01/06/23

Educação e Paz




Como acontece desde 1950, hoje, dia 1 de Junho, comemora-se mais um Dia Mundial da Criança. É o reconhecimento de que todas as crianças têm direito a afecto, amor e compreensão, alimentação adequada, cuidados médicos, educação, proteção contra todas as formas de exploração e a crescer num clima de Paz.

Nas últimas décadas, tem havido uma crescente valorização e protecção da infância por organizações internacionais e nacionais.
No entanto, nada disto acontece em muitos locais do planeta. Parece mesmo que, globalmente, recuamos na questão destes direitos e, pelo contrário, assistimos à violência contra as crianças a que ninguém parece ligar: já não nos indigna a fome, não nos indigna a guerra, não nos indigna os maus tratos e abusos, não nos indigna que haja crianças desaparecidas e traficadas...

Criança e guerra são incompatíveis. Como já aqui escrevi, bastavam as crianças mortas na Ucrânia para fazer parar a guerra. Bastava que fossem respeitados os lugares sagrados da educação. Mas, ao contrário, parece mesmo que há intencionalidade na destruição selectiva de escolas, maternidades e hospitais.

Entre as duas guerras mundiais, nos anos 30, Maria Montessori discursava nos fora internacionais sobre a Educação e a Paz. E dizia: “É singular que não exista uma ciência da paz.”
"A história da humanidade ensina-nos que a chamada “paz” é a adptação forçada dos vencidos a um domínio tornado estável, a perda de tudo o que amaram, o fim dos frutos do seu trabalho e das suas conquistas. O povo vencido é obrigado a dar, como se fosse ele o único culpado e o merecedor de castigo, só porque foi vencido, enquanto o vencedor arvora direitos sobre o povo que foi vítima do desastre. A tal situação, apesar de significar o fim da guerra com as armas, não pode chamar-se paz. Pelo contrário o verdadeiro flagelo moral nasce desta acomodação." (p. 14)
A paz dos mortos, a paz das ruínas e da devastação não é paz... 

Assistimos hoje a guerras em que as tecnologias mais avançadas que o homem inventou estão ao serviço dos contendores ao mesmo tempo que os objectivos são os mais violentos de que alguma vez o homem foi capaz. Nada se poupa, nada se protege. Pelo contrário, é necessário causar o maior número de danos para instaurar o medo ... 
Diz-nos Montessori: “O homem domina a natureza... mas não conseguiu dominar as suas próprias energias interiores...”

Na base de tudo está a educação que deve preparar os homens para a paz.
Montessori propõe-nos um método para educar: As crianças devem ser livres de se desenvolverem e aprenderem ao seu próprio ritmo, num ambiente estimulante e de compreensão, organizado, apropriado ao seu desenvolvimento.
Que podemos esperar do ambiente em que estão a ser educadas as crianças do futuro ? Fogem da escola para o abrigo, enquanto as bombas caem não se sabe bem onde, apesar de quem faz a guerra dizer que são de elevada precisão.
“O homem psiquicamente saudável é hoje um ser raro...”


Até para a semana.



Rádio Castelo Branco


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