Símbolo de acessibilidade proposto pela ONU
1. Felizmente, neste tempo que levo de vida, vi acontecer muitas mudanças inclusivas na sociedade: na escola, na segurança social, nas acessibilidades, nos comportamentos das pessoas. Participei em algumas dessas mudanças.
Então, desde há muito aprendi que a inclusão não é uma obra acabada mas um processo em construção a cada momento.
A inclusão é uma atitude necessária da vida, como a liberdade, a democracia e a justiça. Faz parte de qualquer organização social democrática decente.
Esta mudança social tem vindo a fazer-se com a evolução da inclusão concreta na educação com a metodologia "desenho universal de aprendizagem" (UDL), no trabalho, na melhoria das acessibilidades, na linguagem que respeita as diferenças, não seja estigmatizante, adequada à vida das pessoas.
Esta mudança social diz respeito a todos. Sim, todos precisamos de inclusão e todos precisamos de linguagem inclusiva.
2. Sou do tempo em que a educação escolar era feita em escolas separadas para rapazes e raparigas. Foi por isso que a coeducação teve importância na eliminação de muitos dos fenómenos que podiam dar vantagens a uns ou a outros. Os mundos separados da educação, porém, eram compensados pela convivência extra escolar, nas famílias, nos jogos, no tempo de brincadeira que era todo o tempo em que não estávamos na escola. Qualquer défice que pudesse existir na educação formal seria ultrapassado na educação informal.
Ou seja, para quem tinha a ilusão de que a coeducação podia resolver o problema dos estereótipos, do bullying, da violência doméstica ou outra, percebeu, como prova a realidade diária das nossas escolas, que não é assim tão simples...
Muitos comportamentos têm a ver com o desenvolvimento psicológico como, por exemplo, quando raparigas e rapazes têm tendência a criar grupos do mesmo sexo. O contrário é que seria estranho.
3. Sou do tempo do livro único*, que podia ter aspectos vantajosos como o económico para o estado e para as famílias, mas muitas desvantagens. Hoje não teria grande sentido haver manuais escolares aprovados centralmente que divulgassem estereótipos, estatutos e papéis sexuais baseados na diferenciação sexual.
Mas pelos vistos também este não é um factor que, isoladamente, vai resolver o problema do respeito pelas diferenças.
6. Sou do tempo em que a inclusão foi e é um trabalho diário nas escolas ainda mais após a Declaração de Salamanca (10 de Junho de 1994), sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais.
9. Então é necessário trabalhar pela inclusão:
- para não continuarmos a construir casas e equipamentos sociais sem acessibilidades mesmo que a lei obrigue a fazê-lo;
- criar cidades para todas as pessoas, mais importante do que novos símbolos para acessibilidades;
- mudar os métodos de ensino/aprendizagem dando oportunidades educativas aos alunos de acordo com as necessidades de cada um;
- criar acessibilidades a nível do currículo;
- utilizar a informática como instrumento importante no processo ensino/ prendizagem;
- Utilizar uma linguagem inclusiva o que não quer dizer neutra porque a inclusão não é neutra nem a linguagem é neutra. Nunca o foi nem será. E não será uma qualquer geringonça gramatical que tornará a linguagem neutra.
A linguagem não é neutra, felizmente, e a inclusão é outra coisa.
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* Sobre os manuais escolares e livro único.
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