14/12/08
"Nada me pesa na consciência"
Temos vindo a assistir nos últimos tempos a declarações de várias pessoas, na comunicação social, de que nada lhes pesa na consciência.
Nas situações mais diversificadas que vão desde as relacionadas com a banca , às autarquias, aos deputados, ministros, ao cidadão comum que tem 20 minutos de glória em qualquer talk show da nossa comunicação social, sem excepção, tem a consciência tranquila, ou seja, nada lhes pesa na consciência.
Referem-se à consciência moral.
Esta minha crónica vem a propósito disto porque começo a ficar um pouco desconfiado de tanta consciência limpa.
Parece, aliás, que nunca os ditadores tiveram a consciência pesada. Será que alguma figura do regime deposto com o 25 de Abril teve alguma vez a consciência pesada?
Será que Hitler ou Estaline no século passado, Mugabe, Chavez, actualmente têm a consciência pesada ? O que será que lhes pode pesar na consciência?
Será que os criminosos de guerra têm a consciência pesada ? E todos os terroristas que matam pessoas, indiscriminadamente ou não, têm a consciência pesada ? E os que fazem reféns não têm uma consciência revolucionária e, portanto, limpa?
Não estarão eles como todos os ditadores de consciência tranquila, não dormirão todos os dias como dormem os justos?
Mas vamos a situações mais caseiras…
O que se passa com alguns chamados especuladores do sistema financeiro, o que se passa com a corrupção nas câmaras municipais, o que se passa com alguns pedófilos, o que se passa com os pais que maltratam os filhos e vice-versa.
O que se passa com os pais e os irmãos que esbulham os filhos e os irmãos dos seus direitos, não estão todos de consciência tranquila ?
Kohlberg estabeleceu três níveis de desenvolvimento moral.
Parece-me que todas estas pessoas não ultrapassam o nível pré-convencional (pré-moral): As normas sobre o que é bom ou mau são respeitadas atendendo às suas consequências (prémio ou castigo) e ao poder físico, ou simplesmente poder, dos que as estabelecem.
A consciência moral implica que o homem ultrapasse uma dimensão meramente egoísta na sua conduta.
Nos níveis mais elevados de consciência moral o outro deve ser tido sempre em conta.
Os princípios morais são normas que orientam e fundamentam a conduta do indivíduo, de forma a que tenham reflexo na harmonia global e na felicidade individual.
Um princípio moral como "não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti" é muito avançado para estes indivíduos ditos de consciência limpa que nos incomodam todos os dias com esta frase batida “nada me pesa na consciência”.
03/12/08
A crise da educação
Há cerca de um ano, exactamente em 15-12-2007, o Sr. Presidente da República, Cavaco Silva, afirmou que “em democracia os agentes políticos têm que estar preparados para ouvir a voz do povo”, numa referência ao diálogo do governo com os professores.
E acrescentou “espero que o diálogo de todos os intervenientes no processo educativo se possa aprofundar”.
E ainda de que “a escola é a instituição inclusiva por excelência e nela os professores desempenham um papel decisivo”.
E frisou Cavaco Silva “que a sociedade portuguesa “tem de contar com a sua motivação, a sua dedicação e o seu entusiasmo” [1].
Já lá vai um ano e o que aconteceu ? Nada. As palavras do Presidente não foram ouvidas e o que se aprofundou, isso sim, foi a clivagem entre os professores e o ME.
A escola tem sido varrida por um conjunto de reformas ou pseudo reformas que chegou até este ponto…
Não é apenas a avaliação de desempenho que está em questão. É todo um conjunto de reformas feitas em cima do joelho.
O que acontece é que têm vindo a acumular-se medidas que não estão estabilizadas, nem pouco mais ou menos.
Algumas vêm de governos anteriores mas a maior parte vem do actual.
