20/11/25
Os idosos e o futuro
13/11/25
O amor não é frágil... mas pode ser mágico
Como costumamos dizer, passamos a vida toda a aprender e, obviamente, a aprender a amar também. Mesmo quando chegamos aos cinquenta anos de casados? Talvez ainda com mais premência depois de passadas tantas experiências em contextos diferentes, simpáticos ou adversos, é, no entanto, sempre nesta capacidade de nos ligarmos ao outro que se baseia toda a nossa vida afectiva e relacional da qual depende a nossa saúde mental.
Acontece também que "as relações modernas têm inscritas no seu cerne, um paradoxo da melancolia: sabemos que o crescimento afetivo requer amor, mas no terreno, encontramos cada vez menos relacionamentos felizes. “ (Alain de Botton . Uma viagem terapêutica, p. 133)
Num relacionamento, o fracasso ou sucesso resume-se na essência à presença ou ausência de vários factores, cinco âncoras, como lhes chama Alain de Botton.
Estas cinco âncoras permitem manter a embarcação da vida relacional em equilíbrio. São as seguintes: não defensividade, vulnerabilidade, ternura, atitude terapêutica e entusiasmo.
A nossa postura defensiva é compreensiva e até necessária (defesas do ego) mas também pode ser parte do fracasso das nossas relações.
Por experiência ou não, a frase " “ama-me por quem eu sou” é o inevitável grito de guerra de todos os amantes que se encaminham para o desastre". Seria injusto "exigirmos ser amados tal como somos, com a nossa panóplia de falhas, obsessões, neuroses e imaturidades... só devemos esperar ser amados por quem desejamos ser, por quem somos nos nossos melhores momentos..." (p.134-135)
"O amor não é frágil, "pode haver ruturas - e reparações. O amor verdadeiro é resistente. Não será destruído por um pormenor... A defensividade pode ser ultrapassada. Podemos aprender a medir no nosso coração a difrerença entre uma queixa e uma rejeição existencial” (p.137)
Os parceiros devem ter a capacidade de ultrapassar a defensividade, podemos chegar a entender o que podemos reconhecer e superar os pequenos defeitos que todos temos, como por exemplo, na forma como deixamos a casa de banho, podemos comentar que temos mau hálito ou que estamos mal vestidos...(p. 138)
Ser vulnerável é descobrir "um lado em nós que remonta à infância..." (p. 140) e podemos e somos capazes de pedir ajuda.
A ternura está, por exemplo, no comportamento de um pai quando vê uma birra do seu filho que empurra o prato do jantar para o chão e mesmo assim não o castiga nem o considera “mau”
Ter uma atitude terapêutica depende essencialmente da capacidade de ambos os parceiros adoptarem em momentos críticos uma atitude terapêutica em relação às compulsões, falhas, fúrias e e excentricidades um do outro...
Finalmente, o entusiasmo. Claro que no principio da relação é fácil viver com entusiasmo. Porém a pouco e pouco "deixamos de nos maravilhar porque nos enredamos inconscientemente em várias formas de irritação não assimilada (p. 148): porque nunca pede desculpa; porque decidiu sem nos consultar; porque... porque...
Devemos deixar um tempo para falar daquilo que não correu bem, não para fazer queixas, não para voltar ao “histórico” que sempre é relevado quando nos irritamos e vamos buscar pormenores da relação de muitos anos atrás...
Mas em vez disso devemos verbalizar os nossas irritações com regularidade. Tentando compreender o que esteve na atitude do outro.
Até para a semana.
05/11/25
Relação presencial e "efeito aldeia"
A vida actual, em que estamos sempre online, leva as pessoas ao isolamento social e afectivo, por mais paradoxal que isso seja. As novas tecnologias, designadamente o telemóvel, a possibilidade de fazer quase tudo online: encomendar o almoço no restaurante, as compras no supermercado, fazer pagamentos, meter combustível ou levantar dinheiro... As reuniões e o trabalho online, a automação e o crescimento do número de pessoas que vivem sós, leva a que os contactos pessoais sejam cada vez mais reduzidos.
