28/01/22

Freud também explica isso


A segunda tróica formada por PS/PCP/BE terminou da pior maneira com a rejeição do orçamento de estado para 2022, mesmo depois do conhecimento dado pelo Presidente da República de que a esta situação levaria a eleições antecipadas.
Mesmo assim, preferiram a rotura dos coligados que se acusam reciprocamenrte de responsabilidade pelo sucedido em vez de tentarem o entendimento com as cedências necessárias para a continuação da governabilidade. Não tenho os dados para saber as estratégias de cada partido desta coligação mas talvez ainda um dia saberemos se esta segunda tróica foi ou não pior do que a primeira, a da bancarrota, e se não deixou como herança  voltarmos à primeira... Claro que pelo meio houve uma pandemia que não pode desculpar tudo o que aconteceu. Mas vamos acreditar no optimismo que tem do país o por enquanto 1º ministro.

Depois de ter perdido as eleições, com um primeiro mandato assente num acordo escrito exigido pelo Presidente Cavaco Silva, A. Costa foi 1º ministro. E assim um partido derrotado em eleições chegou, pela primeira vez, ao governo de Portugal. Coisa inédita neste país. Não é o problema de se coligar com quem bem entenda, mas o facto de ter perdido as eleições... e ser 1º ministro. Foi este o muro que Costa derrubou mas a pouca vergonha ergueu.
Seguiram-se mais dois anos em que se mantiveram os mesmos intervenientes mas desta vez,  com maioria relativa do Partido Socialista. Vá lá!

Corre-se o risco de voltar a acontecer a mesma situação nestas eleições. Por isso, tem que se pensar qual a melhor forma de esta possibilidade não vir a acontecer.
Como em Portugal não existe partido conservador embora haja partidos que se consideram de direita ou do centro direita como o PSD, Iniciativa Liberal, o CDS, o Chega (?) e outros pequenos partidos sem assento na Assembleia da República, por exemplo, para quem se revê na proposta "Pelas mesmas razões de sempre",  votaria naturalmente CDS.
Porém, há a questão do voto não contar ou não servir para isso - o chamado voto inútil. Se bem que o voto útil seja de quem o recebe, acontece que há o problema do sistema eleitoral por distritos e do método de Hondt que torna muitos votos inúteis, de facto. 
Apresentam-se várias alternativas que é necessário ponderar  nos distritos onde a possibilidade de os pequenos partidos elegeram deputados. Não há qualquer problema em votar num desses partidos nos grandes centros urbanos. No entanto, se se tratar de um distrito onde não há hipótese nenhuma de vir a ser eleito algum deputado desses partidos então a solução será votar naquele partido que é do centro ou da direita que pode eleger deputados.
Vejamos, por exemplo, o distrito de Castelo Branco por onde são eleitos quatro deputados. Nas últimas eleições, 2019, três deputados foram eleitos pelo PS, com menos votos do que em 2015, e um  pelo PSD que, em 2019, coligado com o CDS, elegeu dois.
Então faz sentido que o voto que se destinava aos pequenos partidos seja utilizado para eleger deputados daquele partido que melhor posição ocupa dado que não há qualquer possibilidade de ser eleito um deputado de outro partido qualquer. 
Isto tem vindo a acontecer em eleições sucessivas em que os partidos de direita  não se entendem para formar coligações em que todos os votos pudessem contar para a eleição de deputados.

Não tenho qualquer intenção de ser conselheiro político de ninguém sobre a bondade do voto no partido da sua opção. Nem sequer tenho a coerência de votar sempre de acordo com esta perspectiva. Quem se sente conservador sabe melhor do que eu o que está em jogo e, portanto, tem oportunidade de escolher a melhor maneira do governo para o seu país. Costa já deu provas de ser capaz de qualquer coisa, de fazer acordos com quem seja necessário para continuar no governo, interessando-lhe apenas o poder pela continuidade do poder.

O orçamento que foi rejeitado não pode agora vir a ser aprovado sob pena de estarmos perante uma farsa política sem qualquer sentido. Sem maioria absoluta do PS, aquilo que há dois meses não foi aprovado como pode vir a ser aprovado após as eleições? 
Em todos os governos há momentos e situações lamentáveis. Mas seis anos destas situações desde a história de Pedrogão, em 2017, deixam o país consternado... 
O país não está melhor e "a história explica isso". Claro que a história explica mas há muitas perspectivas em relação aos acontecimentos destes seis anos que também explicam o que lhe está subjacente  e no mais profundo dos comportamentos das pessoas que exercem o poder.  Freud também explica isso.


Resultados das eleições legislativas (2015, 2019)
- Distrito de Castelo Branco






Sem comentários:

Enviar um comentário