Vou elencar apenas algumas:
- As NAC (novas áreas curriculares) com o estudo acompanhado e a área de projecto, com dois professores por área, no 2º ciclo, aumentando a despesa com a educação muito substancialmente sem que isso se traduza em benefício para os alunos;
- A pedagogia diferenciada que se resume, praticamente, a saber se os meios blocos vão para a disciplina de matemática ou de português ou outra disciplina com mais sorte;
- As aulas de 90 minutos;
- As aulas de substituição;
- As AECS, ou seja a escola a tempo inteiro, com a entrega a empresas e câmaras municipais do recrutamento de pessoal;
- O estatuto da carreira docente e a divisão da carreira em professores titulares e não titulares em que se fez um concurso que contemplava para a avaliação apenas os últimos 7 anos de trabalho, entre outras críticas;
- A avaliação de desempenho, esta-e-mais-nenhuma;
- O diploma da educação especial e as escolas de referência que saiu em Janeiro e em Maio a Assembleia da República fez um alteração profunda ao decreto do Governo, não se sabendo se é a filosofia do Governo ou a da Assembleia da Republica que deve ser subentendida;
- Forçar as estatísticas até se encontrar o número mágico de 1,8 % de alunos com necessidades educativas especiais;
- A utilização da CIF como panaceia para a classificação das crianças com NEE;
- A nova gestão das escolas, designadamente a forma de eleição do director da escola por uma assembleia de representantes;
- O estatuto dos alunos, com essa “maravilha” legislativa que dá pelo nome de “prova de recuperação”;
- A educação sexual que pelos vistos nunca mais chega à escola;
- A passagem do pessoal auxiliar, de secretaria, técnico e técnico superior para as câmaras municipais sem perguntarem nada a ninguém…
Isto tudo num caldo de cultura lastimável que é o de fazer crer que os trabalhadores são maus trabalhadores, que não podem ser todos bons, que são os responsáveis pelos problemas do sistema.
Poderíamos aprofundar cada um destes temas.
Hoje quero apenas que me expliquem a imperiosa necessidade de haver diferença entre professores titulares e não titulares, e ao mesmo tempo se acaba com a carreira de técnico superior passando todos a ser técnicos superiores ? Alguém que me explique a coerência, se fazem favor…
[1] Lusa, 15/12/2007 – 13H23
E acrescentou “espero que o diálogo de todos os intervenientes no processo educativo se possa aprofundar”.
E ainda de que “a escola é a instituição inclusiva por excelência e nela os professores desempenham um papel decisivo”.
E frisou Cavaco Silva “que a sociedade portuguesa “tem de contar com a sua motivação, a sua dedicação e o seu entusiasmo” [1].
Já lá vai um ano e o que aconteceu ? Nada. As palavras do Presidente não foram ouvidas e o que se aprofundou, isso sim, foi a clivagem entre os professores e o ME.
A escola tem sido varrida por um conjunto de reformas ou pseudo reformas que chegou até este ponto…
Não é apenas a avaliação de desempenho que está em questão. É todo um conjunto de reformas feitas em cima do joelho.
O que acontece é que têm vindo a acumular-se medidas que não estão estabilizadas, nem pouco mais ou menos.
Algumas vêm de governos anteriores mas a maior parte vem do actual.
Vou elencar apenas algumas:
- As NAC (novas áreas curriculares) com o estudo acompanhado e a área de projecto, com dois professores por área, no 2º ciclo, aumentando a despesa com a educação muito substancialmente sem que isso se traduza em benefício para os alunos;
- A pedagogia diferenciada que se resume, praticamente, a saber se os meios blocos vão para a disciplina de matemática ou de português ou outra disciplina com mais sorte;
- As aulas de 90 minutos;
- As aulas de substituição;
- As AECS, ou seja a escola a tempo inteiro, com a entrega a empresas e câmaras municipais do recrutamento de pessoal;
- O estatuto da carreira docente e a divisão da carreira em professores titulares e não titulares em que se fez um concurso que contemplava para a avaliação apenas os últimos 7 anos de trabalho, entre outras críticas;
- A avaliação de desempenho, esta-e-mais-nenhuma;
- O diploma da educação especial e as escolas de referência que saiu em Janeiro e em Maio a Assembleia da República fez um alteração profunda ao decreto do Governo, não se sabendo se é a filosofia do Governo ou a da Assembleia da Republica que deve ser subentendida;
- Forçar as estatísticas até se encontrar o número mágico de 1,8 % de alunos com necessidades educativas especiais;
- A utilização da CIF como panaceia para a classificação das crianças com NEE;
- A nova gestão das escolas, designadamente a forma de eleição do director da escola por uma assembleia de representantes;
- O estatuto dos alunos, com essa “maravilha” legislativa que dá pelo nome de “prova de recuperação”;
- A educação sexual que pelos vistos nunca mais chega à escola;
- A passagem do pessoal auxiliar, de secretaria, técnico e técnico superior para as câmaras municipais sem perguntarem nada a ninguém…
Isto tudo num caldo de cultura lastimável que é o de fazer crer que os trabalhadores são maus trabalhadores, que não podem ser todos bons, que são os responsáveis pelos problemas do sistema.
