13/01/10

Reforma ? É só fazer as contas...


Há uma fase da nossa vida em que somos idosos, estamos na 3ª idade, somos séniores ou velhos, enfim, termos que vamos usando para definirmos a idade mais avançada.
Para Erikson estamos no estádio VIII que chama de adulto tardio ou da maturidade. Começa após a reforma, quando os filhos já saíram de casa e temos mais de 60 anos.
É bom chegar a esta etapa da vida, penso. Significa que se ultrapassaram muitos problemas.
A tarefa principal é, no entanto, conseguir chegar aqui com integridade do EU, com um mínimo de desespero.
Há um distanciamento social em relação ao trabalho e à família e pode-se acreditar que já não se é necessário, porque está tudo feito, e existe um sentimento de inutilidade biológica porque o corpo já não responde como antes mas também de inutilidade social.
A integridade do EU significa que somos capazes de olhar e aceitar os acontecimentos do passado e aceitar a vida tal como se viveu mesmo se tomámos algumas decisões erradas.
É a idade da sabedoria que é uma pessoa sentir-se verdadeiramente grata por viver com simplicidade, ser gentil e generosa e ser capaz de encarar a morte sem medo.
Queremos chegar a esta etapa da sabedoria mas, nestes tempos, estão a acontecer várias indicações de sinal contrário.
A preparação para a reforma praticamente não existe e além do mais é difícil, neste quadro, fazer opções racionais.
Não faz sentido que se diga “é bom ires para a reforma para dares lugar aos novos” e ao mesmo tempo se diga que é importante que os séniores continuem a ser pessoas activas, continuem a trabalhar nos sectores onde têm sabedoria para darem o seu contributo à sociedade.
Também não faz sentido que se diga: ou vais para a reforma agora ou se fores daqui a um, dois anos vais ser prejudicado no valor da reforma.
É o que se passa hoje: as pessoas têm que fazer as contas para saberem qual a melhor altura para se reformarem.
Estes sinais contrários mais uma vez não nos ajudam a definir o que queremos como sociedade. Queremos que os idosos trabalhem mais tempo, isto é, que se mantenham mais tempo como activos ou não?
Se não queremos, estamos a preparar as respostas sociais adequadas, tais como: a preparação para a reforma, os equipamentos sociais, os centros de dia, lares humanizados, cuidados de saúde, parques de manutenção de vida com qualidade, etc. como acontece em países mais evoluídos?
O que estamos a fazer para que as pessoas idosas consigam esta integridade do Eu?
Uma sociedade avançada também se caracteriza pela forma como integra e trata os idosos e não apenas por aqueles projectos que alguns políticos acham que são importantes.
Mas este não é um assunto fracturante e os senhores deputados também não têm este problema das reformas.
Os cidadãos com mais idade podem continuar a fazer as contas...

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