Tem-se discutido muito sobre os exames do 4º ano de escolaridade. E ainda bem. Com alguns argumentos com mais interesse do que outros de cariz essencialmente conjuntural, a questão dos exames devia estar para além desta ou de outra governação qualquer.
O ano passado realizaram-se exames do 6º ano pela primeira vez. Tive oportunidade de falar com alunos de uma turma sobre o que sentiam face aos exames. Assim, quis saber, numa escala de um (não tem qualquer medo) a dez (tem muito medo), como os alunos classificavam o seu medo de fazer exames.
Os resultados apresentaram a média de 6,3. O que quer dizer que os exames são percebidos pelos alunos com algum medo mas que não representa qualquer perturbação.
Claro que como sempre cada aluno é um caso: nesta turma há alguns alunos (9%), que sentem muito medo dos exames.
Procurei saber em que é que consiste este medo? O medo pode ser visto em três aspectos: como o pensam, como o sentem e vivem no seu corpo e como são as suas reacções e comportamentos.
De facto, alguns destes medos situam-se a nível do pensamento. Os alunos podem sentir preocupação, pensamentos ou sentimentos negativos sobre si próprio, insegurança, receio de que se note a ansiedade e do que pensarão se isto acontece.
Podem ainda sentir, no organismo, mal-estar no estômago, suor, tremor, tensão, palpitações, aceleração cardíaca.
E manifestam no seu comportamento movimentos repetitivos (pés, mãos, coçar-se, etc.), comer ou beber em excesso, evitar as situações…
Normalmente os alunos com ansiedade mais elevada significa que manifestam mais medo de fazer exames.
Mas pode haver diferenças em relação ao que acontece com eles: há alunos em que a ansiedade resulta principalmente do seu pensamento, para outros tem reflexo no seu organismo e outros ainda manifestam essa ansiedade no seu comportamento .
Portanto, há alunos que controlam melhor do que outros a ansiedade que sentem e alunos que apresentam características de ansiedade diferentes .
O medo acompanhou a evolução ajudando certamente à sobrevivência do ser humano e acompanha toda a a nossa vida.
De facto, não há aqui nada de novo. Todos temos experiência dos exames que fizemos e sempre os enfrentámos com alguma ansiedade.
De facto, não há aqui nada de novo. Todos temos experiência dos exames que fizemos e sempre os enfrentámos com alguma ansiedade.
Mas o factor pessoal é aqui muito importante. A vivência do medo é diferente de aluno para aluno e depende de muitos factores.
Os pais e professores podem e devem ajudar a reduzir a ansiedade e os medos seja do exame ou de outra situação. Devem apelar a comportamentos descontraídos, naturais, à real dimensão do valor dos exames em vez de fazerem discursos ansiogénicos.
Aponta-se perversidades em relação aos exames em geral. E de facto elas existem: empinar, estudar para os exames, confundir avaliação com estes momentos de avaliação formal...
Para ultrapassar estas dificuldades, podemos usar estratégias de auto-regulação e de auto-eficácia das aprendizagens. A auto-eficácia (Bandura, Zimmerman) é a convicção ou a crença de que sou capaz de realizar uma tarefa ou determinado comportamento porque tenho capacidades e trabalhei para isso.
É também importante ter um locus de controle interno (Rotter, Levenson), isto é, sentir que sou capaz de controlar a própria vida e que o sucesso depende mais de mim do que das circunstâncias externas.
Assim, a avaliação será vista apenas como uma forma de aprendizagem e de auto-regulação da aprendizagem e deixará de ser então uma actividade geradora de grande ansiedade.
Assim, a avaliação será vista apenas como uma forma de aprendizagem e de auto-regulação da aprendizagem e deixará de ser então uma actividade geradora de grande ansiedade.
Como, aliás, as crianças demonstraram no exame que acabaram de fazer, parecendo que os adultos, afinal, andam mais ansiosos do que elas.
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