15/01/22

Da paz e do pacifismo



1. A 1 de Janeiro de cada novo ano, celebramos a paz. Este ano celebrou-se o 55º Dia Mundial da Paz (1), desde que foi criado pelo Papa Paulo VI em 1967.
Desde então, todos os anos há uma mensagem do Papa sobre esta comemoração.
O papa Francisco na sua mensagem deste ano, sobre este fundamental tema para o ser humano, veio alertar-nos para o significado de construção da paz. 

Francisco começa por referir Paulo VI para quem “o novo nome da paz é o desenvolvimento integral” e por constatar a realidade actual: apesar dos múltiplos esforços visando um diálogo construtivo entre as nações, aumenta o ruído ensurdecedor de guerras e conflitos.

Francisco propõe três caminhos para a construção duma paz duradoura: o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados; a educação, como factor de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana. 
O diálogo sincero, exige sempre uma confiança de base entre os interlocutores. A dificuldade está em recuperar esta confiança recíproca. 
A instrução e a educação são motores da paz, por isso, investir na educação é o melhor caminho para que a paz integre os comportamentos e as atitudes individuais e as relações sociais. 
Promover e assegurar o trabalho constrói a paz. O trabalho é fundamental para realização do ser humano e “o lugar onde aprendemos a dar a nossa contribuição para um mundo mais habitável e belo”. Em vez disso, temos: precariedade, falta de emprego para os jovens e desemprego nos adultos, desqualificação profissional; retrocesso na aprendizagem que a pandemia veio ampliar com perspectivas dramáticas. Como devastador foi o impacto da crise na economia...

2. Outra coisa é o pacifismo. “O pacifismo é uma filosofia de oposição à guerra. O termo cobre um amplo espectro de pontos de vista, desde a preferência por meios não militares para a solução de conflitos até à oposição total ao uso da violência ou mesmo da força em qualquer circunstância.” (Wikipedia)
Mas é necessário passar das intenções, aparentemente boas, como fazem os autodenominados pacifistas que, no fundo, conscientemente, desejam apenas impor os seus pontos de vista, a sua ideologia.
Não faltam falsos pacifistas na história que mantêm ligações e ramificações com as variadas esquerdas e variados socialismos, e em que a paz faz parte da luta contra o capitalismo (2). Percebemos facilmente que tipo de paz desejam. (3)
Apenas um exemplo de falso pacifismo: basta pesquisar a página do Conselho Português para a Paz e Cooperação.

3. Para concluir direi que a paz começa comigo mesmo. Estar bem comigo, aceitar-me, é o ponto de partida para aceitar os outros.
Será possível haver paz entre povos quando não existe entre indivíduos? Que paz pode haver em ambientes de violência doméstica?
Por isso, a paz começa na verdade de cada um. E sem pacificar o coração não há paz. É esta a paz que importa. 

As intenções de Ano novo, invariavelmente, passam por esse desejo: um ano cheio de paz.
É também o meu desejo.

Até para a semana.

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(1) Há também o "Dia Internacional da Paz", celebrado em 21 de Setembro, declarado pela ONU, em 30 de Novembro de 1981.

(2) Por exemplo, John Desmond Bernal, Perspectivas de paz, Seara Nova, 1968 (orig. 1960). Há no mundo condições técnico-científicas para haver desenvolvimento, erradicação da fome, controle da doença, paz entre os povos... Como ? Por exemplo, no capítulo "10: O futuro está nas nossas mãos", isso "apenas se poderá atingir sob um governo socialista que controle directamente as indústrias fundamentais."(pag. 131) Pois é... 


 




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