Ora sabemos, há muito tempo, que a criação de vínculos sociais e afectivos e o relacionamento face a face são importantes para a saúde mental e para uma vida mais feliz.
Num estudo (1) que é feito desde 1938, época da Grande Depressão, até à actualidade, procurou-se compreender as relações entre saúde física e mental, entre saúde e felicidade.
As conclusões têm mostrado que os relacionamentos íntimos, mais do que a fama ou dinheiro, são a fonte da felicidade ao longo da vida. Estes laços protegem as pessoas das frustrações, ajudam a retardar doenças físicas e mentais e são parâmetros mais eficientes na análise da longevidade – mais do que classe social, QI ou até mesmo a genética.
Para o psiquiatra Robert Waldinger, o nível de satisfação com os relacionamentos, na idade de 50 anos, foi mais importante para avaliar a saúde física do que níveis de colesterol por exemplo... As pessoas mais satisfeitas aos 50 anos eram os mais saudáveis aos 80.
As pessoas que mantêm relacionamentos calorosos vivem mais e com mais felicidade e aquelas que se sentem solitárias morrem mais cedo.
Por tudo isto, os amigos são muito importantes.
Podemos falar de três níveis de amizade (2) (Arthur Brooks): O primeiro é o dos amigos com base na utilidade, que nos ajudam a conseguir determinadas coisas, com os quais trocamos favores, que estão sempre disponíveis e para quem o estamos também.
O segundo é o dos amigos com base no prazer, que nos ajudam a descansar, porque partilhamos gostos, saídas, distrações; são amigos com quem não temos conversas demasiado profundas e, como os nossos gostos e entretenimentos vão variando, pessoas que entram e saem com facilidade da nossa vida.
Por último, há os amigos “inúteis”, que são aqueles dos quais não queremos nada de especial: queremo-los a eles; trocamos favores com eles, evidentemente, e talvez partilhemos gostos e interesses, mas a amizade está radicada a um nível mais profundo...
São estes amigos a quem podemos telefonar a meio da noite quando estamos doentes ou assustados...
A psicóloga Susan Pinker (3) mostrou que o contacto e a integração sociais são muito mais importantes para a longevidade e o bem-estar do que fatores como dietas e exercícios físicos.
Fala do “efeito aldeia” ou seja da necessidade de contactos pessoais e presenciais que superam, sem dúvida, os contactos online.
Até para a semana
(3) "Susan Pinker destaca o valor das relações presenciais para a longevidade"; "Susan Pinker tem o segredo da vida"
31/10/25
28/10/25
É sempre assim, não é ?
Le jardin du Luxembourg - Joe Dassin
22/10/25
Respeitar a infância
Antes de olharmos para os nossos filhos e vermos neles uma quantidade enorme de problemas, problemas de alimentação, sono, ciúmes, violência, egoísmo..., poderíamos encontrar muitas qualidades. Afinal os nossos filhos são boas pessoas. Como nos diz muito bem o pediatra Carlos Gonzalez. (Bésame mucho - Como criar os seus filhos com amor, Pergaminho, p.108)
As crianças têm uma série de qualidades a que se calhar não damos importância. É mais fácil percebermos os problemas que são muitas vezes criados por nós do que as qualidades que as crianças apresentam na sua relação com os adultos e com os pares.
Quando acontece um caso de violência intrafamiliar ficamos chocados e é a oportunidade para algumas pessoas porem em questão a educação sem violência das crianças e, provavelmente, arranjamos sempre uma desculpa para justificarmos práticas punitivas e humilhantes, que achamos que, essas sim, funcionam... A criança ainda é vista como um ser que precisa de ser “endireitado” para se tornar adulto.
Ora a criança não nasce ensinada e também pode não aprender à primeira. Pode ser necessário repetir para aprender. Afinal como qualquer ser humano.
O respeito pela infância é uma marca da qualidade da infância que por sua vez é uma marca da qualidade de vida da nossa sociedade.
O respeito, a par com o carinho, são as grandes vias para a educação responsável e justa.
Os nossos filhos e os nossos alunos são muito melhores do que pensamos.
