15/11/23

Lideranças


Não me admira, e creio que não surpreende ninguém, que tenhamos chegado aqui. Os fundamentos não eram fiáveis. Este ciclo de poder foi constituído com base no poder pelo poder. A "geringonça" foi constituída por forças tão diferentes politicamente em que interessou apenas o poder. Porém, há princípios que se devem sobrepor na política, como a liberdade, a democracia, a democracia parlamentar, os direitos humanos, o relevo do social e do indivíduo.

Não ter isto em conta não é derrubar um muro, como foi dito pelo primeiro ministro demissionário, mas um limite, que  ultrapassado, nos leva para a incoerência ideológica e para uma prática  de interesses.

Por isso, esperava-se o fim deste ciclo mais cedo ou mais tarde, mas não que este desmoronamento político e moral dos líderes pudesse ter lugar numa sociedade livre e democrática.


As pessoas que formam um governo deviam passar por uma selecção mais profunda.

"O "revolucionário de profissão", o "agitador de ofício", o “politicante” deveriam ser figuras pertencentes a um passado de pesadelo e não à triste realidade de ontem, de hoje e de amanhã"… "O político do futuro devia ser, de modo particular, homem entre os homens: inspirar confiança e saber aquilo que dele se pretende, não em atenção a um credo político e oportunismos de momento mas de acordo com uma linha de conduta moral que é bem mais antiga que todas as chamadas conquistas da civilização moderna." (Andrea Devoto, A tirania psicológica, p. 410-411)

 

A tónica posta no indivíduo é fundamental porque mesmo que haja instituições democráticas, elas não fazem automaticamente um líder capaz. Como a inversa também pode acontecer.

O perfil de alguns políticos já fazia adivinhar esta instabilidade. Veja-se a insegurança com que as pessoas vivem pelo facto de não terem possibilidades de arrendar uma casa ou de pagar a prestação da respectiva habitação, veja-se insegurança na saúde com um SNS desorganizado, veja-se a escola que não há maneira de os alunos terem todas as aulas e os pais terem descanso...

Em qualquer outra chefia, exige-se um conjunto de características que na minha perspectiva deviam ser exigidas aos governantes mas na realidade parece que são dispensadas.

Há pelo menos sete aptidões psicológicas (Josef E. Klausnitzer, Como avaliar as suas qualidades de chefia,p. 222) da qualidade de chefia :

- energia física ou vitalidade, motivação de produtividade, energia psíquica ou poder de concentração,

- inteligência  e inteligencia emocional,

- capacidade de apreciação,

- capacidade de decisão,

- integridade pessoal,

- apresentação,

- poder de adaptação.

É ainda importante  a motivação ou tendência a chefiar...

"No mundo dos dirigentes verifica-se de vez em quando uma mescla de integridade e intrigas, honestidade e falta de escrúpulos, equilíbrio psíquico e ambição desmedida... Uma mera capacidade técnica, o estar na frente, o rótulo de superioridade colocado ante o nariz dos subordinadas: nada disto é chefia.” (Josef E. Klausnitzer, Idem, p. 222)


Este é todo um programa que não se aprende nas juventudes partidárias mas com trabalho e esforço na escola, onde se deve aprender política e psicologia política (Devoto, idem, p. 411), no emprego, no meio do povo.

 



Até para a semana 

 



 

Rádio Castelo Branco



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