26/09/25

Inclusão inclusiva


A inclusão é um processo que as sociedades livres e democráticas devem prosseguir e que a todos diz respeito em algum momento da vida.
A Declaração de Salamanca (1994) e o Warnock Report (1978) foram fundamentais para que a integração e inclusão mudassem decididamente as práticas nos vários sectores da sociedade.
No nosso país, após o 25 de Abril, um grande movimento no sector cooperativo e nas instituições privadas de solidariedade social (IPSS), levado a cabo pelos pais foi fundamental para que os seus filhos com dificuldades pudessem ter acesso à educação.

A metodologia UDL (Desenho universal de aprendizagem) de David Rose trouxe uma perspectiva global da inclusão nos diversos níveis de intervenção da sociedade: na educação, nos transportes, na arquitectura, nas empresas... (1)


Obviamente, a inclusão nunca está concluída. Apesar dos sucessos que foram conseguidos muito continua por fazer em muitos sectores. Basta ver o que se passa na questão das acessibilidades nos transportes e nos equipamentos colectivos... deparamos com barreias arquitectónicas mesmo em edifícios recentes, ruas recentes, equipamentos acabados de construir... 


Mas o pior foi a deriva relativamente a este tema. Passou-se daquilo que era a inclusão para todos, sem preferências por ninguém, para a exclusão brutal de outros considerados privilegiados.

A inclusão passou a instrumento de ideologias totalitárias como a chamada  linguagem  neutra,  inclusiva e não binária. 

De forma dissimulada, quase sem darmos por isso, começamos a achar que quando alguém escreve  palavras com @  está tudo bem, até é engraçado. Claro que nem sequer  conseguimos ler mas isso que importa?  (2)

Porém, de forma mais acintosa, em instituições como universidades, passou a haver maneiras politicamente correctas de estar e falar. 

Foram criados manuais, normas e leis absurdas. 

E a seguir vieram as ameaças e as perseguições àqueles que não fossem por aí.

Os "ofendidinhos" despontaram por todo o lado. Tudo passou a ser  inclusivo: arte inclusiva, cultura inclusiva, linguagem inclusiva... Ou  seja, a negação da arte e da cultura e da própria linguagem que se torna incompreensiva. (3)

A consequência deste totalitarismo foi, para quem não aceitou esta visão, passar a ser excluído e até perseguido.



O prémio nobel da literatura, Vargas LIosa, refere a aberrante linguagem inclusiva.

O psicólogo J. Peterson fala sobre a natureza corrupta de sigla DEI (Diversidade, Equidade, Inclusão) e dá testemunho de como não só  professores universitários mas os seus alunos são prejudicados nas suas carreiras e empregos por pensarem de forma diferente das politicamente correctas e wokistas. (4)


Mas...

Apesar dos maus tratos que a inclusão tem sofrido, é absolutamente necessário voltar à inclusão em que todos os cidadãos devem ser tratados sem preferências ou vitimizações. 

É necessário voltar à inclusão sem as amarras da DEI, e sem a absurda linguagem dita inclusiva, neutra ou não binária, para que todos se sintam integrados na escola e na sociedade.

E mais, lutar contra a   inclusão que exclui é uma tarefa de qualquer cidadão livre e democrata. (5)

 

Até para a semana.


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1. Já aqui escrevi sobre a evolução da inclusão e a necessidade de reforço da inclusão. Foi um privilégio viver este tempo de evolução e de realizações na integração e inclusão: a Declaração de Salamanca (1994) e do Warnock Report (1978); O nascimento de cooperativas e IPSS (APP); O ano internacional do deficiente (1981); Participação em grupo de trabalho sobre o atendimento ao deficiente mental profundo e elaboração de legislação que tornou possível a criação dos CAO (Centro de Apoio Ocupacional)...

(2) Não se respeitam sequer as crianças com dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita como todas as pessoas com défices sensoriais.


(4) A natureza corrupta da DEI: La ideología igualitária marcha actualmente sob a bandeira de «diversidade, equidade e inclusão». Jordan Peterson refere-se a DEI como «a grande mentira ideológica», e inverte deliberadamente o acrónimo DEI para DIE para sublinhar o resultado inevitável da aplicação da diversidade. 
Comentando as políticas de diversidade no ensino superior do Canadá, Peterson escreveu:
"Todos os meus colegas cobardes devem elaborar declarações DIE para obter uma bolsa de investigação. Todos mentem (salvo a minoria de verdadeiros crentes) e ensinam seus alunos a fazer o mesmo. E fazem-no constantemente, com diversas racionalizações e justificaçoes, corrompendo ainda mais o que já é uma empresa assombrosamente corrompida. Alguns de meus colegas até permitem receber uma suposta formação anti-preconceito, transmitida por pessoal de Recursos Humanos muito pouco qualificado, que dá lições absurdas, alegremente e de forma acusatória sobre atitudes racistas, sexistas e heterossexistas teoricamente omnipresentes." "Jordan Peterson: Por que já não sou professor titular na Universidade de Toronto - A ideologia terrível de diversidade, inclusão e equidade está destruindo a educação e os negócios ",  Special to National Post, Jan-19-2022

(5) Tanto mais que como refere Manuel M. Carrilho, no seu recente livro, A Nova Peste - Da ideologia de género ao fanatismo woke: "A adopção do dogma DEI - diversidade, equidade, inclusão - pelas empresas GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft) e muitas outras, que quase todas assumem explicitamente nos seus sites, é pois altamente inquietante, sendo inequívoco como diz Mounk, que "o viés político actual da inteligência artificial tende visivelmente para o lado woke", o que torna decisivo o debate sobre esta questão, no sentido de se saber "se a inteligência artificial respeitará ou deformará a realidade, se ela dará a todos os instrumentos necessários para nos exprimirmos livremente ou se, pelo contrário, confiará a alguns autoproclamados preceptores o direito de nos darem lições de como pensarmos e agirmos" (Mounk, Y., 2024)." (p. 93)


Rádio Castelo Branco




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