É uma evidência que os adolescentes utilizam as novas tecnologias da informação, principalmente o telemóvel.
Mas será que os adolescentes também utilizam as novas tecnologias para praticar cyberbullying ?
O cyberbullying consiste, entre outros aspectos, em utilizar o e-mail e o telemóvel para enviar mensagens ofensivas e intimidar os colegas.
Os pais passaram a ter mais uma preocupação com os filhos embora muitas vezes não tenham consciência disso, porque também nestes casos e nesta idade os pais não são as pessoas mais requisitadas para os adolescentes contarem os seus problemas…
Num estudo recente [1] com alunos do básico e secundário com vista a determinar se utilizam o telemóvel e o e-mail para intimidar e em que medida o fazem, foi posto em evidência que os alunos do básico e secundário utilizam as tecnologias da informação (telemóvel, e-mail, etc.) para praticar cyberbullying.
Esta prática ocorre, mais frequentemente, no sexo feminino: 45% admite já ter enviado mensagens ofensivas; enquanto que, para o sexo masculino, é de 35%, ao contrário do bullying que é, mais frequente, no sexo masculino.
Os sentimentos envolvidos na prática de cyberbullying são a raiva, sendo mais relevante, no sexo feminino, 38% refere sentir raiva no envio de mensagens ofensivas, enquanto que para o sexo masculino, é de 16%.
O desprezo, a alegria e a tristeza são também sentimentos, muito presentes, na prática de cyberbullying.
O telemóvel é o meio mais utilizado (variando entre 74% e 85%) para praticar cyberbullying.
O envio de mensagens é feito, quase sempre, individualmente, com percentagens, em média, a rondar os 70%.
As raparigas são as principais vítimas do cyberbullying, apenas 33% referiu que nunca recebeu qualquer mensagem ofensiva.
A raiva e a indiferença são os sentimentos dominantes em quem é vítima de cyberbullying.
Os amigos são os melhores confidentes para quem sofre de cyberbullying independentemente do género ou nível de escolaridade mas é o sexo masculino que mais confia nos amigos (87%); apenas 4% admite informar os Pais/Encarregados de Educação, enquanto que para o sexo feminino 29% admite contar aos Pais/Encarregados de Educação.
Pode-se concluir, assim, que a maioria das vítimas de cyberbullying não informa nem procura os adultos (Li, 2005); os pais, raramente, tomam conhecimento e os professores nunca são informados.
Os problemas de cyberbullying têm aumentado, drasticamente, nos últimos tempos, sem dúvida, devido à massificação das novas tecnologias.
Não devemos nem podemos ficar indiferentes à forma como as novas tecnologias são utilizadas, uma vez que a sua utilização indevida tem consequências negativas para o desenvolvimento social dos adolescentes e perturba o clima relacional na escola, na turma e nos grupos sociais em que estão inseridos.
[1] Beirão, Maria do Céu & Martins, Maria José D. - Cyberbullying e emoções na adolescência - Escola Secundária Mouzinho da Silveira & Escola Superior de Educação de Portalegre.
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