A facilidade com que atribuímos incapacidades às crianças, e aos alunos na escola, é surpreendente: “Não trabalha”, “é preguiçoso”, “é hiperactivo”, “está sempre na lua”, “fala pelos cotovelos”, “nunca participa”, “é implicativo”...
Mas a realidade diz-nos que essas crianças precisam de nós e do nosso trabalho para crescerem ...
A realidade, confronta-nos, todos os dias, com as maldades que os adultos fazem às crianças. Os maus tratos físicos de todo o tipo, os abusos sexuais, o tráfico de menores,... provam que não estamos no caminho certo da proteção da infância e do respeito que nos merece.
Mas não é apenas a maldade activa, é também o abandono, a ausência, o afastamento das pessoas de ligação - os pais - que deviam estar presentes de algum modo na vida dos filhos, transmitindo aprendizagens por modelagem e regulando as circunstâncias, as dificuldades e os problemas da vida, o diálogo permanente, sabendo que, no fim da linha, a autoridade são os pais e a decisão final pertence aos pais.
Os nossos filhos apresentam qualidades que mostram que são boas pessoas como refere Carlos Gonzalez (p.108-121):
o seu filho é desinteressado. O amor de uma criança é assim: puro, absoluto e desinteressado,
o seu filho é generoso mesmo quando parece egoísta,
o seu filho chora, claro! quando tem razões para isso,
o seu filho sabe perdoar sem fingimentos e sem reservas, não guarda ressentimento,
o seu filho é sincero e facilmente diz o que pensa,
o seu filho é sociável, basta observar quando brinca sem reservas com outras crianças,
o seu filho é compreensivo, e sabe confortar quando vê alguém em sofrimento...
O desenvolvimento de uma criança é feito de palavras e mimos, "… devemos tratar os nossos filhos com carinho e respeito…pegar-lhes ao colo ou consolá-los quando choram.” (" 'Todos os castigos são inúteis', diz o pediatra do contra, Carlos Gonzalez", Entrevista de Ana Cristina Marques, Observador, 26-5-2014)
Tal como gostávamos que nos acontecesse a nós.
15/10/25
As percepções importam
A percepção é um “processo psicológico complexo através do qual o indivíduo tem consciência das suas impressões sensoriais e adquire conhecimento da realidade. É um mecanismo de aquisição da informação através da integração estruturada de dados que procedem dos sentidos; em virtude dessa integração, o indivíduo capta os objectos.”... (Enciclopédia da Psicologia, 4, Oceano, p.149)
De acordo com Maslow, o ser humano para sobreviver precisa que as suas necessidades básicas estejam asseguradas. A necessidade de segurança (segurança física, estabilidade emocional e proteção contra ameaças), faz também parte dessas necessidades essenciais.
As percepções de segurança ou insegurança dependem das experiências pessoais passadas, de variáveis contextuais diversas e das próprias estatísticas... E, assim, podem dar relevo à forma como reagimos às diversas situações da nossa vida.
De certeza que todos queremos viver numa sociedade segura, numa cidade segura. Ninguém quer ver a sua vida em risco ou perigo, ninguém quer ser ferido, ninguém quer ser roubado. Queremos ir para o trabalho, voltar para casa, queremos que os nossos filhos estejam seguros na escola e fora dela, queremos passear, simplesmente, sem que ninguém nos aborreça ou usarmos a internet de forma segura.
Mas também "vemos ouvimos e lemos, não podemos ignorar", Basta haver um caso, passado na nossa rua, ou mesmo longe da nossa casa, ou que veio no jornal, na televisão, para sentirmos medo e ansiedade cada vez que saímos à rua.
Como diz Daniel Pennac, (Mágoas da Escola, p.11), "estatisticamente tudo se explica, pessoalmente tudo se complica".
