27/05/21

O ranking das escolas à espera do Super-homem




Na semana passada, foi publicada pelo Ministéro da Educação, a lista de classificação das escolas, ou ranking das escolas, baseada nos resultados dos exames dos alunos do ensino secundário.
Esta classificação tem um valor relativo mas não deixa de ser o retrato, mesmo que imperfeito, do que se passa na educação. Serve ou devia servir como bússola e como aviso para se pensar o rumo da educação nas escolas e no país.
É fundamental para o diagnóstico mas também para o prognóstico educativo. É um instrumento de trabalho importante para o planeamento educativo, para a elaboração de planos de melhoria, para procurar soluções, para aprender com os melhores.
Em vez disso, tem gerado a contestação dos que não gostam de avaliações, e preferem desconhecer a realidade, os "negacionistas" do ranking das escolas.
Como os resultados colocam as escolas privadas nas primeiras posições da lista, de forma consistente ao longo de vinte anos, justificam esta situação pela baixa origem sócio-económica dos alunos que frequentam as escolas estatais e origem elevada os alunos das escolas privadas.
Mas estes resultados não são a mera constatação daquilo que todos já sabem e que não querem ver: a indisciplina, violência, que reina em muitas escolas estatais?

O documentário Waiting for Superman (à espera do Super-Homem), do realizador Davis Guggenheim (que a tvi passou há alguns dias), é um bom ponto de partida para ajudar a compreensão do ranking dos exames do ensino secundário.
O documentário trata da luta dos alunos e das suas famílias por uma boa escola para os filhos, das dificuldades que é entrar numa dessas escolas e da esperança que a lotaria das vagas pode trazer quando se é sorteado para entrar numa charter school, escola com contrato com o estado. 
Os números do ranking tal como os números do documentário significam pessoas com nomes e com famílias. As famílias do Anthony, Francisco, Bianca, Daisy e Emily.
São pessoas concretas, crianças e pais, trabalhadores, às vezes com problemas de emprego, que têm dificuldade em dar aos seus filhos a educação que desejam, ou seja, colocá-los numa escola um pouco melhor. São pais que valorizam a educação e que sentem que a educação dos filhos é mais importante do que tudo o resto das suas vidas.
Por isso, o importante é tirá-los de escolas que são fábricas de desistentes, como em Pittsburg, onde os alunos, empurradas pelo sistema, andam na escola mas sem qualquer interesse na vida
Como se diz no documentário, bairros fracassados dependem do fracasso na escola e o fracasso na escola leva ao insucesso na vida. 

O futuro dos cidadãos e dos países joga-se na sala de aula. Como não se investe na educação, teremos no futuro os custos sociais e económicos de muitas famílias, problemas sociais, problemas com a policia e justiça, problemas dentro das próprias famílias. *
É sintomático deste insucesso que o governo actual tenha fechado 24 colégios num ano e a quase eliminação dos contratos de associação. 
Não, o super-homem não nos vem salvar.


Até para a semana.

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* Como se constatou com o programa Head Start.







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