20/11/25

Os idosos e o futuro

 

No meio da confusão geral em que vai o mundo (1) é necessário continuar a procurar o equilíbrio pessoal e familiar. É difícil, no meio dos vendavais naturais e sociais, continuar a manter esse equilíbrio e com isso podermos ter alguma esperança no futuro. 
Somos confrontados na nossa família com a vida diária em situações de doença ou de velhice. Por isso servir e cuidar dos mais frágeis devem ser os grandes objectivos da família, das instituições sociais, de saúde e policiais...

Para a minha geração o cenário não é agradável. Podemos rever-nos e rever a nossa vida nos mais velhos, com todas as suas fragilidades, e pensar o que significa envelhecer bem... Será que vou ter alguém que cuide de mim ? Não devo preocupar-me com isso? Não quero ir para um lar, ok, mas se for, será que, ao menos, consigo uma vaga num lar? E que humanização vou encontrar ? 

Tudo questões de difícil resposta principalmente quando sabemos que a dependência dos idosos se deve sobretudo à demência.
Sabemos as estatísticas da demência: Há 55 milhões de pessoas com demência no mundo. (Margarida Cordo, "Os mais velhos na família e no mundo", Identidade e Família, p.166)
Quando na nossa família há idosos em idades avançadas, começamos a aperceber-nos dos sintomas, dos défices, em varias áreas:
A perda de memória é talvez o mais conhecido: Esquecer compromissos, dificuldade em reter memórias recentes ou repetir o mesmo assunto. 
Dificuldades de raciocínio: Problemas com números, com as finanças ou tratar de assuntos com o banco.
Desorientação: Perder-se em locais familiares, não saber onde é o quarto ou a cozinha ou ter dificuldade em entender onde se está.
Dificuldade com tarefas diárias: Esquecer-se de como realizar ações habituais, como cozinhar ou vestir-se ou tomar a medicação...
Começamos a aperceber-nos destas dificuldades, que por vezes já acontecem connosco, e por aí podemos ver o filme da nossa vida num futuro não muito distante.
Não existe cura para a demência, mas é possível combatê-la com uma combinação de tratamento médico, hábitos de vida saudáveis e intervenções comportamentais: manter-se fisicamente ativo, procurar estímulos cognitivos, participar nas atividades sociais e manter rotinas diárias. 
É aqui que a família desempenha um papel decisivo. A família tem muitos papéis a desempenhar relativamente aos idosos. Espera-se dela apoio na doença mesmo em fases avançadas e irreversíveis.
É também necessário tomar medidas que possam melhorar a vida quando chegamos a velhos.

Sabemos que 70% dos mais de 200 mil portugueses que carecem de cuidados paliativos continuam sem acesso (I. Galriça Neto, "O apoio à família nas situações de doença crónica e avançada", Identidade e Família, p. 174) 
Entretanto, há intervenções que merecem ser elogiadas. Em 2025, foram sinalizados pela GNR mais de 43.000 idosos que vivem sozinhos ou em situação de vulnerabilidade. No distrito de Castelo Branco foram detectados 2.316 idosos que vivem sozinhos.
A GNR está a fazer contacto direto com estas pessoas para as alertar para a necessidade de adotarem comportamentos de segurança, minimizando o risco de se tornarem vítimas de crimes. (Lusa, 18-11-2025Que por incrível que possa parecer, existem com alguma frequência.  (APAV)
Era desejável criar Serviços e Equipas de Apoio Social e Comunitário a partir das autarquias (2)  de forma a que todas as pessoas pudessem sentir menos a solidão e, assim, haver futuro para os idosos.


Até para a semana.

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(1) Como escreve João Távora no "corta-fitas", "tempos de turbulênicia".

Mas seria importante trabalhar em rede envolvendo Serviços do Município, da Segurança Social, da Saúde, da Segurança, etc. para, assim, melhorar o futuro dos idosos ou a vida das pessoas em situação vulnerável.


Rádio Castelo Branco



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