20/12/17

Natal da família

Resultado de imagem para ana e joaquim 
Sagrada Família com São Joaquim e Santa Ana (Nicolás Juarez, 1699)

Costumamos associar o Natal às crianças, com propriedade, mas o Natal é de toda a família.
Todos sabemos que a população portuguesa acima dos 65 anos (2,1 milhões de pessoas) continua a aumentar. Por outro lado, as pessoas idosas com vidas activas, saudáveis e produtivas atingem níveis etários cada vez mais mais elevados.
Porém, a fragilidade física e mental vai acontecendo e nem sempre são acompanhadas pela família e sociedade, respeitando os seus direitos, sendo, ao contrário, muitas vezes, vítimas de maus tratos.
Segundo a Associação de Apoio à Vítima (APAV), “a violência contra as pessoas idosas pode ter várias formas e implicar a prática de vários crimes".
Violência Física: qualquer comportamento que implique agressão física, por exemplo, crimes de ofensa à integridade física, maus tratos físicos, sequestro, intervenções e tratamentos médicos arbitrários.
Violência Psicológica/Verbal: Provocar intencionalmente na pessoa idosa dor, angústia através de ameaças, humilhações ou intimidação de forma verbal ou não verbal, por exemplo, insultos, ameaças, humilhação, intimidação, isolamento social, proibição de atividades.
Violência Sexual: Violência na qual o agressor abusa do poder que tem sobre a vítima para obter gratificação sexual, sem o seu consentimento, sendo induzida ou obrigada a práticas sexuais com ou sem violência.
Negligência e Abandono: é o ato de omissão de auxílio do responsável pela pessoa idosa em providenciar as necessidades básicas, necessárias à sua sobrevivência, por exemplo, o crime de omissão de auxílio e não providenciar acesso a cuidados de saúde.
Violência Financeira/económica: qualquer prática que visa a apropriação ilícita do património de uma pessoa idosa e pode ser realizada por familiares, profissionais e instituições.
Violência Doméstica: Infligir, de forma continuada ou não, maus tratos físicos ou psíquicos, a pessoa particularmente indefesa em razão da sua idade ou dependência económica que consigo coabite, por exemplo, castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais.”
Segundo a APAV, “Negligência e abandono é a primeira causa mais comum da violência sobre idosos, seguida da violência Psicológica ou Verbal. Os sinais de negligência e abandono são os seguintes:
“Perda de peso, má nutrição, desidratação;
Falta de condições de higiene do quarto;
Encontrar-se sujo ou sem ter tomado banho;
Roupa ou agasalhos inadequados para a estação do ano;
Falta de condições de segurança da habitação (aquecimento, material elétrico sem proteção);
Desaparecimento do idoso em local público.”
É exactamente no Natal e no Verão que aumenta o abandono de idosos nos hospitais, em Portugal. Não faz sentido que num período em que mais falamos de amor, a realidade seja a do abandono. Não faz sentido, que no final da vida de trabalho, ou na parte final da vida, e numa quadra festiva como o Natal que devia ser de acolhimento, sejam principalmente os mais frágeis que são abandonados.
Em quatro anos, entre 2013 e 2016, a violência contra idosos aumentou 34%, em Portugal. Os agressores são na maioria os filhos (39,6%), o cônjuge (26,5%), mas também há casos em que são os vizinhos (4,4%) e os netos (36%). (APAV)
A nossa sociedade está confrontada com o envelhecimento da sua população e é necessário que as famílias se consciencializem de que mais tarde ou mais cedo se vão confrontar com esta situação. E há-de chegar a nossa vez de sentir, de dar ou necessitar de apoio, ou de alguém sentir a nossa ausência porque, como na poesia de David Mourão-Ferreira, “Há-de vir um Natal e será o primeiro” ("Ladainha Dos Póstumos Natais").
É, por isso, necessário tomar medidas legais contra os que maltratam os idosos. Mas mais importante do que isso, será compreender o espírito do Natal e fazermos a mudança do nosso coração para o modo do afecto e da compaixão para com os nossos familiares idosos.

Feliz Natal para todas as famílias.

Sem comentários:

Enviar um comentário