Vivemos num mundo onde mentiras, propaganda, manipulação... tomaram conta da nossa vida.
Há mentiras que destroem pessoas e há mentiras que destroem povos. Ou que são a base para se travarem razões que levam à guerra.
A propaganda, que é a arte de vender mentiras, esforça-se por formar a opinião das pessoas e somos enganados pelas imagens censuradas e pelas palavras distorcidas e fora de contexto.
Vivemos na era da pós-verdade em que as notícias apelam às emoções e às crenças pessoais, em detrimento de factos apurados ou da verdade objectiva.
Vivemos no tempo do cancelamento e da censura de quem não concorda com o politicamente correcto ou com a ideia dominante ou a verdade oficial. *
Jordan Peterson - 12 Regras para a Vida – um antídoto para o caos, na Regra 8 - "Diga a verdade ou pelo menos não minta" - diz-nos:
“Pode usar as palavras para manipular o mundo de forma a que receba aquilo que quer. Isso é o que significa “agir politicamente”. É a especialidade dos publicitários sem escrúpulos, dos vendedores, dos anunciantes, dos burlões, dos utopistas encantados com slogans e dos psicopatas. É o tipo de discurso que as pessoas escolhem quando tentam influenciar e manipular os outros.”
“Alguém que vive uma vida de mentiras tenta manipular a realidade através da percepção, do pensamento e da acção, de modo a que apenas o resultado desejado, e pré-definido, possa existir” (p. 270)
“Quando as mentiras crescem o suficiente, o mundo inteiro estraga-se... Mentiras corrompem o mundo. Pior, essa é a sua intenção” (p. 292)
Segundo Peterson, o processo é o seguinte: Primeiro uma pequena mentira... depois, várias pequenas mentiras para sustentar a inicial. Em seguida um pensamento distorcido... Então, de uma forma terrível, dá-se a transformação das mentiras, através de uma prática automatizada, especializada, estrutural e neurológica, no conjunto de crenças e ações inconscientes.
Depois, vem arrogância e o sentimento de superioridade ...
E, finalmente, um inferno vem depois quando as mentiras destruíram a relação entre o indivíduo, ou o Estado, e a própria realidade. As coisas desmoronam. A vida degenera. Tudo se torna frustração e desilusão. A esperança desvanece. O indivíduo enganador tenta desesperadamente o sacrifício, como Caim, mas não consegue agradar a Deus. Então o drama entra no seu ato final.
Ressentimento e vingança é o que se segue. (p. 293-294)
Fez três anos de guerra, mentiras e ódio sobre a Ucrânia ou seja de manipulação para justificar que em 24 de Fevereiro houve um país que invadiu outro e em que foram, em grande parte, arrasadas as estruturas físicas mas também a vida das pessoas. Esta invasão é "desculpada" pelas crenças territoriais, ideológicas (desnazificação); em vez de guerra, "operação militar especial", em vez de ditador, "líder"...
J. Peterson refere: “É nossa responsabilidade ver o que está diante dos olhos, com coragem e aprender com o que vemos mesmo que seja algo horrível - mesmo que esse horror prejudique a nossa consciência e nos cegue parcialmente.”
Ao invés de guerras, mentiras e ódio... “A verdade é luz na escuridão. Veja a verdade. Diga a verdade. Ou, pelo menos, não minta.” (p.295)
Até para a semana.
* Nunca houve tanta informação como actualmente o que significa que também nunca houve tanta falta de verdade... Pouco consola que haja programas de verificação de factos (fackt- cheking) para repor a verdade porque o problema é de quem controla esses programas, eles próprios podem mentir (Quem polígrafo o polígrafo; Quem poligrafa o polígrafo-2). Não deixa de ser curioso que a rede social de D. Trump se chame "Truth", tal como um jornal famoso se chame "Пра́вда".
Tudo, mesmo assim, é preferível a um "MInistério da Verdade" (1984, G. Orwell). Ao invés, os esforços devem incidir no desenvolvimento do sentido crítico que se faz com uma vida intelectual amadurecida, pela curiosidade e pela educação, toda a educação, formal, académica mas também informal e familiar, ou seja pela cultura.
P.S. (6-3-2025) A realidade ultrapassa a ficção e o que escrevi. Estava longe de imaginar que, da Sala Oval, assistiríamos, em directo, ao vivo e de forma transparente, à tentativa de destruição pessoal e de um país. Falou-se de “cilada”, “tristeza”, “vergonha”, “traição”, “confronto”, “humilhação”... ou “estratégia” negocial. O que quiserem. Que os fins nunca justificam os meios.
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