18/04/19

A importância dos bons exemplos

 
Gerard David, 1518-1527, pintura a óleo sobre madeira
Museu de Arte Sacra do Funchal
No painel central, o corpo de Jesus Cristo está a ser despregado da Cruz conforme o relato bíblico com a participação de Nicodemos e José de Arimateia ...

A aprendizagem social exerce uma grande força na modificação do comportamento. Como sabemos a aprendizagem pode ocorrer por modelação, isto é, por observação de um modelo em que os comportamentos são adquiridos através da observação e imitação.
Este tipo de aprendizagem também é designada como: modelação ou modelagem, imitação, identificação, aprendizagem vicariante, aprendizagem por observação ou desempenho de papel.
Mais do que apenas as palavras, são os comportamentos dos outros que influenciam os nossos comportamentos, a nossa vida, em todos os seus aspectos: da moda à religião da política ao futebol…

Os comportamentos parentais têm importância fundamental nos comportamentos dos filhos tal como os comportamentos de alguns professores que nos “marcam” para toda a vida, o dos companheiros de escola, dos colegas de trabalho, das lideranças…
Estes processos psicológicos não funcionam de forma mecânica E o refrão ”tal pai, tal filho”, nem sempre é verdadeiro. A observação do comportamento de outros não implica necessariamente a sua imitação. Acontece até com frequência ocorrer o comportamento contrário e a opção contrária…

Somos influenciados pelos modelos positivos mas também pelos negativos, como demonstrou a experiência do psicólogo Albert Bandura sobre a agressividade.
Num mundo globalizado, onde se apresentam os piores modelos à humanidade necessitamos, cada vez mais, de bons exemplos, que sempre existiram, que vamos descobrindo se estivermos atentos. Costumamos referir alguns desses bons exemplos: M. Gandi, Luther king, N. Mandela, Madre Teresa de Calcutá..

Por estes dias de Semana Santa, dias da Paixão, são inúmeros os bons exemplos que se nos oferecem como modelos. Há, no entanto, um bom exemplo que hoje quero destacar. O de um certo José de que fala a Bíblia.
Era oriundo de Arimateia, uma povoação da Judeia. Homem rico, membro do Sinédrio, o Conselho de cerca de 20 juízes judeus que constituía a assembleia legislativa suprema da antiga Israel.
José teve a coragem de não pensar como os outros, de não imitar os outros que pertenciam ao Sinédrio. José tinha coluna vertebral para enfrentar a maioria dos que condenaram Jesus e também para não se deixar dominar pelo desânimo e não fazer nada.
“Havia um homem chamado José, membro do Conselho, homem bom e justo, que não tinha consentido na decisão e no procedimento dos outros. Ele era da cidade de Arimateia, na Judeia, e esperava o Reino de Deus. Dirigindo-se a Pilatos, pediu o corpo de Jesus. Então, desceu-o, envolveu-o num lençol de linho e colocou-o num sepulcro cavado na rocha, no qual ninguém ainda fora colocado.” (Lucas 23:50-53)

Em 12 regras para a vida – um antídoto para o caos, do psicólogo Jordan Peterson, a primeira regra de vida é “levantar a cabeça e endireitar as costas”. José levantou a cabeça e endireitou as costas, não se deixou cair no desânimo ou na depressão, e desta forma fez o que tinha que ser feito.

Nestes dias em que tanto se fala, e ainda bem, em falta de ética e moral, mesmo num país democrático, daqueles que detêm o poder, seus familiares e amigos, e fazem do nepotismo e nepotismo cruzado, a sua forma de governar, José é, sem dúvida, um modelo de autonomia moral a seguir por cada um de nós. Quanto aos políticos, há que ter esperança... talvez possam tornar-se bons exemplos.



(RACAB)

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