que devem ser exigidos.
O caso da professora de história que dá “lições” de sexualidade numa escola de Espinho, é a prova de que a formação académica não ensina o essencial para educar crianças e adolescentes.
Situações deste tipo alertam para que não basta legislar para que haja educação sexual e formação cívica na escola.
Os interventores na escola designadamente os pais e encarregados de educação têm que andar atentos ao que se passa na escola.
A escola estatal ou privada tem que estar sob o escrutínio democrático dos pais e dos outros interventores da comunidade que, aliás, estão representados no conselho geral e em outros órgãos de gestão da escola.
É necessário preocuparmo-nos com a qualidade do ensino com o sucesso e a qualidade do sucesso.
À conta de querermos levar o ensino a todos os alunos não podemos esquecer que cada um deve ser capaz de desenvolver as suas capacidades.
Na bênção das pastas dos finalistas que estiveram no Campo Grande em Lisboa, foi lida a parábola dos talentos. Parece-me que esta parábola faz sentido para cristãos e não cristãos.
Para que servirá termos capacidades se elas ficam por desenvolver. Atirar capacidades para o lixo é aquilo que estamos a fazer com alguns alunos. Porque o sistema é facilitista (não sei se posso dizer…), porque o sistema relevando medidas mais vistosas continua a não se preocupar com os problemas centrais da educação.
Basta de encenações com alunos verdadeiros ou falsos, basta de se servirem da escola para a propaganda partidária, basta de resultados estatísticos para inglês ver...
Podemos encontrar homens como procurava o cínico Diógenes que não sejam subservientes ao poder seja ele qual for ?
Confunde-se delação com não suportar imposições ou pressões ilegítimas vindas do poder, confunde-se recusa de obediência ao chefe com falta de carácter.
Por isso Diógenes não encontrava um homem.
E milhares de anos depois, a luz clara da justiça e da dignidade continua a ter dificuldade em romper o nevoeiro. Onde estão os homens no caso casa pia, no caso freeport, no caso conegil, no caso apito dourado, no caso bpn, no caso bpp, etc?
Porém, tudo isto é efémero e o que vai ficar é o que formos capazes de construir, cada um ao nível dos talentos que desenvolveu, porque é tão importante o trabalho do homem que limpa a minha rua como a do médico que me assiste no hospital desde que o faça com dignidade, com mais talento e com menos cifrões.
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