Na semana passada, falámos do importante papel que os avós desempenham na vida dos netos e destes na vida dos avós. Afirmámos que esta interacção tem enormes vantagens para a saúde e qualidade de vida dos avós. Assim é, de facto. Provam-no vários estudos que têm vindo a ser realizados.
Assim, verificou-se que os avós que ajudaram a cuidar dos netos viveram cerca de três anos a mais do que os outros avós. Os autores do estudo acreditam que isto ocorre porque cuidar dos netos dá aos avós um sentido e ajuda-os a manterem-se fisicamente e psicologicamente activos.
Contudo, os autores do estudo alertam para o seguinte: “Ajudar os pais em um nível moderado tem um efeito positivo na saúde dos avós. Contudo, estudos anteriores mostraram que um envolvimento mais intenso dos avós nos cuidados com os netos pode causar stress ter um efeito negativo na saúde física e mental dos avós”.(1)
No site do Hospital dos Lusíadas, em que é tratado este assunto, pode verificar-se que há vários benefícios resultantes da interacção entre avós e netos .
1. Menor risco de depressão para avós e netos
Uma relação próxima entre avós e netos está associada a menor risco de depressão para ambos.
De forma geral, a saúde psicológica de avós e netos é melhor quanto mais apoio emocional recebem uns dos outros; no caso dos avós, é favorecida se esse apoio não impedir que se sintam “funcionalmente independentes” ...
2. Problemas de comportamento atenuados
As crianças que contam com um grande envolvimento dos avós na sua vida têm menos problemas emocionais e comportamentais. O envolvimento dos avós ajuda a atenuar dificuldades de ajustamento em todos os tipos de famílias, mas particularmente quando os netos são adolescentes cujos pais estão divorciados ou separados.
3. Maior agilidade cognitiva
Cuidar dos netos uma vez por semana está associado a um melhor desempenho cognitivo do que não cuidar dos netos ou não ter netos.
Mas atenção… Os investigadores concluíram também que as avós que cuidavam dos netos com mais frequência tinham um desempenho cognitivo pior, possivelmente devido à exigência da função. Em suma, o envolvimento social pode ser positivo, mas há outras variáveis a ter em conta.
4. Sentir-se saudável
Os avós que não cuidam dos netos têm maior probabilidade de dizer que têm pouca saúde do que aqueles que costumam cuidar dos netos, seja de forma intensiva ou não. E o contrário também é verdade: os avós que cuidam dos netos têm maior probabilidade de reportar boa saúde.
Tomar conta dos netos pode ser exigente do ponto de vista físico e emocional, refere o estudo, mas também pode ser recompensador porque permite que avós e netos criem uma relação mais próxima.
5. Aprendizagem mútua
Os avós são um recurso multidimensional para a aprendizagem das crianças. Ao participarem num conjunto alargado de actividades – ler histórias, cozinhar, jardinar, passear no parque – os avós apoiam o desenvolvimento do conhecimento linguístico, cultural e científico das crianças; por sua vez, a interacção com as crianças estimula a aprendizagem dos mais velhos em áreas como as tecnologias da informação e o inglês como segunda língua.
6. Aprendizagem única
Devido às suas características diferenciadoras, a relação que as crianças estabelecem com os avós favorece a aprendizagem, já que cria um contexto que as incentiva a explorar e a correr riscos. Essas características incluem a vulnerabilidade mútua, que cria um maior sentido de igualdade entre adulto e criança, a disponibilidade temporal e a flexibilidade face aos resultados das crianças. Este apoio contínuo e individualizado tenderá a tornar-se mais valioso, numa era em que os pais estão cada vez menos disponíveis e em que o ensino escolar é muito focado em abordagens colectivas.
_____________________________
(1) Estudo de Envelhecimento de Berlim, em que analisaram a vida de 500 pessoas, entre 70 e 103 anos de idade, que foram acompanhadas durante 19 anos (1990 e 2009). Observaram qual era a diferença na taxa de mortalidade entre os avós que ajudavam a cuidar dos netos, participando da educação deles, e dos avós que não tinham netos ou não conviviam com eles.
(2) Estudo do Instituto do Envelhecimento da Universidade de Boston, com base em dados de famílias dos Estados Unidos da América recolhidos entre 1985 e 2004.
(3) Investigação do Departamento de Política Social e Trabalho Social da Universidade de Oxford que envolveu mais de 1500 crianças do Reino Unido.
(4) Estudo realizado na Universidade de Melbourne (Austrália), que contou com 224 participantes do sexo feminino com uma idade média de 70 anos.
(5) Conclusões do projectos de investigação “Grandparenting in Europe”, baseado em dados de 10 países europeus recolhidos no âmbito de dois grandes estudos.
(6) e (7) Estudo da Universidade de Londres que se focou em crianças dos três aos seis anos de idade a viver na zona este de Londres, umas de famílias com origem no Bangladesh e outras de origem anglo-saxónica.
Sem comentários:
Enviar um comentário