15/09/12

Slogan, apenas

A campanha de propaganda atingiu o auge. O slogan está a passar sempre que vem à comunicação social: "o governo falhou em toda a linha".
Pois não é verdade.
Pelo contrário, o governo e os portugueses estão a cumprir o programa como devem.
A avaliação da troika é positiva. E parece que é esta que conta. `
É também esta que paga a conta.


14/09/12

"Déjà vu"

Tenho uma leve sensação de que já assisti a este filme. Não tenho a certeza se foi em Lisboa, no tempo de Santana Lopes ou, deixa cá ver...

11/09/12

Urgência de Eros

Tirada daqui .



Foi há 11 anos.
"A auto-imolação como duplo lugar de suicídio e homicídio leva-nos, obrigatoriamente, à questão de saber porque é que a união fatal a um ideal pode cegar no homem, no humano, o apelo à sobrevivência, a consciência da crueza do acto como se a alegria de um registo outro se pudesse contrapor a qualquer raciocínio, a qualquer outra meditação. Temos, portanto, aqui, o retrato agido de uma acção, movida pela crença omnipotente, a única mais forte do que a vida, e pela fusão com a própria crença."(C Amaral Dias, Um Psicanalista no Expresso do Ocidente "O dia que fez abalar o mundo").

Foi há 50 anos. Cantava-se o amor, de forma surpreendente:

Love, love me do
You know I love you
I'll always be true
So please, love me do
Whoa, love me do

Love, love me do
You know I love you
I'll always be true
So please, love me do

Oh, love me do
Someone to love
Somebody new
Someone to love
Someone like you


Há mais de dois mil e trezentos anos, num banquete, o tema era também o amor:
"Eis o que penso, Fedro, de Eros, o primeiro e o mais belo dos deuses, além disso autor, para os outros, de outras felicidades da mesma espécie; e o ritmo surge muito naturalmente na minha fala, para dizer que é ele quem produz:

a paz entre os humanos, a calma nas águas,
o silêncio dos ventos, o sono do cuidado.

É ele quem nos esvazia do estranho, nos enche de analogia, nos reúne como aqui mesmo em semelhantes sínodos; nas festas, nos coros, nos sacrifícios, faz-se o nosso guia; proporciona bom humor, expulsa o espírito melancólico; semeia a bondade; a maldade merece o seu ódio; favorável às pessoas de bem, digno do olhar dos sábios, maravilha os deuses. Quem não o tem aspira a ele; quem o tem gostaria de tê-lo mais; as delícias têm-no por pai, como o requinte, a vida doce, com as graças, o desejo e a paixão. Tem a preocupação do bem, não se preocupa com o mal. Com mágoa, medo, desejo, discurso, governa-nos, combate por nós e guarda-nos, entre todos o nosso salvador. É o ornamento dos deuses e dos homens, o melhor, o mais belo guia, que cada homem deve seguir, participando no hino que ele próprio entoa para encantar o espírito dos homens e dos deuses!" (Platão, O Banquete).

Evoluímos tão pouco!

08/09/12

Um ano sem governos civis




Faz um ano, em 8 set 2012, que acabaram.  Fizeram alguma falta?  Pelo contrário, foi daquelas coisas que ao acabarem deixaram o país melhor. 

07/09/12

Autoestima e heteroestima

R. Pedro da Fonseca - 2008

R. Pedro da Fonseca - 2012

Aqui não é só a falta de autoestima e heteroestima. Esta "brincadeira" pode ser muito perigosa.

Autoestima e heteroestima


O parque infantil é um equipamento colectivo que se destina à ocupação dos tempos livres das crianças. No entanto, não é por isso que eles são mais estimados. Passa-se praticamente o mesmo com todos equipamentos públicos. Para além da degradação normal resultante do uso, há o vandalismo frequente deste tipo de equipamentos. Destrói-se aquilo que é pago com os nossos impostos.
Não há autoestima nem heteroestima.
Também por isso e apesar disso, é necessário reparar este tipo de equipamentos para a degradação não aumentar dia após dia.



Parque infantil junto ao IPJ - Castelo Branco

05/09/12

Andar na lua


O astronauta Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar a lua. Efectivamente, a missão Apollo 11 foi a quinta tripulada do Programa Apollo e a primeira a realizar uma alunagem, no dia 20-7-1969. Neil Armstrong faleceu recentemente.
Toda as novidades desta aventura humana chegavam-nos pelos comentários de Eurico da Fonseca.
Meu pai, também de nome Eurico, foi, provavelmente, sempre céptico em relação a esta ida do homem à lua e sobre o assunto apenas dizia: “ na lua andam vocês”.
Se estava enganado em relação à ida do homem à lua tinha certamente razão em relação aos homens que ficaram em terra. Acho que temos andado na lua, ou seja, temos andado muito distraídos.
Eurico da Fonseca não pertencia a esse grupo dos que andavam na lua. O seu livro A sociedade do futuro – tecnologia para um mundo novo (1979), prova que ele tinha a visão do que ia acontecer.
Ler Eurico da Fonseca, de 1979, é pensar sobre os problemas actuais:

