20/09/23

Erros que os professores não cometem com os seus filhos


Deixem-me fazer uma breve nota sobre a minha participação neste programa de “Opinão” da Rádio Castelo Branco (RACAB). Em 2007, iniciei esta rubrica de colaboração. Há, portanto, 16 anos. Vamos continuar a falar de psicologia, de pedagogia ou simplesmente de assuntos do quotidiano vistos numa perspectiva psicológica ou educativa ...

No mês de Setembro é o regresso à escola. É nesta altura que muitas questões se colocam sobre os papéis da família, dos professores e dos alunos e sobre o relacionamento entre família e escola. 
“Os pais e os professores lutam pelo mesmo sonho: tornar seus filhos e alunos felizes, saudáveis e sábios. Mas jamais estiveram tão perdidos na árdua tarefa de educar.” (Augusto Cury, Pais brilhantes, Professores fascinantes)
O pais e os professores... Provavelmente, porque também se preocupam cada vez mais com a educação dos filhos e alunos e também porque a colaboração entre a escola e a família se afigura cada vez mais como uma necessidade para melhorar os resultados do desenvolvimento e aprendizagens dos alunos. *

Foram perguntar a alguns professores que também têm filhos alunos que erros não cometeriam com os próprios filhos depois de terem trabalhado como professores.** Se em casa de ferreiro espeto de pau, como diz o ditado, será que podemos ver a sua opinião como uma referência para melhorar esse relacionamento? Estou em crer que sim.

1. A superprotecção e desresponsabilização da criança
Não ser um pai ou uma mãe helicóptero pairando sobre os filhos à espera de intervir sempre que sentirem necessidade. “É claro que, quando as crianças são pequenas, precisam de mais envolvimento dos pais, mas o objetivo é que os pais – e os professores – atribuam cada vez mais responsabilidades aos alunos à medida que vão crescendo”.

2. Opor-se sistematicamente ao professor
Trata-se aqui de um problema de modelagem. Podemos ter uma opinião desfavorável de um professor ou até estarmos zangados com um professor, mas o seu filho nunca deveria saber exatamente como a mãe ou o pai se sente nem envolver o filho na questão. 
Se desrespeitar um professor, é provável que seu filho o imite. 
Infelizmente sabemos como este comportamento é frequente nas nossas escolas.

3. Não se envolver e não apoiar os filhos
Ao contrário do que fazem os pais helicóptero, é importante responsabilizar as crianças, fazê-las ganhar autonomia e confiar nos professores. No entanto, continua a ser essencial o forte apoio dos pais, ou seja, não perder o interesse, não relaxar, se surgirem dificuldades nas aprendizagens tentar entender como fazê-las melhorar.

4. Fazer promessas vazias e falsas
Conhecemos a alegria e o entusiasmo de alguns dos alunos ao falar sobre um evento especial prometido por seus pais mas também sabemos da decepção quando não cumprem as promessas. Este comportamento repetido leva à desconfiança dos pais e ao descrédito nas suas promessas.

5. Outro erro é os filhos não acompanharem a família quando os pais têm alguns dias de férias, a menos que de todo seja impossível. Estes dias de faltas à escola são recuperáveis... e a experiência e o tempo com a família são muito mais importantes.

Até para a semana. 


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E é ainda por isso que não faz sentido continuar a haver quem ache que a família educa e a escola ensina. Como tenho escrito, há muitas áreas do currículo em que deve haver colaboração, ou seja, em que há aspectos específicos da responsabilidade dos pais ou dos professores mas também aspectos comuns: o que se pode fazer em casa é completar o que faz a escola e, noutros casos, a escola complementa o que se faz na família.


 
 
Rádio Castelo Branco


 

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