15/02/12

A importância do fracasso para o sucesso

O sucesso e o fracasso fazem parte da nossa vida. No entanto, algumas pessoas têm medo do fracasso.
Superar o medo do fracasso é crucial para se obter sucesso porque o fracasso, o erro, faz parte do processo de aprendizagem e, na realidade, só fracassa quem desiste.
A sociedade vive focalizada no sucesso não importando a forma de ser alcançado.
Para ver essa realidade  não se pode ter medo da verdade, não pode, sobre isso, haver tabus nem encenações.
O que aconteceu na nossa vida colectiva foi isso: vivemos na mentira do sucesso, e, para cada nova medida que era anunciada, havia a condizente encenação, com recrutamento dos respectivos figurantes. Com inauguração no princípio e no fim da obra. A nossa auto-estima estava em alta: Euro 2004, tgv, ppp, polis, auto-estradas, "estado social", novas oportunidades, etc., etc.
Raramente pensamos que as falhas são parte integrante da vida e como muitas histórias de sucesso surgiram a partir delas.
Só falamos do fracasso depois de termos obtido sucesso. Verificamos que Bill Gates e Steve Jobs fracassaram e deixaram a Universidade antes de se tornarem famosos no mundo empresarial, da informática e do multimedia. Afinal o fracasso na Universidade não significa sempre insucesso na vida.
O fracasso na política pode levar ao sucesso e podemos dizer até que de fracasso em fracasso se chega ao sucesso, à vitoria.
Como  François Miterrand, em França,  e Marinano Rajoy, em Espanha. Perderam várias eleições até as ganharem, por persistência e capacidade para fazerem dos fracassos vitórias.
Ao contrário, porque é difícil lidar com o sucesso, a infelicidade também bate à porta dos que têm sucesso: o mundo da música e do desporto são exemplos disso, como os casos recentes de Whitney Houston, Amy Winehouse.
No desporto acontece com frequência que os fracassos são insuportáveis de assumir face às expectativas criadas.
No desporto transformamos em muita frustração os fracassos do nosso clube. E a frustração mal controlada leva à violência contra tudo e contra todos.
O chamado "choque psicológico" nos vários clubes desportivos, como esta semana no Sporting, serve ainda, e mais uma vez, para se ter sucesso: o novo treinador vem sempre prometer “vitórias e muitas alegrias”. Não fala em falhas. Mas sabemos que há muita probabilidade de isso acontecer.
Podemos concluir que nem o sucesso significa felicidade nem o fracasso significa infelicidade.
Podemos fracassar. Podemos ficar frustrados.
Mas devemos saber reagir ao fracasso e à frustração sem ficarmos traumatizados.
Quando é que ficamos traumatizados? Quando sentimos que não somos capazes de controlar os resultados.
Quando sentimos que as nossas acções são importantes e controlam os resultados mais significativos e quando sentimos que temos domínio sobre a situação então não ficamos traumatizados.
E mais uma vez isso depende da educação:
As crianças precisam de falhar. Precisam de se sentir tristes, ansiosas e zangadas. Quando impulsivamente protegemos os nossos filhos do fracasso, privamo-los de aprender competências.
Quando eles encontram obstáculos, se interferirmos para aumentar a auto-estima… para suavizar os golpes e para os distrair com uma exuberância congratulatória, fazemos com que seja mais difícil alcançarem o domínio. Se os privarmos do domínio, enfraquecemos tanto a sua auto-estima como se os tivéssemos minimizado, humilhado e afectado fisicamente.
Ao tentarmos evitar os sentimentos de fracasso, dificultamos às crianças adquirirem o sentido de domínio. Ao tentarmos evitar a tristeza e a ansiedade, aumentamos o risco de depressão infantil. Ao encorajarmos o sucesso fácil, produzimos uma geração de fracassos muito dispendiosos. (Seligman, Felicidade autêntica, pag. 271)

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