O ex-ministro Pedro Duarte viu o seu carro assaltado. Essa experiência é determinante para a sua visão da realidade. Diz “não acreditar nas estatísticas oficiais de criminalidade no país, uma vez que o episódio que viveu, tal como "muitos outros" semelhantes ficam por reportar: As pessoas hoje em dia, em determinadas zonas da cidade, não se dão sequer ao trabalho de chamar a polícia, porque sabem que nada vai acontecer. Conheço dezenas de casos, o que torna os relatórios oficiais completamente enganadores. Portanto, quando dizem que as estatísticas mostram que o Porto não tem um problema de segurança, naturalmente que eu não posso levar a sério.” (CNN, 8-9-2025 )
As percepções são fundamentais na interpretação de todo o contexto ambiental e, nessa medida, são fundamentais na compreensão de sistemas e subsistemas em que estamos envolvidos, sejam cognitivos, emocionais ou sociais. *
Mesmo sabendo que as percepções são alteradas pelo medo e a ansiedade, pelas motivações e expectativas...
Mesmo sabendo que as emoções, a paixão e o amor alteram as nossas percepções. Como na canção de Miguel Araújo “Será amor?" "Que será que me deu?", "...até o cheiro a gasolina emana um aroma de rosas no ar."
Mas nada seríamos sem as percepões. Estaríamos permanentemente em risco e perigo, não saberíamos que fazer, nem como fazer.
A estatística é necessária para interpretar a realidade mas não é a realidade.
Os negacionistas da importância da percepção de segurança mudam de opinião no hora em que são confrontados com a insegurança.
E devíamos estar gratos a quem arrisca a vida para podermos ter sossego.
Por isso, as percepções sobre a segurança importam.
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*Perceção de criminalidade e insegurança, Barómetro APAV.
09/10/25
Saúde mental para todos
Comemora-se amanhã, dia 10 de Outubro, mais um Dia Mundial da Saúde Mental. O tema da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Dia Mundial da Saúde Mental de 2025 é "Saúde mental para todos: acessível e inclusiva", focando-se no acesso equitativo a cuidados de saúde mental de qualidade. (1)
A partir de 2020, com a pandemia, muita coisa se alterou na nossa vida. Tanto mais que as guerras que se seguiram, sem fim à vista, são responsáveis por mais ansiedade, insegurança, falta de perspectivas de futuro. Dizia-se então: “vai ficar tudo bem”. De facto, podemos dizer, cinco anos depois, que não ficou tudo bem.
Vejamos, numa breve avaliação:
A pandemia revelou novas preocupações no que respeita à saúde mental. Estamos menos tolerantes, mais propensos ao conflito. Aumentou o consumo de antidepressivos e de ansiolíticos. Há mais casos graves a chegar às urgências dos hospitais, incluindo de tentativas de suicídio, algo que poderia ser evitado se antes tivesse havido apoio psicológico, dizem os especialistas. É sobretudo nas crianças e nos jovens que a saúde mental foi mais afetada pela covid-19. E há efeitos que só vamos conseguir ver quando esta geração chegar à idade adulta. Os pediatras estão a identificar, em consultas de rotina, mais casos de sofrimento mental. (2)
“Se definirmos a doença mental como uma perda de controle sobre a mente poucos de nós podem garantir estar livres de algum tipo de mal-estar. A verdadeira saúde mental envolve uma aceitação honesta de que mesmo nas vidas mais competentes e significativas, haverá sempre algum grau de sofrimento ou dificuldades." (Alain de Botton, Viagem terapêutica, D. Quixote, p.19)
Até para a semana.
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(1) Na realidade o tema deste ano destaca a "saúde mental nas emergências humanitárias". No entanto, o Google informou-me que "saúde mental para todos" era o tema para 2025. De facto, este tema podia servir para todos os anos.
Nos dois anos anteriores, os temas foram "A saúde mental é um direito humano universal" (2023) e "É hora de priorizar a saúde mental no local de trabalho" (2024).
Este dia foi celebrado pela primeira vez em 1992, por iniciativa da Federação Mundial para Saúde Mental.
(2) "Cinco anos depois, há muita gente que não se libertou da máscara". Como ficou a saúde mental depois da pandemia? "Pior", Wilson Ledo , 9-3-2025, CNN Portugal; Podemos também ver o "Impacto da COVID-19 na saúde mental", SNS24.