Nos tempos de progresso e de esperança raras vezes se perguntava como seriam os dias do futuro. Todos os supunham belos – cheios de riqueza, paz e justiça
Hoje não é assim. Mesmo aquelas pessoas que dizem ser indiferentes ao d dia de amanhã não podem evitar a pergunta: onde é que isto vai parar ? O desemprego aumenta, o nível de vida baixa, as carências de alimentação e higiene são cada vez maiores.
Para muitas e muitas pessoas o mal é dos governantes. deles e das forças que eles representam, sejam elas quais forem. Mas a verdade é que a população do globo está a aumentar velozmente e a produção de alimentos não aumenta proporcionalmente –antes pelo contrário. A superfície total das terras aráveis, longe de aumentar está a diminuir. E não é tudo: a civilização actual nasceu da abundância do carvão e do petróleo, e das matérias-primas. Mas o petróleo e as mais importantes matérias-primas estão a caminho do esgotamento: quando muito poderão durar ainda duas ou três gerações. Os seus custos irão aumentando, assim como os dos próprios alimentos. Recorre-se à automação, e o advento dos microcomputadores deve conduzir a um desemprego tecnológico maciço.
O grande obstáculo à construção da sociedade do futuro é o desconhecimento das tecnologias indispensáveis à construção de um mundo novo, em aliança com a Natureza.

No mesmo sentido vão as ideias do professor Delgado Domingos que escreveu Inteligência ou subserviência nacional? Crise do ambiente, crise de energia, crise da sociedade. Alternativas.(1978), que colocava muito bem o problema do progresso e da pobreza.
Que progresso ? o científico e cultural ou o da tecnologia concentracionária, o do consumo inútil, da delinquência e da droga, da psiquiatria de massas, da violência institucionalizada ?
Também Medina Carreira (no Programa "olhos nos olhos", de 3-9-2012, com Pedro Lomba) definiu bem a origem da actual crise. Ela deve-se a:
- desindustrialização
- dependência energética
- endividamento
- crise do euro.

São vistos como Cassandras. E ninguém lhes deu ou dá ouvidos. O cavalo de Tróia da crise que traz no seu seio estes problemas, está entre nós. A crise já era previsível e as interrogações desta altura são cada vez mais pertinentes: Onde é que isto vai parar ? Será que queremos continuar a andar na lua ?
 

04/09/12

Vender a alma

Há 3 anos fecharam o Jornal Nacional de Sexta-Feira (TVI).
Podemos  gostar ou não do estilo ou do formato. Mas a liberdade e a liberdade de expressão não podem ser postas em questão. E no caso foi.
Os governos mudam mas as  pressões continuam ... com nuances. As nuances são, às vezes, subtis. As piores são aquelas que nem se dá por elas.
A liberdade de expressão é um bem sujeito a essa grande variedade de manipulações que acabam com facilidade apenas em pressões

"O mais curioso é que "as inaceitáveis", pelos vistos, são tão aceites como quaisquer outras. E nenhumas deviam ser. Se de cada vez que houvesse uma pressão por parte de um político o jornalista a denunciasse, as coisas seriam bem diferentes, há já muito tempo. O problema é que não há uma cultura de jornalismo contrapoder enraizada em Portugal. Pelo contrário.

"Há uma enorme facilidade de ajustes editoriais sempre que há mudanças políticas e uma terrível promiscuidade entre políticos e jornalistas. Obtêm-se ‘fontes’ aceitando terríveis condições, vende-se a alma ao Diabo para segurar outras, não se chateia muito para se ter entrevistados que se dão ao luxo de escolher quem os entrevista, fica-se fascinado por ter amiguinhos políticos e dá jeito..."
(M. Moura Guedes)

03/09/12

"Serenidade académica"


A propósito da polémica sobre a História de Portugal, de Rui Ramos (coord.), Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro  e da Carta de António Barreto à direcção do Público:
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As várias formas de "nacionalismo" e de "marxismo" e respectivas variantes tinham dominado a disciplina durante décadas. Apesar de algumas contribuições magistrais (e a de José Mattoso é das principais), ainda não se tinha escrito uma História global, compacta e homogénea que rompesse com a alternativa dogmática, que viesse até aos nossos dias e que, especialmente para o século XX, "normalizasse" a interpretação da 1.ª República e do Estado Novo. Ambos estavam, mais do que qualquer outro período, submetidos à tenaz de ferro das crenças religiosas e ideológicas e ao ferrete das tribos.
....
Deparei com o livro de Mendes Rosa que também mostra outra história da 1ª república, neste caso concreto.