Poderíamos aprofundar cada um destes temas.
Hoje quero apenas que me expliquem a imperiosa necessidade de haver diferença entre professores titulares e não titulares, e ao mesmo tempo se acaba com a carreira de técnico superior passando todos a ser técnicos superiores ? Alguém que me explique a coerência, se fazem favor…
[1] Lusa, 15/12/2007 – 13H23
01/12/08
Vénus encontra Júpiter
Castelo Branco,1/12/2008,19H39
Castelo Branco, 1/12/2008,19H38
Esta noite os três astros mais brilhantes do céu nocturno irão brindar-nos com um grande espectáculo visível após o pôr-do-sol.
...
A última vez que este fenómeno astronómico ocorreu foi a 7 de Outubro de 1961 e só virá a acontecer a 18 de Novembro de 2052.
...
A última vez que este fenómeno astronómico ocorreu foi a 7 de Outubro de 1961 e só virá a acontecer a 18 de Novembro de 2052.
...
A Lua estará a 402 mil quilómetros da Terra; Vénus a 150 milhões de quilómetros e Júpiter a 870 milhões de quilómetros. (Correio da Manhã)
23/11/08
Mobbing ou ... emprateleirar
Sabem com certeza o que é o mobbing…
É uma palavra bonita por fora, em inglês e tudo, mas é também uma palavra muito feia por dentro.
Traduzido em português quer dizer, mais ou menos, uma grande sacanice que o chefe do serviço ou o superior hierárquico faz ao subordinado.
As vezes o fracasso não existe de modo nenhum mas pode ser fabricado por algumas pessoas para outro e atribuem-lhe o fracasso como se fosse uma característica sua.
Também se chama assédio psicológico no trabalho e tem vindo a ser investigado desde os anos 80.
Mas em que consiste o mobbing ?
Consiste em destruir moralmente um trabalhador dentro do próprio âmbito laboral.
Trata-se de criar à volta do trabalhador um clima de vazio e desprezo que vai gerando um desgaste psicológico que por sua vez, vai conduzindo à auto-exclusão, que é o objectivo pretendido.
Todos os comportamentos que são exercidos mesmo que aparentemente neutros são perversos e dirigem-se à devastação psicológica , moral e laboral da vítima.
As principais actividades são:
- Alterar a comunicação da vítima com os outros
- Curto-circuitar os seus contactos sociais instrumentais
- Desacreditar a vítima
- Reduzir ao máximo a sua ocupação laboral
- Atentar contra a sua saúde física e psíquica…
Quem pode ser vítima de mobbing ?
Qualquer trabalhador que provoque inveja. São mesmo pessoas que podem ter qualidades que são invejadas:
- Pessoas éticas
- Independentes
- Muito trabalhadoras
- Queridas pelos outros
- Cooperantes
- Com uma vida familiar e pessoal satisfatória.
E quem são os assediadores ?
Costuma ser uma pessoa cobarde, mentiroso, sentido grandioso dos seus próprios méritos, sem remorsos e cruel.