02/10/25
Humildade - Uma força terapêutica
01/10/25
26/09/25
Inclusão inclusiva
A metodologia UDL (Desenho universal de aprendizagem) de David Rose trouxe uma perspectiva global da inclusão nos diversos níveis de intervenção da sociedade: na educação, nos transportes, na arquitectura, nas empresas... (1)
Obviamente, a inclusão nunca está concluída. Apesar dos sucessos que foram conseguidos muito continua por fazer em muitos sectores. Basta ver o que se passa na questão das acessibilidades nos transportes e nos equipamentos colectivos... deparamos com barreias arquitectónicas mesmo em edifícios recentes, ruas recentes, equipamentos acabados de construir...
Mas o pior foi a deriva relativamente a este tema. Passou-se daquilo que era a inclusão para todos, sem preferências por ninguém, para a exclusão brutal de outros considerados privilegiados.
A inclusão passou a instrumento de ideologias totalitárias como a chamada linguagem neutra, inclusiva e não binária.
De forma dissimulada, quase sem darmos por isso, começamos a achar que quando alguém escreve palavras com @ está tudo bem, até é engraçado. Claro que nem sequer conseguimos ler mas isso que importa? (2)
Porém, de forma mais acintosa, em instituições como universidades, passou a haver maneiras politicamente correctas de estar e falar.
Foram criados manuais, normas e leis absurdas.
E a seguir vieram as ameaças e as perseguições àqueles que não fossem por aí.
Os "ofendidinhos" despontaram por todo o lado. Tudo passou a ser inclusivo: arte inclusiva, cultura inclusiva, linguagem inclusiva... Ou seja, a negação da arte e da cultura e da própria linguagem que se torna incompreensiva. (3)
A consequência deste totalitarismo foi, para quem não aceitou esta visão, passar a ser excluído e até perseguido.
O psicólogo J. Peterson fala sobre a natureza corrupta de sigla DEI (Diversidade, Equidade, Inclusão) e dá testemunho de como não só professores universitários mas os seus alunos são prejudicados nas suas carreiras e empregos por pensarem de forma diferente das politicamente correctas e wokistas. (4)
Mas...
Apesar dos maus tratos que a inclusão tem sofrido, é absolutamente necessário voltar à inclusão em que todos os cidadãos devem ser tratados sem preferências ou vitimizações.
É necessário voltar à inclusão sem as amarras da DEI, e sem a absurda linguagem dita inclusiva, neutra ou não binária, para que todos se sintam integrados na escola e na sociedade.
E mais, lutar contra a inclusão que exclui é uma tarefa de qualquer cidadão livre e democrata. (5)
Até para a semana.
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19/08/25
Florescer
Peggy Lee - É só isso ? (Is that all there is?)
Também existe relação com o luto. "Contudo, a melancolia contém algo mais que o luto normal. Na melancolia, a relação com o objeto não é simples; ela é complicada pelo conflito devido a uma ambivalência. Esta ou é constitucional, isto é, um elemento de toda relação amorosa formada por esse ego particular, ou provém precisamente daquelas experiências que envolveram a ameaça da perda do objeto. Por esse motivo, as causas excitantes da melancolia têm uma amplitude muito maior do que as do luto, que é, na maioria das vezes, ocasionado por uma perda real do objeto, por sua morte. Na melancolia, em consequência, travam-se inúmeras lutas isoladas em torno do objeto, nas quais o ódio e o amor se digladiam; um procura separar a libido do objeto, o outro, defender essa posição da libido contra o assédio." ( Freud, Luto e melancolia)
Também, em Psicologia, falamos de alexitimia (palavra de origem grega: a-falta de, sem; lexis-palavra; thymus-emoção ou ânimo), utilizada pela primeira vez por Peter Sifneos, em 1967. A alexitimia é um construto que "designa a falta de palavras para descrever as emoções. Afetivamente conduz a uma grande dificuldade em reconhecer, descrever e discriminar sentimentos e emoções. Cognitivamente, há um estilo de pensamento muito particular, virado para o concreto e para o exterior e relacionalmente, há relações úteis, pragmáticas e superficiais. Existe uma incapacidade em perceber o outro com uma individualidade própria, os seus sentimentos, havendo portanto uma reduzida empatia e compreensão." (S. Pereira, Alexitimia, ITAD)
* As referências são de M. Seligman, A vida que floresce, estrelapolar/Leya, 2011.
