07/01/24

Quero ainda sonhar


Judy Garland, Somewhere Over The Rainbow,  

O Feiticeiro de Oz, 1939 

Por esta altura, lemos histórias aos nossos netos ou revemos alguns clássicos do cinema como O Feiticeiro de Oz (The Wizard of Oz, 1939, dirigido por Victor Fleming, baseado no livro The Wonderful Wizard of Oz, de L. Frank Baum).


Por esta altura, penso como seria bom voltar à infância e, no conforto da família, continuar a sonhar que é possível viver com alguma paz num mundo onde os conflitos se podem resolver sem a destruição de uns e outros.  

Quero continuar a pensar que apesar da bruxa má do leste e da bruxa má do oeste é possível, como no Feiticeiro de Oz, sonhar com o que existe para lá do arco-íris.

Num mundo devastado pela irracionalidade que não dá tréguas mesmo em época de Natal, como queria o espantalho, é possível continuar a desejar ter um cérebro por mais mordaças ou absurdos woke que nos queiram impingir. Como o lenhador de lata, é possível continuar a desejar um coração por mais inteligência artificial (IA) que nos cerque. Como o leão, é possível ser corajoso sem necessitar de mísseis para impor a razão da força aos outros.

 

Mesmo no contexto actual, cenário de medo que nos atrapalha o livre pensamento, é possível ter a coragem e a ousadia de ser pacífico mas não pacifista. É possível acreditar na paz e tudo fazer pela paz, mas a paz dos simples, dos pobres em espírito, dos verdadeiros triunfadores, dos que não querem expansionismos, dos que não querem ser senhores do mundo. É possível ser dos interessados na mensagem de Francisco ou de Bento ou de João Paulo ou de Paulo que começou esta iniciativa de comemorar todos os anos, desde 1968, o dia mundial da Paz.

 

O dia 1 de Janeiro é o dia mundial da Paz. O objectivo deste dia é promover a paz no mundo, garantindo a construção de uma cultura que permita que indivíduos e Estados possam ser defensores da paz entre a humanidade. 

Este ano, para assinalar a data, o Papa Francisco publicou uma mensagem na qual abordou os riscos e perigos da Inteligência Artificial.


"Devemos recordar-nos de que a pesquisa científica e as inovações tecnológicas não estão desencarnadas da realidade nem são «neutrais», mas estão sujeitas às influências culturais. Sendo atividades plenamente humanas, os rumos que tomam refletem opções condicionadas pelos valores pessoais, sociais e culturais de cada época. E o mesmo se diga dos resultados que alcançam: enquanto fruto de abordagens especificamente humanas do mundo envolvente, têm sempre uma dimensão ética, intimamente ligada às decisões de quem projeta a experimentação e orienta a produção para objetivos particulares.”

 

“Por conseguinte a inteligência artificial deve ser entendida como uma galáxia de realidades diversas e não podemos presumir a priori que o seu desenvolvimento traga um contributo benéfico para o futuro da humanidade e para a paz entre os povos. O resultado positivo só será possível se nos demonstrarmos capazes de agir de maneira responsável e respeitar valores humanos fundamentais como «a inclusão, a transparência, a segurança, a equidade, a privacidade e a fiabilidade».(Mensagem do Santo Padre Francisco para a celebração do Dia Mundial da Paz - 1º de Janeiro de 2024 - Inteligência Artificial e Paz)

 

Moral da história: Contra o retrocesso cultural da guerra, do cancelamento e do artificial, continuo a sonhar que há em nós um feiticeiro do bem que quer um mundo maravilhoso de saber e de paz que nos devolve à  casa onde mora quem nos ama. Para isso precisamos de um cérebro para pensar, de um coração para amar e de coragem para agir.

 

 



Rádio Castelo Branco 

 



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