O mobbing costuma fazer grandes estragos na personalidade do trabalhador, tais como: depressão, irritabilidade, somatizações, fadiga, insónia, ansiedade, stress pós-traumático, etc…
Enquanto esta situação não for penalizada legalmente, e provavelmente não o será tão cedo dado que interessa ao sistema político, na medida em que sempre pode emprateleirar, como se diz em bom português, os trabalhadores do partido que acabou de perder as eleições, que por sua vez, já tinham substituído ou emprateleirado os que as tinham perdido anteriormente. Mas nestes fluxos e refluxos, são apanhados excelentes trabalhadores que pouco têm a ver com estas marés.
Se é um desses trabalhadores e, enquanto não houver alterações legislativas que levem a penalizar o mobbing, pode fazer o seguinte:
- Manter-se em boa forma física e psicológica
- Reforçar a confiança em si próprio
- Não cair em provocações
- Procurar apoio efectivo junto da família e amigos
- Realizar actividades fora do trabalho…
Não nos podemos deixar vencer pelo mobbing e, principalmente, não nos podemos esquecer que a adversidade é sempre uma oportunidade para mudar, ter êxito, dar valor ao que realmente importa, etc. . [1]
[1] Texto baseado em Pilar Varela - Ansiosa-mente, A Esfera dos Livros
É uma palavra bonita por fora, em inglês e tudo, mas é também uma palavra muito feia por dentro.
Traduzido em português quer dizer, mais ou menos, uma grande sacanice que o chefe do serviço ou o superior hierárquico faz ao subordinado.
As vezes o fracasso não existe de modo nenhum mas pode ser fabricado por algumas pessoas para outro e atribuem-lhe o fracasso como se fosse uma característica sua.
Também se chama assédio psicológico no trabalho e tem vindo a ser investigado desde os anos 80.
Mas em que consiste o mobbing ?
Consiste em destruir moralmente um trabalhador dentro do próprio âmbito laboral.
Trata-se de criar à volta do trabalhador um clima de vazio e desprezo que vai gerando um desgaste psicológico que por sua vez, vai conduzindo à auto-exclusão, que é o objectivo pretendido.
Todos os comportamentos que são exercidos mesmo que aparentemente neutros são perversos e dirigem-se à devastação psicológica , moral e laboral da vítima.
As principais actividades são:
- Alterar a comunicação da vítima com os outros
- Curto-circuitar os seus contactos sociais instrumentais
- Desacreditar a vítima
- Reduzir ao máximo a sua ocupação laboral
- Atentar contra a sua saúde física e psíquica…
Quem pode ser vítima de mobbing ?
Qualquer trabalhador que provoque inveja. São mesmo pessoas que podem ter qualidades que são invejadas:
- Pessoas éticas
- Independentes
- Muito trabalhadoras
- Queridas pelos outros
- Cooperantes
- Com uma vida familiar e pessoal satisfatória.
E quem são os assediadores ?
Costuma ser uma pessoa cobarde, mentiroso, sentido grandioso dos seus próprios méritos, sem remorsos e cruel.
O mobbing costuma fazer grandes estragos na personalidade do trabalhador, tais como: depressão, irritabilidade, somatizações, fadiga, insónia, ansiedade, stress pós-traumático, etc…
Enquanto esta situação não for penalizada legalmente, e provavelmente não o será tão cedo dado que interessa ao sistema político, na medida em que sempre pode emprateleirar, como se diz em bom português, os trabalhadores do partido que acabou de perder as eleições, que por sua vez, já tinham substituído ou emprateleirado os que as tinham perdido anteriormente. Mas nestes fluxos e refluxos, são apanhados excelentes trabalhadores que pouco têm a ver com estas marés.
Se é um desses trabalhadores e, enquanto não houver alterações legislativas que levem a penalizar o mobbing, pode fazer o seguinte:
- Manter-se em boa forma física e psicológica
- Reforçar a confiança em si próprio
- Não cair em provocações
- Procurar apoio efectivo junto da família e amigos
- Realizar actividades fora do trabalho…
Não nos podemos deixar vencer pelo mobbing e, principalmente, não nos podemos esquecer que a adversidade é sempre uma oportunidade para mudar, ter êxito, dar valor ao que realmente importa, etc. . [1]
[1] Texto baseado em Pilar Varela - Ansiosa-mente, A Esfera dos Livros
12/11/08
Especuladores
A crise financeira e económica actual parece que se deve, segundo a comunicação social e especialistas nesta área, aos especuladores.
