A comunicação interpessoal apesar de toda a evolução verificada e das metodologias de análise que continuamos a estudar, continua a ser uma das actividades humanas mais difícil de entender.
Os tribunais com tanta e tão demorada investigação não chegam muitas vezes a conclusões satisfatórias para as partes e para o público.
No futebol, das discussões raramente nasce a luz...
O que dizer da política ? Não há qualquer consenso entre a dita esquerda e dita direita, cada uma viu a luz da verdade à sua maneira e ficaram iluminadas para sempre. Não há
aproximações ideológicas ou pragmáticas de qualquer espécie. E qualquer lapsus linguae ou lapso curricular, que possam existir servem para carrear mais argumentos a favor e contra as
partes envolvidas.
Apesar da evolução das tecnologias ao nível dos
contentores da comunicação não é por isso que os conteúdos se tornam menos equívocos. Os contentores só por si já correspondem a determinados critérios de avaliação e inquinam toda a discussão seguinte. No fundo, não se trata de melhorar o estado social mas de deitar
abaixo o governo !
Se a comunicação é considerada sinónimo da busca de
entendimento (Habermas), para outros ela é sinónimo de disputa (Bourdieu), as ideias dos
teóricos têm certamente correspondências nas metáforas que representam comunicação
como um acontecimento simétrico.
A comunicação é difícil porque o locutor, na verdade, é
influenciado pela presença do ouvinte. O efeito feed-back pode controlar a qualidade
da transmissão. Mas os homens que comunicam são homens modulares. De facto, nenhum
ouvinte tem acesso à mente do locutor e vice-versa. Num diálogo, o que o ouvinte
entende são de facto meros "módulos da vida do outro".
Na simetria tanto conjunção quanto disjunção entre os
participantes faz parte do diálogo (Peirce ).
A comunicação simétrica acontece quando um de nós se queixa
de uma dor de cabeça e o nosso interlocutor considera que também tem dor de
cabeça, até pior.
Entre um professor e um aluno a simetria é muitas vezes a
forma de comunicação. O professor é um adulto que perante uma criança não pode ter uma
comunicação simétrica. Pelo contrário, a comunicação entre professor e aluno é assimétrica. Os
interlocutores não têm o mesmo estatuto, não têm o mesmo papel, não têm o mesmo
nível de informação e de conteúdos, não têm as mesmas funções na escola nem na
sociedade.
É por isso que estranho que haja tanta controvérsia
na escola sobre as dificuldades de comunicação entre alunos, professores e famílias.
A comunicação do professor não está ao mesmo nível da comunicação do aluno. Se um aluno é mal criado para um professor, o professor certamente não lhe poderá responder
simetricamente.
Se um aluno agride um professor a resposta não deve ser
simétrica. E é por isso que tantas vezes aparece o conflito entre alunos e professores.
Esta resposta pode ainda ser mais brutal quando
reponsabilizamos o outro pela situação ou quando gozamos com a sua situação através de injunções de
desvalorização e invalidação.
Então, nós os adultos podemos melhorar a comunicação com as
crianças.
Basta para isso pensar que somos adultos e elas crianças
e não devemos responder na mesma moeda.
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