12/07/13

A difícil tarefa de organizar turmas


Alunos de EVT - 2007 - EB Afonso de Paiva


Acompanhar os filhos no percurso educativo é uma tarefa de longos anos. Podemos achar que os filhos dão mais trabalho quando são pequenos mas a realidade é que o trabalho com os filhos vai sendo diferente mas nunca acaba. 
Acontece quando vão para a creche ou jardim de infância e acontece especialmente quando vão para o ensino básico e temos que escolher a escola que vão frequentar.

Escolher uma escola para os filhos não é fácil. É claro que, ao escolher a escola, uma série de questões podem ficar praticamente resolvidas e outras se podem iniciar nessa altura.
A escolha da escola pode garantir, à partida, uma escolha de uma "boa" turma. Isso vai depender da escolha recair numa escola privada ou estatal, mas principalmente com a posição que essa escola tem no ranking de escolas.
Uma coisa leva à outra. Uma escola "boa" terá menos retenções e uma escola "má" terá mais retenções o que leva a maior complexidade na organização das turmas. 
Uma escola "inclusiva" terá mais alunos diferentes nas turmas. E nem sempre esta situação de diversidade é vista como uma vantagem para a turma.

Muitas destas escolhas estão limitadas por critérios formais previstos na legislação * mas outras não. É o que se passa com os critérios para a constituição de turmas em que a realidade é sempre mais complexa do que pode parecer. Organizar turmas é uma das tarefas pedagógicas mais difíceis que pode haver **, tendo em conta os critérios expressos na legislação mas também aqueles critérios que apenas fazem parte do currículo oculto.
Não é critério pedagógico, por exemplo, organizar as turmas por ordem alfabética, embora fosse o mais isento de todos os métodos por deixar a organização da turma à lotaria do acaso. 
Depois vemos que há opiniões para todos os gostos: O grupo do jardim de infância deve-se manter junto na transição para o 1º ciclo, na transição para o 2º ciclo... Ou a opinião exactamente inversa: o grupo deve ser disperso, para conhecerem situações relacionais novas, não manterem vícios/rotinas já adquiridos...
Para além da decisão de manter ou separar o grupo, outras questões se colocam: Que fazer aos alunos repetentes, que fazer aos alunos absentistas, que fazer aos alunos oriundos de outros países, ou seja, com língua portuguesa não materna (LPNM) ? Que fazer aos alunos com NEE ? que fazer aos considerados "maus alunos" ?
Como organizar uma turma onde tem que colocar alunos nestas situações ?
Imagine que rede escolar contempla a sua escola apenas com 4 turmas de 7º ano e 1 turma é do ensino articulado de música e que tem à partida 15 ou 20 repetentes de 7º ano. Como faz a distribuição dos repetentes ? E se a estes junta 4 ou 5 alunos com NEE… Acha que consegue organizar 3 turmas equilibradas ?
No 1º ciclo, às vezes, escolhe-se o professor ficando a turma automaticamente escolhida. É também por isso que há turmas que têm sempre muitos alunos candidatos e outras em que escasseiam.

As decisões que os pais tomam não devem ser baseadas no que se diz, no que consta, porque, se muito do que consta é verdade há também situações em que assim não é. 
Os pais devem acompanhar os filhos neste processo na medida em que podem intervir, mas basearem as suas escolhas sempre que possível em critérios objectivos. Nem tudo o que se diz é verdade.
Apesar desta preocupação com o próximo ano lectivo, desejo que pais e alunos descansem e tenham umas boas férias.
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* O Despacho n.º 5048-B/2013, estabelece critérios para matrículas, distribuição dos alunos por agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, regime de funcionamento dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário e constituição de turmas. 
O Artigo 17.º define as regras gerais sobre a constituição de turmas: 
1- Na constituição das turmas devem prevalecer critérios de natureza pedagógica definidos no projeto educativo e no regulamento interno do estabelecimento de educação e de ensino, competindo ao diretor
aplicá-los no quadro de uma eficaz gestão e rentabilização de recursos humanos e materiais existentes e no respeito pelas regras constantes do presente despacho. 
2- Na constituição das turmas deve ser respeitada a heterogeneidade das crianças e jovens, podendo, no 
entanto, o diretor perante situações pertinentes, e após ouvir o conselho pedagógico, atender a outros critérios que sejam determinantes para a promoção do sucesso e o combate ao abandono escolares. 



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