22/11/23

Além do Princípio de Mateus


No domingo passado (19-11-2023), o Evangelho falava da conhecida parábola dos talentos. (Mateus 25:14-30)

Jesus diz-nos que o reino dos céus é semelhante  a um homem que, ao sair de viagem, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens.  A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem. O que havia recebido cinco talentos, aplicou-os, e ganhou mais cinco. Também o que tinha dois talentos ganhou mais dois. Mas o que tinha recebido um talento cavou um buraco no chão e escondeu-o aí.

Quando foi necessário prestar contas, o que tinha recebido cinco talentos trouxe outros cinco,  o que recebeu dois ganhou mais dois.

O que tinha recebido um talento apresentou apenas o que tinha  porque teve medo e escondeu o seu talento no chão.

O senhor elogiou os outros servos e a este, negligente, criticou-o e mandou dar aquele talento ao que já tinha dez, dizendo: “Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado”. 

 

As palavras desta parábola são duras e sem tolerância para o que tinha menos talentos. Este parágrafo também é conhecido como Princípio de Mateus. 

Os talentos, ou se quisermos as capacidades ou aptidões, as virtudes e as  forças são qualidades físicas e mentais, diferentes, que nós temos. 

Uma questão importante é, então,  sabermos  os  talentos que temos e o que vamos fazer com eles.


Sabemos que vivemos num mundo assim, com esta realidade: há uma “distribuição desnivelada” dos talentos, na área financeira ou em qualquer outra área. *

Em 12 Regras Para a Vida - Um Antídoto Para o Caos, Jordan Peterson refere que tanto no mundo animal (no mundo das lagostas, por ex.),  como nas sociedades humanas, o vencedor leva tudo, em que aquele 1% do topo tem tanto dinheiro quanto os 50% da base, e em que as 85 pessoas mais ricas têm tanto dinheiro quanto as outras 3,5 mil milhões juntas. (p. 29)

Esse mesmo princípio brutal de distribuição desnivelada aplica-se em qualquer contexto em que exista produção criativa. 

A maioria dos artigos científicos é escrita por um grupo pequeno de cientistas. Uma pequena proporção de músicos produz quase todas as músicas comerciais gravadas. Um número pequeno de autores vende todos os livros...

Nas relações amorosas é bem conhecida a canção dos ABBA, The winner takes it all. (O vencedor leva tudo).

 

Então o que nos resta é enterrar os nossos poucos talentos, uma vez que (pensamos nós) não somos assim tão talentosos?

Pelo contrário. Compete a cada um fazer render os seus talentos, trabalhando tanto quanto permitam as suas capacidades e aptidões, para que eles se possam traduzir em algo de positivo.

Para isso, é necessário haver vontade para mudar. Mudar a nossa postura corporal, levantarmo-nos e erguermos as costas... Estas são atitudes que aumentam a serotonina e então “podemos aguentar as dificuldades de pé, mesmo durante a doença da pessoa amada, mesmo durante a morte dos pais, e permitir a outros que encontrem força a nosso lado, quando de outra forma seriam tomados pelo desespero. Fortalecidos desta maneira, embarcaremos na viagem das nossas vidas... (p. 54)

 

 

Até para a semana.

 

 

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* Este princípio é também conhecido como a Lei de Price, em homenagem a Derek J. de Solla Price, o pesquisador que descobriu a sua aplicação à ciência, em 1963. O princípio pode ser executado se fizermos um gráfico em forma de L, com o número de pessoas no eixo vertical, e a produtividade e os recursos no eixo horizontal. O princípio básico fora descoberto muito antes. Vilfredo Pareto (1848-1923), um polímata italiano, notou a sua aplicabilidade à distribuição da riqueza no início do século XX, e o princípio parece  ser verdadeiro para cada sociedade já estudada, independentemente das formas de governo de cada uma. (J. P. idem, p. 29-30)

 




Rádio Castelo Branco





 

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