O cidadão comum, em que me incluo, fica perplexo com esta informação.
Os especuladores ? O que são os especuladores ? Quem são estes indivíduos ?
Será um novo grupo social ?
Parece até que se trata de uma coisa nova.
Será que na crise de 29 e em todas as crises não havia especuladores ?
Não sei.
O que sei é que não é uma coisa nova e que sempre houve especuladores, com este ou outro nome.
Lembrei-me de um autor anónimo do século XVII que escreveu sobre a arte de furtar um texto a que chamou: “A ladroeira dos ministros”.
Já naquele tempo, em que ainda andava no ar o cheiro a canela e a pimenta, o autor só podia ser anónimo.
E... Não me venham dizer que isto é demagogia. A situação actual pode provar que não é.
Dizia então esse autor anónimo:
“Olhem para mim todos os ministros de el-rei, que ontem andavam a pé e hoje a cavalo;
Estejam atentos a duas perguntas que lhes faço e respondam-me a elas, se souberem:
- Se os ofícios de vossas mercês dão de si até poderem andar em um macho ou em uma faca, quando muito, e suas mulheres em uma cadeira, como andam vossas mercês em liteiras e elas em coche ? Se a sua mesa se servia muito bem com pratos, saleiro e jarro de louça pintada de Lisboa, como se serve agora em baixelas de prata, salvas de bastiões, confeiteiras de relevo ?
Não me dirão donde vieram tantas colgaduras de damasco e tela, tantos bufetes guarnecidos, escritórios marchetados e com pontas de abada em cima ?
Já que lhes não dá do que dirá a gente, não me dirão onde acharam estes tesouros sem irem à Índia, ou que arte tiveram para medrarem tanto em tão pouco tempo, para que os desculpemos ao menos com a vizinhança ?
Já o sei, sem que mo digam: houveram-se como a raposa no galinheiro em que entraram. Levaram-se não só no necessário senão também no supérfluo. Não se contentam com se verem fartos e cheios como esponjas, querem engordar com acepipes; e por isso lançam o pé além da mão e estendem a mão até o céu e as unhas até o inferno, e metem tudo a saco, quando o ensacam, e são como o fogo que a nada diz – basta!” [1]
Os especuladores não são nem capitalistas nem socialistas, são ladrões.
A diferença é que não têm rosto, não vêm nas listas negras nem vão parar à prisão.
São apenas especuladores.
[1] Antologia do Humor Português
O cidadão comum, em que me incluo, fica perplexo com esta informação.
Os especuladores ? O que são os especuladores ? Quem são estes indivíduos ?
Será um novo grupo social ?
Parece até que se trata de uma coisa nova.
Será que na crise de 29 e em todas as crises não havia especuladores ?
Não sei.
O que sei é que não é uma coisa nova e que sempre houve especuladores, com este ou outro nome.
Lembrei-me de um autor anónimo do século XVII que escreveu sobre a arte de furtar um texto a que chamou: “A ladroeira dos ministros”.
Já naquele tempo, em que ainda andava no ar o cheiro a canela e a pimenta, o autor só podia ser anónimo.
E... Não me venham dizer que isto é demagogia. A situação actual pode provar que não é.
Dizia então esse autor anónimo:
“Olhem para mim todos os ministros de el-rei, que ontem andavam a pé e hoje a cavalo;
Estejam atentos a duas perguntas que lhes faço e respondam-me a elas, se souberem:
- Se os ofícios de vossas mercês dão de si até poderem andar em um macho ou em uma faca, quando muito, e suas mulheres em uma cadeira, como andam vossas mercês em liteiras e elas em coche ? Se a sua mesa se servia muito bem com pratos, saleiro e jarro de louça pintada de Lisboa, como se serve agora em baixelas de prata, salvas de bastiões, confeiteiras de relevo ?
