05/11/20

Regras para uma vida feliz

 O Sermão da Montanha, 1635 de Jacques Callot

O Sermão da Montanha, 1635, de Jacques Callot



Eduardo Punset, no livro A viagem à felicidade (El viaje a la felicidad) começa por referir que "A felicidade é um estado emocional activado pelo sistema límbico em que, ao contrário do que acredita muita gente, o cérebro consciente tem pouco a dizer." 
No entanto, cita depois Martin Seligman: "ao estudar as bases da felicidade, a psicologia moderna distingue duas fontes: o prazer, por um lado, e, por outro, o sentido que dá à vida um determinado compromisso."
"Quando se analisa o paradoxo do declínio dos níveis de felicidade...num mundo em que não cessa de aumentar o nível de bens e equipamentos produzidos, se chega também à conclusão de que a sociedade moderna investiu demais em frigoríficos, máquinas de lavar, automóveis, gruas, estradas e equipamentos digitais e demasiado pouco em valores intangíveis como o compromisso com os outros ou a felicidade." (Punset, p.31)

Na realidade, vivemos numa sociedade de consumo, e se não podemos deixar de ser consumidores, não podemos deixar também de realçar que a felicidade não depende da posse de muitos bens exteriores dado que trazem apenas uma felicidade transitória e por vezes enganadora.
São os bens intangíveis que se tornam relevantes para a felicidade e não as aquisições materiais e sociais que levam a um circulo vicioso e dependente que não dá qualquer sentido à nossa vida.
Este paradoxo é também evidente na falsa felicidade que são os paraísos artificiais em que alguns acreditam e que alguns procuram ...

No dia 1 de Novembro,  comemoramos o dia de todos os Santos, os bem-aventurados.
O Papa Francisco, numa mensagem à juventude, em 2014, diz que as bem-aventuranças são caminho para a felicidade. “O termo grego usado no Evangelho é makarioi, «bem-aventurados». E «bem-aventurados» quer dizer felizes. (Mensagem para a XXIX Jornada Mundial da Juventude

Podemos então perguntar: Quem são as pessoas felizes? São os bem-aventurados: os pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores, os que são perseguidos por causa da justiça, 
Mas então as pessoas felizes são as pessoas que sofrem ? O pobres, os famintos, os que choram, os que são perseguidos... Voltamos, assim, à questão do sofrimento humano. 

Pelo contrário, tudo devemos fazer para abolir o sofrimento e como refere o psicanalista Carl Gustav Jung as bem-aventuranças são a exaltação de um Ego humilde.
Nesse caso faz sentido a pobreza porque não estamos apegados aos bens materiais e também faz sentido a vida numa sociedade onde também haja solidariedade e partilha; 
Faz falta a fome de liberdade e de dignidade. Faz sentido chorar porque somos sensíveis às injustiças , às guerras, ao sofrimento. Faz sentido lutar pelos seus próprios pensamentos, ideias, opções, mesmo que por causa disso se seja perseguido...

Este é o caminho para a felicidade que levou Mahatma Gandhi a dizer: “se toda a literatura espiritual da humanidade perecesse, e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido.”





 


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