09/01/16

Crato e Crasso

O Parlamento aprovou o fim dos exames de Português e Matemática do 4.º ano (27/11/2015), com argumentos brilhantes como estes:
- os exames "desvalorizam a avaliação contínua" realizada pelos professores ao longo do ano. (Susana Amador - PS) 
- "prematuridade" destas provas, aplicadas a crianças de nove e 10 anos, alegando que Portugal se tornou "um caso de estudo" na Europa com estes exames, ficando "isolado e só acompanhado pela Turquia". 
- "as provas finais assentam em premissas falsas de rigor e qualidade", disse a deputada comunista no plenário, sublinhando: "as aprendizagens dos alunos não melhoram, pioram". (PCP - Ana Virgínia Pereira)
- os exames aplicados a crianças de nove anos são "uma violência", são "uma prova cega", que "não faz as crianças mais capazes" e traduz uma "visão quadrada e conservadora" da educação. (BE, Joana Mortágua)

Em relação ao 4º ano, estava decidido. Vem agora o governo completar o quadro. Muda governo, vira ministério, temos aí um "tempo novo", como diz o candidato à presidência Nóvoa.
Conforme esta informação sobre o Modelo Integrado de Avaliação Externa das Aprendizagens no Ensino Básico, de uma penada, vão acabar as avaliações externas (exames) do 4º e 6º anos e, em sua substituição, criar provas de aferição no 2º , 5º e 8º anos. Tem um nome lindo: "modelo integrado"!
Muitas vezes discordámos de algumas medidas educativas do ex-ministro Crato. Há divergências de fundo no que diz respeito ao construtivismo. Mas, em geral, as medidas relativas à avaliação das aprendizagens foram acertadas.
Vamos esperar até percebermos que, como para Crasso da História de Roma, estas medidas são um enorme desastre de estratégia educativa.

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