A 7 de Novembro, passaram cem anos da
revolução russa. As repercussões infelizmente foram brutais não só para esse
país que foi a sua principal vítima, como para mais alguns, provocando milhões
de vitimas. Mesmo assim, muitos anos depois, ainda há quem
comemore esta tragédia.
Logo a seguir ao 25 de Abril, em Junho de 1974, esquerda e direita eram definidas assim na "Cartilha política do povo":
"Esquerda. Esta palavra aplica-se aos membros
de um partido com ideias avançadas, ideias de progresso. Opõe-se à direita, aos
conservadores. Na esquerda militam aqueles que consideram injusta para os
trabalhadores a situação de explorados. A esquerda é mais uma classificação de
pensamento e de actuação política do que uma situação social. Há com efeito,
cidadãos bem situados na vida que militam na esquerda para lutarem pelos
trabalhadores e por uma maior justiça social….”
"Direita. Este termo relaciona-se com as
individualidades que no Senado ficavam à direita do presidente e eram
conhecidas pelas suas ideias conservadoras. Hoje o termo emprega-se em política
para referir a todos os que não desejam mudanças, que querem o "statu
quo" (aquilo que está) e como está. A direita é formada por um conjunto de
elementos já instalados na sociedade, geralmente ricos e com uma certa idade,
que procuram defender as suas posições de modo a que a sua riqueza, o seu poder e os seus privilégios não sejam abalados pelo povo.”
Desde então tem sido esta concepção que
prevalece. Nestas definições é óbvia a preferência pela esquerda mas é evidente
que não corresponde à realidade vivida pelas pessoas, designadamente dos países onde há ou houve ditaduras de esquerda.
Acontece que "... a política portuguesa mudou desde há quase um ano e tem agora uma nova semântica. A oposição entre esquerda e direita voltou à primeira página. No poder e a tentar construir uma solução parlamentar inédita, a esquerda reintroduziu uma liturgia repetitiva que agora serve de pensamento. O que é de esquerda é bom. O que é de direita é mau. E não há mais espaço para argumentação. O Partido Socialista tem-se deixado contaminar por este palavreado." António Barreto,"outono socialista, DN, 14-8-2016.
Ora o
problema é, quando nesta história de bons e maus, a esquerda se auto-avalia
como a parte boa.
O complexo de superioridade marxista faz sempre
uma auto avaliação positiva das suas realizações
e são sempre a maneira de se afirmar na sociedade, para justificar os abusos, no fundo, a sua
falência. Têm o único instrumento para análise correcta da sociedade: o
marxismo-leninismo. Por isso, consideram-se mais inteligentes** mas também "moralmente
superiores", como refere Álvaro Cunhal: “Os comunistas
não se distinguem apenas
pelos seus elevados
objectivos e pela sua
acção revolucionária. Distinguem-se também
pelos seus elevados
princípios morais.”
De facto, quando tudo o que fazem, acham eles, é para bem do povo, certamente os meios são justificados pelos fins, mesmo quando isso implique liquidar milhões de adversários, discordantes ou inocentes que nada tiveram a ver com facções políticas.
Eles acham que são (d)o bem, são a esquerda, a verdadeira
esquerda, não a infantil, não
revisionista, não maoista, ou a verdadeira esquerda marxista-leninista-maoista... Automaticamente, acham que a esquerda é tudo o que
está bem e a direita tudo o que está mal. Não há mais variações. Não há mais
nada, apenas a esquerda e direita que eles próprios definem. Não há
extrema esquerda ou se há é democrática mas há de certeza extrema direita que
não tem direito a existir porque é anti-democrática e fascista. Talvez seja por isso que “os fascistas do futuro
chamam-se a eles próprios antifascistas”. (Frase atribuída a Winston Churchill)
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* José Pires, Paulo da Trindade Ferreira, M, Helena de Sá Dias, Vítor Melícias Lopes.
** Até há estudos que o provam (!). Ex.: Os "de esquerda" são mais inteligentes, afirma estudo;Why Liberals Are More Intelligent Than Conservatives.
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