22/04/10

Os avós e a autoridade parental

           
Nas famílias, as tarefas da educação são partilhadas, muitas vezes, com os avós. Dependendo das circunstâncias em que vive cada família, os avós têm mais ou menos intervenção na educação das crianças.
Uma questão controversa é se os avós educam ou deseducam.
Em primeiro lugar, deve dizer-se que falar dos avós em geral é falar de avós nenhuns e, portanto, é, provavelmente, estarmos a errar na análise que fizermos.
O mesmo se diga quando falamos dos avós de hoje. Quem são os avós de hoje ? Quem são os avós de ontem ? Estamos a referir-nos a uma entidade abstracta em relação à qual não há consensos nem estudos que nos orientem em relação a tendências seguras sobre o assunto.
Não existem "os avós de hoje". Existem os avós do João, da Maria, do Pedro...
Quando se diz que os avós mimam em excesso temos que saber de que avós concretos estamos a falar. Há avós que o fazem e outros que não. Mimar em excesso poderá ser um problema como qualquer outro excesso educativo.
Diz-se, genericamente, que as crianças de hoje são príncipes, ditadores, etc… e associa-se muitas vezes essa educação aos avós que deixam a criança fazer tudo o que quer.
Esta ideia é muito parcial e parcelar.
Os grandes e os pequenos ditadores são outros… que não as crianças !
Já encontrei crianças com dificuldade de obedecer aos adultos, educadas pelos avós como crianças bem educadas em que os avós têm um papel fundamental na sua educação.
O problema da falta de apreensão dos limites vem tanto dos pais como dos avós.
O que acontece é que há avós que tentam recompensar de forma desajustada a ausência dos pais ou têm comportamentos intrusivos na presença dos pais, chegando, muitas vezes, ao ponto da sua desautorização, como acontece nas contradições educativas do pai e da mãe. A criança não compreende esta situação: a quem obedecer ?
A realidade de hoje é que educar é uma tarefa mais complexa do que nas gerações anteriores. E por isso tanto os avós como os pais enfrentam dificuldades semelhantes na educação das crianças: a violência do mundo moderno, o consumismo, os problemas do ensino…
O stress é um problema comum, por motivos diferentes, para os pais e para os avós. Os pais com falta de tempo, o desemprego, as dificuldades económicas, entre outras.
Os avós enfrentam outras dificuldades como problemas de saúde, preocupações com os filhos, às vezes vários filhos, e, portanto, vários netos, etc. Tudo isso pode gerar uma situação de stress que prejudica o modo como os avós conseguem lidar com as crianças.
A minha convicção é a de que os avós não são os educadores laxistas que não impõem limites às crianças nem os educadores idílicos que podem prescindir do papel educativo dos pais.
Os avós, quando integrados na perspectiva educativa peculiar de cada família, são o passado da linha intergeracional que nos projecta, enquanto genes e enquanto cultura, no futuro.
              

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