Não me dirão donde vieram tantas colgaduras de damasco e tela, tantos bufetes guarnecidos, escritórios marchetados e com pontas de abada em cima ?
Já que lhes não dá do que dirá a gente, não me dirão onde acharam estes tesouros sem irem à Índia, ou que arte tiveram para medrarem tanto em tão pouco tempo, para que os desculpemos ao menos com a vizinhança ?
Já o sei, sem que mo digam: houveram-se como a raposa no galinheiro em que entraram. Levaram-se não só no necessário senão também no supérfluo. Não se contentam com se verem fartos e cheios como esponjas, querem engordar com acepipes; e por isso lançam o pé além da mão e estendem a mão até o céu e as unhas até o inferno, e metem tudo a saco, quando o ensacam, e são como o fogo que a nada diz – basta!” [1]
Os especuladores não são nem capitalistas nem socialistas, são ladrões.
A diferença é que não têm rosto, não vêm nas listas negras nem vão parar à prisão.
São apenas especuladores.
[1] Antologia do Humor Português
10/11/08
Modelagem
Uma das melhores formas de aprender é através da modelagem.
Os grandes países têm na sua história homens que são verdadeiras lendas e servem de exemplo a muitos cidadãos.
Hoje os EEUU são um país que segue à frente em muitas áreas que vão do conhecimento e investigação, à economia, etc...
Um dos homens que contribuiu para que os EEUU tenham atingido esta situação é, sem dúvida , John Rockkefeller.
Como sabem, Rockefeller foi um self-made-man, fundador da primeira companhia petrolífera norte americana, a Standard Oil.
Não herdou fortunas e a sua origem familiar era modesta. O pai teve pouco dinheiro para vestir os quatro filhos e duas filhas. Na escola, John Rockefeller e os irmãos não aparecem na fotografia da classe. Foi bom aluno em matemática. De resto, as suas notas na escola foram normais. Concluiu a escola secundária e procurou um emprego.
A partir daqui vai festejar todos os anos o aniversário do seu primeiro emprego: o seu "Jobday".
Era contabilista num grande armazém de retalho. Como ele diz, o trabalho "deu-lhe uma nova identidade". Às seis e meia da manhã começava o seu dia, trabalhando por vezes até à noite, apesar de não receber pagamento pelas horas extraordinárias.
O negócio prosperou e... no início de 1880, a Standard Oil e suas dependentes controlavam cerca de 90% das refinarias americanas.
Para além de grande empresário, Rockeffeler foi também um grande filantropo contribuindo para muitas instituições, como a Universidade de Chicago, o Instituto de pesquisas médicas, entre outras.
Funda também o Instituto Rockefeller de pesquisa médicas, o Rockefeller Center…
Doou o terreno onde se ergue o prédio das Nações Unidas.
O seu filho John Rockefeller Jr. continuou esta preocupação filantrópica do pai.
É deste Rockefeller Jr. a incrição que se encontra no Centro Rockeffeler em Nova Iorque.
As suas ideias deviam apaixonar qualquer político ou empresário de qualquer país do mundo:
Vou apenas referir, livremente, algumas delas:
Eu acredito no supremo valor do indivíduo, no direito à vida, à liberdade e a atingir a felicidade.
Eu acredito que cada direito implica uma responsabilidade; cada oportunidade: uma obrigação; cada posse um dever.
Eu acredito que a lei foi feita para o homem e não o homem para a lei; o governo é o empregado dos povos e não o seu mestre.
Eu acredito que a verdade e a justiça são fundamentais para a ordem social.
Eu acredito que o amor é a maior coisa do mundo. Só ele pode ultrapassar o ódio.
Que o direito pode ultrapassa o poder.
Eu acredito que a verdade e a justiça são fundamentais para a ordem social.
Eu acredito que o amor é a maior coisa do mundo. Só ele pode ultrapassar o ódio.
Que o direito pode ultrapassa o poder.
Agora que Obama venceu as eleições, estas ideias, estes ideais, mantêm toda a sua actualidade.
04/11/08
31/10/08
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