Na semana passada, falamos das expectativas presentes na nossa vida. Há quem defenda que é melhor não termos expectativas para não virmos a ficar frustrados quando elas não se concretizam ou aceitar, passivamente, aquilo que vai acontecendo seja a nível pessoal familiar e laboral.
Na realidade, as expectativas são uma componente da motivação que se tornou uma grande preocupação fundamental das organizações, em especial na área da motivação no trabalho.
Psicólogos e investigadores das organizações têm vindo a propor várias teorias sobre a relação das expectativas com a motivação
Pode-se partir do pressuposto de que existe sempre "uma maneira melhor" (“the best way”) de motivar as pessoas. Porém, “ a evidência tem demonstrado que as pessoas reagem de diferentes maneiras conforme a situação em que estejam colocadas.” (I. Chiavenato, Administração de recursos humanos, vol.1, p. 92)
A desmotivação atinge muitas pessoas nas mais diversas profissões e situações profissionais.
A profissão docente, por exemplo, tem vindo a ser objecto de alguns estudos em que fica patente uma grande desmotivação.
A carreira docente a que, actualmente, é difícil aceder é constituída por uma série de factores que a transformam numa das mais stressantes:
“A intensificação do trabalho docente, a indisciplina dos alunos, a avaliação dos professores, a desresponsabilização das famílias no apoio aos seus filhos, o não reconhecimento do trabalho dos professores pelos pais e encarregados de educação, o número elevado de alunos por turma, o cumprimento de diretrizes burocráticas, o excesso de burocracia, o excesso de reuniões, a instabilidade de vínculo profissional, a crescente descredibilização da importância do papel do professor na sociedade, a desvalorização da carreira, a dificuldade de relacionamento com os pais e o aspeto remuneratório, constituem alguns indicadores iniludíveis da desmotivação docente." (M.Rosário Miranda, O impacto da desmotivação no desempenho dos professores, 2012)
Num estudo recente (As motivações e preocupações dos Professores, Fundação Manuel Leão, 2016) “cerca de um terço dos professores gostaria de deixar de lecionar e mais de metade, 57%, aponta a falta de reconhecimento profissional como a causa de maior insatisfação no trabalho, sendo que 85% considera que o Ministério da Educação não valoriza o trabalho da classe docente e 48.4% considera que o seu trabalho não é valorizado pelos alunos.” (resumo de Sandra Maximiano,"Estar motivado para motivar", Expresso, 9-9-2016)
Sendo assim, que motivação podemos esperar de um professor? Uma das teorias da motivação (Victor Vroom) considera que a motivação individual em produzir em dado momento depende de objectivos particulares e da percepção da utilidade relativa do desempenho como um meio gradativo de atingir determinados objectivos. Ora isso depende de três forças básicas que actuam no individuo, isto é, a motivação depende então de expectativas, recompensas e relações entre expectativas e recompensas.
A motivação de produzir é função de:
expectativas: a força do desejo de alcançar objectivos individuais;
expectativas: a força do desejo de alcançar objectivos individuais;
recompensas: a relação percebida entre produtividade e alcance de objectivos individuais;
relações entre expectativas e recompensas: a capacidade percebida de influenciar o seu próprio nível de produtividade. (Chiavenato, p. 92-93)
A teoria da expectativa pode então ser um bom ponto de partida para avaliar o esforço investido pela pessoa na sua profissão. Se o esforço investido pela pessoa não a leva a alcançar determinados objectivos, no fundo, a atingir as suas expectativas, então compreende-se bem a desmotivação dos profissionais da educação.
E o que faz o Ministério da Educação para responder às expectativas dos professores?
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